Ser professor não é apenas uma profissão; é um chamamento sagrado, uma missão divina que exige sacrifícios nobres e, claro, uma carteira sempre aberta e generosa. Afinal, quem mais tem a honra única de financiar o próprio local de trabalho? Ser professor é ser um verdadeiro “mecenas do sistema educativo”, um patrono das artes de ensinar, constantemente a investir em velcro, folhas plastificadas e, por que não, novas cortinas para a sala de aula, porque, claramente, uma boa educação exige um ambiente agradável, sem o sol a bater nos olhos dos alunos.
E o sistema educativo, esta magnífica obra-prima de humildade, inspira os professores a transcenderem as suas funções. Afinal, ensinar é muito mais do que transmitir conhecimento; é uma verdadeira odisseia de bricolage. Por que se contentar apenas com as lições quando se pode pintar paredes, lixar móveis e consertar maçanetas? Se sobrar algum tempo, até pendurar quadros entra na agenda, porque quem não gostaria de fazer parte deste maravilhoso circo de múltiplas funções?
E quanto à ajuda nas horas de almoço? É um verdadeiro privilégio poder alimentar os alunos por falta de auxiliares, atuando também como enfermeiro quando elas se magoam. Não há nada mais gratificante do que passar horas preciosas a tratar de feridas, a ajudar a amarrar os sapatos, a limpar narizes e a ensinar a arte de pegar no lápis.
Claro, a burocracia e a papelada são apenas uma pequena parte do charme deste trabalho maravilhoso. Os professores deleitam-se com a avalanche de documentos e tarefas administrativas, o que, claramente, só acrescenta ao esplendor da profissão. Afinal, quem não gosta de um pouco mais de trabalho extra?
E o toque comovente do sistema que permite aos professores contribuir financeiramente para a compra de resmas de papel e cartuchos de tinta é o auge da generosidade. Nada como passar horas a imprimir material em casa, garantindo que as aulas sejam não apenas informativas, mas também esteticamente agradáveis. É quase uma bênção poder pagar para trabalhar, uma verdadeira demonstração de devoção ao ensino!
A confiança que o sistema deposita nos professores, ao permitir que eles assumam estas “pequenas responsabilidades” financeiras e operacionais, é uma prova indiscutível de generosidade. É claro que todos devem ter o privilégio de servir no sagrado altar da educação, mantendo a chama acesa com muito esforço e amor incondicional.
Tenho dito!
Rita Simas Bonança *
*Doutorada em Educação
Universidade Iberoamericana