Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos deram estes últimos dias um ótimo enredo para os humoristas terceirenses escreverem uma dança para o próximo Carnaval. O tema não é o Orçamento de Estado para 2025. Isso faz parte da metamorfose partidária para vender ao público. O verdadeiro assunto, chama-se Poder.
O Partido Socialista não vive bem na oposição.
Em Portugal principalmente, cuja democracia foi parida pelos esquerdistas, constitucionalizada popularmente, instituída sob a batuta ideológica sindicalista, a bipolarização tem sido de matriz socializante.
O Poder a que o PS se habituou, é um Poder já profissionalizado para ele. Governou muitos anos ao longo deste meio século democrático em Portugal. Claro que isto não se aplica à Madeira.
Assim sendo, o Partido Socialista de Pedro Nuno Santos, não pode ver com bons olhos e muito menos concordar cegamente com a proposta de orçamento apresentada por Montenegro e seus consórcios de direita. O choque ideológico é inevitável. Aqui, os interesses do país nada contam – embora se fartem de afirmar o contrário diante dos microfones. Em causa está o Poder. Porque quem tem o Poder – de governar – exerce enorme influência nas sociedades.
Além disso, quem tem o Poder, tem à sua volta toda uma panóplia de benesses e regalias pagas pelo erário público, que lhe tornam a vida facilitada de sobremaneira diferente do cidadão comum.
Os partidos políticos que em Portugal mais tem governado o país, são precisamente os que menos se entendem: O PS e o PSD.
Mas desta vez, Pedro Nuno Santos está numa encruzilhada difícil. Tem de saber escolher qual o caminho a tomar pelo seu PS. A sua visão é mais ideológica do que política. Isto torna a decisão ainda mais complexa.
O erro fatal, será mesmo ir para eleições. O Partido Socialista arrisca uma pesada derrota, diante de um eleitor cansado destas querelas miudinhas. Estas pevides da melancia. E então, o líder do PS pode ver a sua carreira terminada. Mas ele não precisa concordar com o orçamento do PSD. Basta que se abstenha na votação. Mas se votar contra e o orçamento for chumbado, então o PS de Pedro Nuno Santos terá muito a explicar aos seus eleitores e ao povo em geral.
Na presente situação mundial, torna-se imperativo não provocar situações de instabilidade em que depois, ninguém governa – nem PS nem PSD.
As extremas estão à espreita que a democracia tenha um desmaio, para logo se aproveitarem no uso do remédio fatal.
José Soares*