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Festa do Corpo de Deus, Sentido Teológico e Canónico Universal

Hoje celebra-se o Dia de Corpo de Deus, uma Festa com Valor Católico Fundamental porque vai ao Centro do Centro, a Solenidade do Santíssimo Sacramento, que, em Procissão tão tocante e profunda, percorre ruas de tantas paróquias em Freguesias, Vilas, Cidades e Países. Foi Cristo que, na Última Ceia, Instituiu a Sagrada Eucaristia, onde está, em Presença Plena, Jesus Cristo, em Santíssima Trindade, na Hóstia Consagrada. O Genial Papa Bento XVI deixou-nos uma Obra Colossal, um Oceano, profundo e imenso. De modo deliberado, atento à amnésia das pessoas, de certos setores da Igreja, dos Povos e do mundanismo larvar, Bento XVI quis vincar que Cristo não é uma ficção, mas uma Realidade bem viva, que Se fez Carne, encarnou no Seio da Virgem Maria, de Nossa Senhora, sob o Poder do Divino Espírito Santo, e Se fez Homem. Visando dar a conhecer o Cristo histórico, que “desceu do Céu”, encarnou e viveu entre nós, Bento XVI, com todo o Rigor, de modo Magistral ensinou-nos a fazer Teologia, “Teologia de Joelhos”, entre tantos e tantos livros deixou-nos três explicitamente assim denominados: “Jesus de Nazaré”.(2007), “Jesus de Nazaré” Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição (2011) “Jesus de Nazaré”. A Infância de Jesus. Em bom rigor trata-se de um Livro Uno, em três partes, sendo cada parte um livro, também na sua própria unidade. É Este Cristo que Se fez um de nós e Se deixou ficar, para sempre, na Hóstia Consagrada.
Desde Criança que sei, através da minha e nossa amada Mãe, Leontina Maria Oliveira Medeiros, hoje com 87 anos de Idade, a Origem da Solenidade da Festa do Corpo de Deus. Na nossa Casa escutávamos e ouvíamos a Palavra de Deus ao vivo e os Belos Evangelhos. Entre o fazer, de Marta, e o Contemplar, de Maria, que “escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”, sempre víamos a nossa amada Mãe atenta aos deveres, como Mãe e Esposa, e, ao mesmo Tempo, como Fidelíssima Cristã e Católica, com uma Fé que mantém inabalável, sem vacilar. Sempre vimos a minha e nossa Mãe com o seu Missal, em Latim e em Português, impresso a 28 de julho de 1958, logo no início do Missal, podemos ler um excerto da Encíclica “Mediator Dei”, de S.S. Pio XII. É um Missal Completo em que continuo a apoiar-me, para além da Palavra de Deus, nas várias leituras, o Missal indica os Santos e Santas, assinalados em cada dia. Sempre vivemos na nossa Casa o Sentido da Escola dos Santos. Os Nomes, o seu Sentido Teológico, as suas vidas. Desde cedo nos foi transmito do Sentido dos Nomes, que Mãe e Pai, nos deram no Momento Eterno do Batismo.
Na página 907 do Missal podemos ler “SÃO TOMÁS DE AQUINO”, “Confessor e Doutor da Igreja”. A anteceder a “Oração” e a “Epístola”, podemos ler, escrito em itálico: “Desprezou S. Tomás a opulência da sua casa para entrar na Ordem Mendicante de S. Domingos. Por sua angélica pureza e por sua aguda penetração nos mistérios da teologia católica é chamado Doutor Angélico. É o autor das páginas mais belas e dos hinos mais formosos sobre o Santíssimo Sacramento. Morreu aos 50 anos, em 1274, cheio de méritos, deixando uma obra imortal: a Suma Teológica”.
Sempre ouvia a nossa amada Mãe dizer que a Festa do Corpo de Deus teve Origem na altura em que um Padre ao duvidar que às suas palavras, na Celebração Eucarística, as espécies do pão e do vinho se transubstanciassem no Corpo e Sangue de Cristo, em Presença real. Ficou-me, para sempre, o fundamental e lançada a semente da indagação e que tenho sempre procurado aprofundar, sempre mais e mais. Ora, eis que com Bento XVI, um Papa pelo qual sempre tive especial predileção – não o conhecia, antes, como Cardeal, que foi fidelíssimo Colaborador de S. João Paulo II, em todo o seu Pontificado -, ora, dizia, com Bento XVI continuo a aprofundar sempre mais e mais, sobre o imenso que nos deixou. Destaco, aqui, neste dia o livro “Os Mestres”, no qual Bento XVI nos dá a conhecer muitos Padres Doutores e Escritores ao longo do tempo, em especial do 1º Milénio e da Idade Média. E eis que no referido livro, entres as páginas 209 e 227, Bento XVI se detém a escrever sobre “SÃO TOMÁS DE AQUINO”, refere-se a ele em várias dimensões: “O filósofo”, “O teólogo”, “O educador”. Embora explicite, com autonomia, estas três dimensões, há uma interligação entre elas. Afirma Bento XVI: “Tomás nasceu entre os anos de 1224 e 1225”. Adiante afirma Bento XVI: “estudou profundamente Aristóteles e os seus intérpretes, (…). Assim, não se apoiava mais unicamente nos comentadores árabes, mas podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou uma boa parte das obras aristotélicas (…)”. “Em última análise, Tomás de Aquino mostrou que entre fé cristã e razão subsiste uma harmonia natural”.
Eis afirmações de Bento XVI que são decisivas para a compreensão deste Dia tão excelso na Santa Igreja Católica, Universal, o Dia do Corpo de Deus, a Festa do “Corpus Christi”.
Afirma Bento XVI:
“Depois, de 1261 a 1265, Tomás esteve em Orvieto. O Pontífice Urbano IV, que nutria uma grande estima por ele, comissionou-lhe a composição dos textos litúrgicos para a festa do Corpus Christis, instituída a seguir ao milagre eucarístico de Bolsena. Tomás tinha uma alma requintadamente eucarística. Os lindos hinos que a liturgia da Igreja entoa, para celebrar o mistério da presença real do Corpo e do Sangue do Senhor na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica”. (negritos nossos), in Bento XVI (2011). Os Mestres, p. 212, Lisboa, Editora Paulus).
Como a amizade e a humildade são próprias dos Grandes, daqueles que vivem numa intimidade orante com Deus, Oração que é Coração, Contemplação e Ação. Meditemos sobre as seguintes afirmações de Bento XVI sobre outro Grande Santo, São Tomás de Aquino, que escreveu a Obra Monumental, a “Súmula Teológica” e vejamos a humildade, até mística, de Tomás de Aquino (e de Bento XVI, por quem há muito tenho predileta Devoção). Afirma Bento XVI sobre S. Tomás de Aquino:
“Em Dezembro de 1273 ele chamou o seu amigo e secretário Reginaldo para lhe comunicar a decisão de interromper todos os trabalhos porque, durante a celebração da Missa, tinha compreendido, a seguir a uma revelação sobrenatural, que tudo aquilo que tinha escrito até então era apenas um “um monte de palha” (Idem, Ibidem, p. 213). Que depois de lermos esta expressão do Grande S. Tomás de Aquino nenhum professor tenha o atrevimento de dizer aos seus alunos que o que escreveram é palha. Só um professor insensato e de ignorância atrevida pode dizer que é “palha” aquilo que um aluno escreveu, desde que no seu escrito se note uma atitude sincera de procurar dizer o seu melhor, mesmo que fique aquém. Mas quem pode arbitrar, em matéria de escrita, o que é que fica aquém? Que a ignorância se veja ao espelho.
O Padre em Bolsena não acreditou, quando ia consagrar, faltou-lhe o elemento essencial, a Fé, para Ver o Invisível, na sua substância, que a visão externa não dá. “Deus Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. O Milagre consistiu que à falta de fé do Padre de Bolsena, caiu Sangue da Hóstia, Sangue de Cristo que ficou sobre o pano do Altar e que o Papa da altura, Urbano IV, mandou examinar do ponto de vista científico e teológico. Estávamos face a um Milagre que se seguiu à dúvida doentia. Dúvidas análogas sobre a Pessoa do Próprio Cristo nesta Sociedade atual que “Voltou as costas a Deus” fez com que o Grande Bento XVI não se tivesse poupado a esforços (já em idade avançada) para nos deixar os três livros sobre “Jesus de Nazaré”. No mundo descristianizado ecoa, de novo, as Palavras de Cristo: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Há muitos caminhos de Damasco, por esse mundo fora, que também Bento XVI procurou evidenciar perante nós, colocando em ligação Coração e Razão, seguindo, aliás, as vias de muitos Mestres da Idade Média, Idade de Luz, também em Teologia, como espelha o Livro Os Mestres.
A Fé é que vem em Socorro da Insuficiência dos Sentidos, da perceção externa. Explanando o Pensamento de São Tomás de Aquino, afirma Bento XVI, ele próprio vinculando-se no que explicita: “A fé consolida, integra e ilumina o património de verdade que a razão humana adquire”. (Os Mestres, p. 216).
Em São Tomás está bem presente a “Graça Divina”. De seguida escreve Bento XVI: “Reconhece-se uma aplicação importante desta relação entre a natureza e a Graça na Teologia moral de São Tomás de Aquino, que é de grande atualidade. No centro do seu ensinamento neste campo, ele insere a lei nova, que é a lei do Espírito Santo”. (Os Mestres, p. 218)
Só se faz verdadeira teologia com a iluminação da “oração”, “pela luz que procede do Alto”. Afirma Bento XVI: “São Tomás considera o homem, impelido pela Graça, na sua aspiração a conhecer e amar Deus para ser feliz no tempo e na eternidade.” (in Os Mestres, p.223). Na Teologia, até Eucarística, de São Tomás, a Força é conferida pela “Graça de Deus através das virtudes e das dádivas do Espírito Santo”, nas palavras de Bento XVI (Os Mestres, p. 223). (negrito nosso).
Afirma Bento XVI, em palavras tão eloquentes neste Dia da Festa de Corpo de Deus:
“Prezados irmãos e irmãs, na escola dos santos, apaixonemo-nos por este sacramento! Participemos na Santa Missa com recolhimento, para alcançar os seus frutos espirituais, nutramo-nos do Corpo e do Sangue do Senhor, para sermos incessantemente alimentados pela Graça divina! Permaneçamos de bom grado e frequentemente, tu a tu, em companhia do Santíssimo Sacramento!” (Bento XVI (2011), Os Mestres, p. 224)
Glorifiquemos, Cantemos e Adoremos o Santíssimo Sacramento. Cantemos, com Amor e Fé, “Tantum Ergo Sacramentum”. Partilhemos, com Alegria, “Pange Língua Gloriosi”. Que a nossa Língua seja pura e plena Obediência ao “Esplendor da Luz” do Santíssimo Sacramento, dessa Verdade e Realidade, que promana de Deus.
Celebremos a Instituição da Eucaristia por Cristo, na Última Ceia. Na Hóstia Consagrada está o Santíssimo Sacramento, o Corpo de Deus. Diz Cristo: “Eu Sou o Pão Vivo, descido do Céu”.
Que este seja um Dia de Esplendor, em Alegria e Celebração, na Unidade do Espírito Santo.

Emanuel Oliveira Medeiros
Professor Universitário*

*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia da Educação

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