O vice-presidente do Governo Regional dos Açores reuniu-se ontem com o ministro das Infraestruturas para reivindicar a substituição dos cabos submarinos interilhas, com custos assegurados pelo Governo da República.
“Vou reivindicar que a República assuma o seu dever e pague o anel interilhas. A segurança, a cibersegurança, as comunicações, a continuidade territorial são um dever da República. É isso que eu vou transmitir muito claramente ao senhor ministro”, adiantou o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima, aos jornalistas à margem de um encontro de Instituições Particulares de Solidariedade Social, na Praia da Vitória, na ilha Terceira.
Artur Lima reuniu-se ontem à tarde, em Lisboa, com o ministro as Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
Já em maio, o vice-presidente do executivo açoriano tinha enviado uma carta ao ministro a solicitar a “criação urgente” de um grupo de trabalho para analisar “a solução técnica mais adequada” para a substituição dos cabos submarinos interilhas.
O grupo acabou por ser criado em agosto e deverá concluir os seus trabalhos até 31 de outubro.
“Foi em maio que nós fizemos um conjunto de questões que vamos abordar com o senhor ministro: o início da obra, porque se começa a esgotar o tempo, a vida útil do anel interilhas e o seu financiamento”, lembrou Artur Lima.
“Não pode ser o Governo Regional, obviamente, que não tem meios para isso. Entendemos nós que deverá ser o Governo da República, naturalmente com fundos europeus, porque também é importante para a Europa terem os Açores em conectividade total”, acrescentou.
O vice-presidente do executivo açoriano alertou para a importância dos cabos na cibersegurança e lembrou que os Açores tiveram recentemente “vários casos de ataques informáticos”, por exemplo, na Eletricidade dos Açores (EDA) e no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
Num despacho, publicado a 13 de agosto, o Governo da República justificou a criação do grupo de trabalho tendo em conta que “as comunicações eletrónicas entre sete das nove ilhas dos Açores são atualmente asseguradas por um sistema de cabos submarinos, o denominado anel interilhas, formado por ligações que entraram ao serviço em 1998”, sendo que as ilhas das Flores e Corvo são servidas por um cabo submarino mais recente que entrou ao serviço em 2014.
Além disso, “este sistema, na sua componente submarina e equipamentos associados, já atingiu a sua vida técnica máxima (25 anos), não sendo previsível, porquanto ineficiente, realizar investimentos adicionais na atualização desta infraestrutura e que importa prevenir a sua obsolescência e inerente risco acrescido de falha intempestiva, ultrapassado que está o seu período de vida útil”. Na altura, o vice-presidente do executivo açoriano congratulou-se com a criação do grupo e com o prazo para a conclusão dos trabalhos. O Governo Regional e a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) já tinham alertado para a necessidade de substituição dos cabos submarinos interilhas.