Perderam-se vários meses, por culpa dos partidos, na resolução de vários problemas que as famílias e empresas açorianas enfrentam.
Desta vez houve bom senso na aprovação do Plano e Orçamento para o corrente ano, que já vai tarde (tirando a pobreza franciscana das intervenções dos deputados).
O julgamento pertence a cada cidadão eleitor, mas fica provado que, sendo os documentos praticamente os mesmos que tinham sido chumbados, tratou-se de muita irresponsabilidade.
Agora é preciso recuperar o tempo perdido.
Neste hiato houve muitas consequências económicas que serão difíceis de recuperar, mas há outras que aguardam a urgência deste Orçamento.
Um deles é o pagamento de muitas dívidas em atraso, como ainda esta semana vieram alertar os empresários de construção civil dos Açores, alguns deles com a corda ao pescoço devido ao atraso no cumprimento de facturas há muito reclamadas.
Nenhuma economia funciona com este mecanismo irresponsável dos sucessivos governos dos Açores em avolumar o atraso no pagamento a fornecedores, para esconder ou empurrar para a frente dívidas futuras.
Neste aspecto, é de aplaudir, finalmente, a aprovação de um despacho, por parte do Governo da República, autorizando a transformação de 75 milhões de euros do sector da Saúde em dívida financeira, o que poderá contribuir para aliviar muitos fornecedores, mas não resolve o problema.
É, de facto, uma boa notícia retomar esta opção que já tinha sido seguida em 2021.
Devia haver um plano a dois anos para eliminar toda a dívida em atraso por parte do governo, sendo o mínimo que se pode exigir, se a Região quer mesmo equilibrar as suas contas sem penalizar os fornecedores.
Neste sentido, esta medida, concretizando-se, é um bom sinal.
Fica a faltar liquidar o que resta dos pagamentos em atraso, que não será coisa pouca.
Esperamos que com a situação atual do HDES a situação não volte a agravar-se.
Neste aspecto, é justo reconhecer, também, a atitude do Governo da República em apoiar os prejuízos no HDES em 85%, facilitando assim a recuperação hercúlea que vai ser necessário para pôr a unidade hospitalar a funcionar em pleno.
Ficamos a aguardar o cumprimento da República, porque gato escaldado de água fria tem medo.
Basta recordar, noutros tempos, as promessas de ajuda aos estragos provocados pelo Furacão Lorenzo, à Universidade e a cadeia da bagacina.
Estaremos atentos.
Osvaldo Cabral
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