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Câmara do Comércio da Terceira quer saber quanto custa a amarração do cabo da Google em S. Miguel

A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) questionou ontem se o Governo Regional dos Açores comparticipou a amarração do cabo submarino da Google na ilha de São Miguel e em que montante.
“Pelo histórico é claro que não foi a Google que escolheu os Açores, mas sim os Açores que procuraram a Google, o que é perfeitamente legítimo. A questão é saber quanto é que isto custou à região, quem pagou e quais as implicações no cabo CAM [Continente-Açores-Madeira] que, pelo que é público, ainda não tem financiamento garantido”, afirmou a direção da CCAH, em comunicado de imprensa.
O cabo submarino da Google, designado por “Nuvem”, que vai ligar os Estados Unidos da América a Portugal, com amarração nas Bermudas e nos Açores, foi apresentado na passada sexta-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
A empresa pretende ter o sistema operacional em 2026 e estima que tenha um impacto de 500 milhões de euros na economia nacional.
A associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa manifestou “satisfação” com o anúncio do investimento, que “alavancará a economia da ilha de São Miguel”, mas pediu mais transparência no processo.
“A CCAH não pode deixar de lamentar a falta de informação e transparência que continua a assolar a política regional. O povo dos Açores votou na mudança, mas não é isso que temos vindo a assistir. O cabo Google é apenas mais um exemplo da continuidade de políticas e mentalidades com a pressão lobista e de desintegração”, apontou.
Os dirigentes da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo alegam que um cabo como o “Nuvem” custa, a preços de mercado, “de 60 a 100 milhões de euros” e que “foi assumido pelo Governo das Bermudas que existiu um custo financeiro associado à amarração” no país, por isso, estranham que o mesmo não tenha acontecido nos Açores.
“Tendo a consciência de que no mundo dos negócios não existem situações de favorecimento sem qualquer tipo de contrapartidas, e considerando o facto de o projeto inicial do cabo ‘Nuvem’ nunca ter contemplado os Açores, o que se questiona é quem pagou, numa região com conhecidas grandes dificuldades financeiras, a amarração do cabo e quanto custou?”, perguntaram.
Os empresários querem saber como é que o cabo de uma empresa privada teve “prioridade sobre o cabo CAM, que serve todas as ilhas dos Açores e cujo financiamento ainda não está garantido”, questionando sobre quando avançará a “anunciada substituição” do cabo que liga continente, Açores e Madeira.
Pedem ainda explicações sobre se o alegado apoio à Google foi assegurado “exclusivamente pelo Governo da República” e que impacto terá na instalação do cabo CAM e no apoio do Estado “à difícil situação que as finanças da região atravessam, com graves atrasos nos pagamentos aos empresários”.
A associação empresarial salientou, por outro lado, que, em 2015, a Google esteve interessada em instalar um cabo semelhante, mas amarrando-o à ilha Terceira, projeto que acabou por não avançar.
“Na altura foi solicitado pela companhia um apoio/investimento, ao Governo dos Açores de 40 milhões de euros. A resposta dada pelo executivo de então foi de que ou o cabo era amarado em São Miguel, o que não interessou à companhia, ou não havia amarração do mesmo. Resultado: o cabo não passou pelos Açores”, denunciou.
A CCAH pergunta, por isso, qual “a razão para a alteração, em nove anos, do local de amarração do cabo” e “quem negociou com a Google e a mando de quem”.

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