Estamos em vésperas de mais uma greve na Atlânticoline. Que impacto é que vai ter nas empresas e na economia do Pico?
O impacto é inimaginável. A curto prazo a paralisação empresarial será efetiva inter-ilhas, e as consequentes trocas comerciais, que ficam suspensas.
A médio prazo, penso que será pior; um turista ou um operador turístico, que viva esta realidade, não terá nada abonatório a transmitir. Entendo que se hipoteca um destino frágil, que se encontra em crescimento e à procura de consolidação.
Não é estranho que se chegue até este ponto sem que se veja qualquer reacção de entidades públicas, nomeadamente os partidos, os deputados e os governantes que deviam estar a fazer tudo para travar esta greve?
Entendo a pergunta, prefiro não me alongar na resposta.
Não quero fazer juízos de valor, quero acreditar que se está a trabalhar nos bastidores.
Seria imperdoável, inqualificável até, se alguém menosprezasse esta greve, nesta altura.
Aliás, o destino é “vendido” pela qualidade do que fazemos e oferecemos.
A mobilidade ou a gestão da mobilidade ultrapassa-nos, qualquer reflexo negativo será responsabilidade de quem tem responsabilidades, e não é viável correr riscos que não se controlam.
As pessoas não compreendem como é que, pouco a pouco, surge uma greve na Atlânticoline. O que é que está a falhar? Quem está a fazer braço de ferro, os trabalhadores ou a tutela?
O problema global dos trabalhadores não é um assunto que domine e, opinar sem total conhecimento, não é correto.
Não tenho é dúvidas de que o sindicato não facilita, é um sindicato nacional muito habituado a negociar com grandes empresas, não creio que estejam sensíveis ao Pico nem à nossa economia.
Posto isto, os ‘players’ têm de se equivaler na qualidade da abordagem à resolução do problema.
Se for a empresa por si só, sem intervenção do governo, ninguém acredita que se chegue a bom porto.
Grave seria se, ao dia de hoje, algum responsável governamental acreditasse que o Sindicato não está confiante e decidido; eu não tenho qualquer dúvida que está e que isto não termina sem intervenção superior.
Não tenho qualquer relação com o sindicato, nem com a Atlânticoline. A única entidade com quem tenho relação, como cidadão açoriano, é com o governo; é, portanto, com o governo que conto para nos ajudar a recuperar a confiança e a afastar os receios nestes momentos difíceis.
A greve é escolhida numa altura em que se realizam festas importantes nas ilhas do Triângulo. Receia que sejam prejudicadas com este problema?
Não receio, tenho a certeza que se se efectivar a greve, será nesse âmbito muito mau, embora o problema já seja muito superior às festas.
São pessoas que não se podem deslocar para apanhar avião, que não conseguem chegar ao alojamento, viaturas que ficam presas, isto tudo aliado às necessidades da população residente, essencialmente a ligação ao hospital.
É o nosso hospital de referência e o que está mais perto.
O problema dos transportes no Triângulo parece ter barbas. Noutra área, como analisa o atraso na apresentação do estudo prévio sobre a ampliação da pista do Pico, prometido pelo governo até ao final do semestre, que já passou?
O atraso na apresentação é o atraso na solução e na resolução de um grave problema.
Paralelamente a isso, qual seja a decisão, não podemos viver indefinidamente com as incertezas na qualidade do serviço.
Vou dizer isto até ao fim, é preciso resolver o problema da operacionalidade imediata, independentemente do governo manter ou não a promessa.
Não temos aeronaves que garantam essa operacionalidade, vivemos em completa incerteza.
Sejam as avarias, sejam as limitações de peso, isto não termina com o estudo. Não é racional e é um facto.