Quando se fala de Israel, a palavra invasão parece ter desaparecido do vocabulário jornalístico, mas o certo é que, juntamente com a da Palestina, iniciada em março de 2023, e que prossegue, Israel invadiu agora o Líbano, com a aprovação e mesmo com o amparo militar e armamentista direto dos EUA.
Os terroristas mataram mil israelitas em 7 de outubro de 2023 e fizeram cerca de 200 reféns, e os “democratas” sionistas de Israel, em resposta, invadiram (mais uma vez) a Faixa de Gaza e, durante um ano, além de prisões aos milhares, até agora mataram 42 mil palestinianos (sobretudo mulheres e crianças), jornalistas, médicos, enfermeiros, pessoal da ONU, etc. Por causa dos rockets artesanais de resposta dos terroristas do Hamas, que provocaram muito poucos danos e vítimas, os “democratas sionistas” de Israel prosseguem a invasão da Palestina obrigando a esmagadora maioria da população de Gaza (mais de um milhão e quinhentos mil palestinianos) a viver deslocados, em transumância forçada, acossados pelas bombas constantes (ao ritmo de mais de 100 mortos por dia), com fome, sem luz, sem água, sem casas, hospitais ou escolas, naquele que é o seu próprio país. Uma invasão militar sanguinária e genocida que goza do auxílio poderoso da indústria de guerra cristã e ocidental.
Na Cisjordânia (Palestina oriental), onde os terroristas do Hamas não governam, esses “democratas” também invadem, raptam crianças e colonizam pela força o território, matando nos últimos meses mais de 650 mulheres e crianças. Agora no Líbano, para “prevenir” mais mísseis e rockets dos terroristas do Hezbollah que não consta que tenham feito sequer uma mão cheia de vítimas, uma outra catrefa civilizada de bombas com selo ocidental e cristão já provocou mais de mil mortos, a esmagadora maioria (novamente) civis inocentes, bombardeou também aqui campos de refugiados palestinianos e provocou mais de um milhão de deslocados em poucos dias.
O líder terrorista do Hezbollah foi assassinado. Biden considerou imediatamente este crime de guerra como um descanso para as democracias ocidentais, mas nas palavras dos próprios funcionários israelitas, Nasrallah morreu porque recusou um acordo com Israel em que deixava a Palestina e os palestinianos ao abandono. De facto, este terrorista morreu porque se recusou a ceder naquilo que todas as resoluções da ONU e a imensa maioria da comunidade internacional têm exigido incessantemente. A verdadeira razão da sua morte e da ofensiva sionista no Líbano não é porque “o Hezbollah é terrorista e é mau”, mas para que Israel prossiga sem entraves a sua apropriação de terras e a sua limpeza étnica na Palestina, que o Hezbollah e outros movimentos aliados da Palestina, como os Houtis do Iémen, se recusam a aceitar.
Nos países ocidentais fornecedores da matéria-prima e das armas com que os “democratas” sionistas prosseguem a sua marcha civilizacional contra o terrorismo no Médio Oriente e onde, ao invés, os povos se manifestam na rua todos os dias em defesa da Palestina, é patente e vergonhosa a apatia com que a chamada comunidade internacional vem assistindo ao genocídio do povo palestiniano por parte do Estado de Israel. Dos seus tímidos e inconsequentes apelos ao cessar-fogo, tanto dos EUA, do Reino Unido, da União Europeia, como de vários governos europeus (incluindo o português), ressalta uma profunda hipocrisia que contrasta com a realidade do seu apoio, desde o início, à política de Israel, e da sua cobertura aos crimes de guerra e contra a humanidade dos sionistas, desrespeitando deliberada e impunemente o direito internacional. Uma política que todos os altos guardiões das nossas democracias persistem em não reconhecer, sem outro nome possível senão: TERRORISMO DE ESTADO!
Entretanto, tal como por esse mundo fora, nos próximos dias (até dia 12) mais uma vez a solidariedade popular com a Palestina, o seu Povo e o seu direito à Independência, irá descer às ruas em muitas cidades portuguesas.
Mário Abrantes