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O dia em que Portugal despertou para uma nova era de transplante de órgãos (1969 – 20 Julho – 2024)

Completam-se hoje 55 anos que, enquanto Coimbra dormia, o Professor Doutor Alexandre José Linhares Furtado realizava, com êxito, o primeiro transplante de órgãos vitais em Portugal, lançando bases de uma nova era na medicina portuguesa.
Para celebrar esse acontecimento os CTT lançaram, em edição especial, um postal reproduzindo um tríptico, em pintura da autoria do Mestre – cirurgião, descrevendo não só a intervenção, como também duas fases da vida da paciente, alguns anos depois…
Esse acontecimento, apesar de se ter realizado há mais de meio século, permanece na memória da sua Universidade, do mundo científico e na História da Medicina Portuguesa, com um nome entre os maiores.
Agora, a Associação da Orquestra Clássica do Centro – que tem o Prof. Linhares Furtado como presidente da sua Assembleia Geral – decidiu homenageá-lo, realizando um concerto que decorrerá no Parque Verde, em Coimbra, sob a direcção do Maestro Henrique Constância.
Aliás, aquela mesma Associação decidiu prolongar, por um ano, outras iniciativas integradas na mesma efeméride, «em reconhecimento da sua obra notável e única e que colocou a cidade e o país no centro das atenções a nível mundial».
Linhares Furtado – o médico açoriano que resgatou vidas através do transplante de órgãos – recebeu de há um ano, quando completou 90 anos – outras homenagens de significado apreço ao apresentar em Coimbra, Ponta Delgada e na Casa dos Açores do Norte e de Lisboa o seu livro «Memórias e Reflexões do Cirurgião… do Cidadão».
O que aconteceu no Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada na tarde de 16 de Dezembro de 2023, teve foros de consagração, talvez a primeira pública – para além do seu doutoramento «Honoris-causa» – que os seus conterrâneos, (inclusive os da sua terra, a Fajã de Baixo) prestaram nestes 50 anos de triunfos na cirurgia dos transplantes.
Como os meios de comunicação social largamente difundiram, a Professora Doutora Maria Leonor Pavão, catedrática da Universidade dos Açores foi a apresentadora do Livro, em feliz e emocionante dissertação de «uma» Mestra para «outro» Mestre, «… Linhares Furtado, na sua percepção da beleza e no respeito pela vida como valor supremo, reflectindo este na necessidade, que soube tornar imperiosa e urgente de entender os seus mecanismos mais íntimos e acudir nas suas imperfeições, na compaixão pelo seu próximo mais próximo, o doente, fragilizado pelo sofrimento e pela angústia, tantas vezes em desesperança, que lutou pata resgatar»;
Ou «o seu interesse e dedicação às artes, sobretudo depois de jubilado -particularmente o desenho, a pintura (é da sua autoria o quadro – Alegoria à Transplantação – que serve de capa ao livro) e a música erudita, cujo gosto cultivou na família e no convívio com amigos melómanos, sendo particularmente relevante o seu apoio e envolvimento activo na Associação da Orquestra Clássica do Centro».
É esse o Homem… o Cidadão… o Amigo, que vai ser homenageado hoje em Coimbra, desta vez «pelo relevante apoio e envolvimento na Associação da Orquestra do Centro»;
Os amigos e colegas no Liceu e na Universidade que por aqui ainda andam – e que tiveram o gosto de o acompanhar na apresentação do livro em Ponta Delgada – só podem congratular e acompanhar, em espírito, essa homenagem que, de novo Coimbra presta, pois, a idade e os achaques a isso aconselham…
…mas, como a história «não reza dos fracos» … cá te esperamos em Agosto, para te abraçar!

Fajã de Baixo, 20 de julho 2024

Rubens Pavão

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