A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo disse ontem que “foi sem qualquer surpresa, mas com continuada preocupação, que acompanhou o recente episódio que se passou com o fretamento de um navio, por parte de um empresário da Terceira, que pretendia colocar nos Açores aproximadamente 500 viaturas que se encontram no continente português para embarque. A sua resolução, de forma atabalhoada e pouco clara, apenas veio confirmar todas as nossas preocupações. Esta situação, nada mais é do que a demonstração prática da total falência do actual sistema de transportes marítimos, para o qual esta Câmara do Comércio desde há muito tem vindo a alertar e que tem prejudicado fortemente a ilha Terceira, mais do que qualquer outra ilha dos Açores”.
A organização de empresários terceirenses, presidida por Marcos Couto, afirma que “perante uma situação absolutamente intolerável, a opção do Governo dos Açores foi fazer um estudo. Considerando a incapacidade de decidir sobre esse estudo, a opção foi nomear uma comissão especializada para, imagine-se, apresentar conclusões das conclusões, na expectativa que esta comissão técnica assuma a responsabilidade que não tem de assumir, ou seja, a responsabilidade política. Continuamos, assim, na mão dos poderes e dos lobby’s do costume, renegados ao atraso civilizacional e económico que nos levou para a cauda da europa, com particular incidência para a ilha Terceira”.
A Câmara do Comércio denuncia que “a OPERTERCEIRA a funcionar de forma pouco clara, sem contemplar os 3 armadores, e com uma postura que prejudica fortemente o porto da Praia e a economia da Terceira e dos Açores, ao ponto de, por culpa desta, já termos perdido as ligações diretas com o Continente português. Uma situação que tem de ser denunciada e que a tutela continua a ignorar, demonstrando incapacidade na atenção e cuidado que deve ter na resolução dum assunto com a gravidade como este, que tem diretamente implicações no tecido empresarial e consequentemente económico da nossa Região”.
-E acrescenta: “A OPERPDL a receber, indiscriminadamente, 400 mil euros anuais, sendo a única dos Açores em que tal acontece, com todos os benefícios e descriminações que contempla. A Portos dos Açores, por indicações explicitas da tutela, a tratar claramente de forma prejudicial o porto da Praia, bem como as ilhas que dele poderiam beneficiar, cobrando taxas mais altas neste porto, privilegiando escandalosamente o porto de Ponta Delgada”.
“Não podemos aceitar que continuem a existir ilhas de primeira e de segunda, nem ilhas que estão condenadas ao subdesenvolvimento. Apenas queremos as mesmas oportunidades e tratamento com a equidade que se impõe.
Assim, esperamos que, com a nomeação do novo Director Regional dos Transportes e com a nova Administração da Portos dos Açores, todas estas situações de clara injustiça e absolutamente injustificáveis estejam resolvidas até ao final do mês de Setembro do corrente ano.
Tudo isto se passa perante uma tutela centralista, altamente permissiva aos poderes instalados e que impede o normal crescimento dos Açores e da Terceira em particular.”, conclui a organização dos empresários da Terceira.