O coordenador do PCP Açores, Marco Varela, deslocou-se à ilha das Flores e, depois de reunir com várias entidades e população, “foi mais uma vez evidenciado o avolumar das dificuldades sentidas pelos trabalhadores e pela população em geral, devido em primeiro lugar aos baixos salários e pensões e ao aumento do custo de vida, nomeadamente dos bens essenciais”.
“Tal situação é agravada pelo encerramento de estruturas, por parte do Governo Regional e não só, que origina a falta de resposta na área dos transportes aéreos, nos transportes marítimos de mercadorias, na habitação, nos CTT, e mesmo nos serviços públicos da administração pública regional e central”, acusa a CDU.
Para esta coligação, “a política de transportes é claramente uma lacuna: por falta de estratégia e inércia, os transportes aéreos, apesar de algum reforço, continuam a deixar para trás muitos florentinos que precisam de se deslocar, por motivos profissionais, de saúde ou outros. São diversas as situações de florentinos que, tendo uma consulta de especialidade marcada num determinado dia, ficam retidos mais 2 e 3 dias fora da sua ilha porque não tem lugar no avião de regresso. O encerramento da loja da Sata só irá acrescentar problemas aos problemas existentes, deixando de existir um interlocutor direto seja para comprar viagens seja para alterá-las, não só nos casos dos particulares, mas também de diversas instituições como a Unidade de Saúde e outras”.
Relativamente à Unidade de Saúde da ilha das Flores, segundo a CDU, “é preciso investir em viaturas novas que permitam a deslocação de enfermeiros e médicos no âmbito do apoio domiciliário. O parque automóvel está velho e apresenta diversos problemas: a solução não pode ser andar-se a solicitar a outros serviços da Administração Pública Regional o empréstimo das viaturas necessárias para esta importante prestação de cuidados à população. Ainda em relação à Saúde, foi relatada a dificuldade de vários doentes oncológicos que, por vezes, têm que ficar deslocados da sua ilha de residência durante um mês ou mais, confrontados em muitos casos com a inexistência de residências ou, sobretudo nos meses de verão, a quase impossibilidade de arranjar sítio para ficar, devido aos custos impraticáveis dos alojamentos, a que juntam ainda os custo da alimentação e da deslocação diária para tratamentos”. Quanto ao transporte marítimo de mercadorias, “os anos passam e os problemas mantêm-se: continua a verificar-se a chegada tardia do navio de cargas que abastece a ilha, que, em vez de chegar à quinta-feira, como estaria programado, até pode chegar ao fim da tarde da sexta-feira ou mesmo no sábado, com as consequências que isso traz para os micro, pequenos e médios empresários, que ficam limitados no escoamento dos produtos, e são confrontados com quebras nos hortícolas e frutícolas muitas vezes de cerca de 20% – 30%. Nos meses de verão, nem a desculpa do tempo pode ser apontada”. “O que está a acontecer nas Flores, e na Região em geral, é bem o rosto das ruinosas gestões privadas que se sucederam à frente de tantos serviços e setores. Receber uma mercadoria ou uma simples carta, nas Flores, é um penar, tendo existindo situações de pessoas que esperam 3 semanas por uma carta enviada de uma outra ilha da Região.E as coisas são não estão piores porque existe uma enorme dedicação dos trabalhadores desta empresa”, relata a CDU. Em relação ao Tribunal das Flores, “a falta de funcionários é enorme: neste período o Tribunal está a funcionar apenas com um oficial de justiça, sendo esta situação incompreensível. É necessário o reforço urgente de funcionários e oficiais de justiça”. “Todas as situações relatadas acima retratam o abandono em que o Governo Regional PDS; CDS-PP e PPM deixou as Flores e os florentinos.É preciso dizer basta a tanta inércia, a tanta falta de interesse e planeamento.É preciso dar resposta às justa reivindicações dos florentinos”, conclui a CDU.