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Algumas considerações sobre a pobreza

“Consideram-se pessoas pobres aqueles indivíduos, famílias ou grupos de pessoas cujos recursos (matérias, culturais ou sociais) por serem tão escassos os excluem do modo de vida minimamente aceitáveis no Estado-Membro em que vivem”. Conselho de ministros da Comunidade Europeia

A satisfação de necessidades básicas dos seres humanos não pode ser posta em causa para que alguns, mesmo que sejam muitos, possam dar resposta a alguns dos seus desejos, por muito discutíveis que sejam e que ao deixarem medra-los sem o devido controlo, se transformaram, por vezes, em verdadeiras carências. A doutrina social da igreja é bem clara nesta matéria: “Os bens da terra destinam-se originariamente a todos os homens e mulheres”. E se as pessoas por iniciativa própria não forem capazes de entender que ter acesso a um bocado de pão para matar a fome ou um abrigo minimamente aceitável para se defenderem do frio, está primeiro do que satisfazer a espiral crescente dos seus desejos, então o estado através do poder que detém deverá fazer dele uso, com coragem e sem subterfúgios para aplicar os correctivos necessários e indispensáveis para pôr cobro a tantas injustiças que impunemente continuam a ser cometidas.
Lutar por uma sociedade em que o sol quando nasce seja para todos, evitando assim que alguns sejam condenados a viver sempre na escuridão é um dever que se impõem a todos aqueles, e deveriam ser muitos que cruzando-se com os outros homens e mulheres vejam neles pessoas detentoras da dignidade inerente a todo o ser humano e que urge defender.
A pobreza não é uma realidade nova. O que é novo é o brutal contraste existente nas sociedades ditas desenvolvidas entre as possibilidades e existência de facto do bem-estar de muitos e as situações de carência de recursos para viver com o mínimo de dignidade de uma parte importante de muita da nossa gente. Na sociedade em que vivemos existem recursos mais que suficientes para fazer descer significativamente o número de pobres.
Dada a dificuldade em mexer, a curto prazo, nos rendimentos que haja pelo menos o bom sendo de na atribuição de benefícios públicos esses se destinem aos mais pobres, creche “gratuitas” para todos, por exemplo quando há muitos que sem qualquer dificuldade poderiam pagar a cota parte que lhes deveria ser cobrada, revertendo a mesma para acudir às várias necessidades das crianças mais pobres. É pelo menos uma falta de bom senso. A sociedade em que vivemos é estruturalmente injusta. A justiça distributiva e social está institucionalmente implantada. Há pois que denuncia-la para que aqueles que tanto têm em riqueza e poder se sintam na obrigação de consciente e voluntariamente abdicar de alguma coisa que dizem ser seu.
Há já alguns anos quando se fizeram os aumentos da remuneração compensatória o rendimento social de inserção não sofreu qualquer alteração. Mas os que recebiam 3050 euros mensais também tiveram um pequenino aumento! As pensões acima dos 2430 euros foram aumentadas em 100 euros. As de 1050 euros beneficiaram de 15.75 euros e as abaixo de 1025 de 4.50 euros.
Os nossos governantes devem ter ficado com a cabeça a arder pelo esforço que tiveram de fazer para que a atribuição de dinheiros públicos fosse feita com alguma justiça. E diziam sem qualquer pejo e um à vontade impressionante que o problema da pobreza era uma das suas grandes preocupações.
Vivemos numa sociedade dos três terços. Um terço vive maravilhosamente bem, outro terço vive bem ou medianamente bem, o terceiro terço vive imerso na pobreza e na marginalização, não tem meios capazes para uma subsistência digna e são destituídos de qualquer poder. Os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres.

Weber Machado Pereira

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