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Turismo – A bala de prata

Passado o ano de ouro de 2019 e o período negro da pandemia, o turismo parece ter voltado, em alta. O “querido” mês de agosto aí está de volta, a abarrotar de turistas de toda a espécie, com tudo a rebentar pelas costuras.
Sendo, talvez, a altura mais oportuna para voltarmos ao velho tema do turismo que pretendemos ter, pois tudo indica que a tendência, nos próximos tempos, será de crescimento. A redução da inflação e a retoma da economia europeia para aí apontam. Com os Estados Unidos e um dólar forte, a tomarem a dianteira como o mercado emissor mais importante para a Região.
Muita tinta tem corrido sobre este tema e muitas palavras/conceitos se tem tornado lugares-comuns. Falamos de sustentabilidade, qualidade, natureza e por aí fora. De tanto usados, a torto e a direito, passaram a ter o estatuto de chavões que, pouco ou nada, acrescentam.
A verdade, nua e crua, é que continuamos numa de salve-se quem puder e vale tudo menos tirar olhos.
Tendo chegado a altura de decidirmos se estamos perante mais um ciclo económico, quase monopolista, de pés de barro ou se já entramos, objectivamente, num excesso de turistas que, a curto prazo, terá impactos muito negativos para a nossa população.
Esses impactos são bem conhecidos e vão desde a pressão sobre o preço dos alojamentos à sobrecarga dos serviços públicos e ao impacto ambiental, especialmente em microcosmos como as nossas ilha. Os locais ainda aceitam bem os turistas, mas caminham, rapidamente, para um descontentamento crescente, face a uma intensidade turística que, claramente e em muito sítios, já se está a tornar-se excessiva.
Chegou o tempo de definir a nossa bala de prata para o turismo e de haver a coragem política para a pôr em prática.
Bala de prata que passa por decidir se o turismo é nosso grande futuro ou apenas um sector económico com importância, mas que deve ser contido de modo a não canibalizar os restantes sectores. A grande vulnerabilidade do turismo é conhecida tendo a pandemia sido um “excelente” exemplo, para quem tivesse dúvidas.
Tempos houve, e talvez haja para muitos, que se pensava que o turismo é a nossa galinha de ovos e ouro. Mas não é. Sendo, contudo, uma actividade que pode e deve ter um papel importante numa estratégia de desenvolvimento económico, sendo, como é, uma actividade de exportação.
A nossa bala de prata passa por calcular, da forma o mais objectiva e científica possível, a carga de turistas que os Açores podem suportar sem impactos devastadores na diversificação da restante economia e, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas. Decidindo, simultaneamente e em definitivo, qual é o nosso produto turístico que gera, efectivamente, mais valor acrescentado.
E, a partir daí, é preciso ter a coragem política para tomar as medidas que impeçam que essa carga seja ultrapassada, criando regras e limites que ponham a salvo a nossa magnifica e única região. Não tendo de ir tao longe como Butão, mas ficando bem longe dos algarves deste mundo.
Todo o político gosta de mostrar números gulosos de crescimento, mas é bom não esquecer que a gula é um pecado mortal que leva, inevitavelmente, a muito maus caminhos. O exemplos são mais do que muitos e só não vê quem não quer.

Antonio Simas Santos

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