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José Enes – Filósofo e Professor Genial Em Louvor dos Meus Professores

Nos dias 10 e 11 deste mês de Outubro de 2014 decorreu, na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, o Colóquio de Homenagem ao Professor Doutor José Enes, Celebrando o Centenário do seu Nascimento: “José Enes. Centenário do Nascimento”. O Colóquio encerra hoje, dia 18, em Lisboa. Este Colóquio foi organizado pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores, em conjunto com o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica.
Em Primeiro Lugar um Registo Pessoal que é, simultaneamente, institucional. Fui aluno do Professor Doutor José Enes na Disciplina de Ontologia. Era uma das Disciplinas Centrais do Curso. Tive Professores Excelentes, de alta categoria mas dois deles Geniais: O Professor Doutor Gustavo de Fraga e o Professor Doutor José Enes. Como Figuras da Filosofia Representavam Escolas e Correntes diferentes, mas nunca opostas. Sempre os vi como Pessoas Singulares, notáveis, brilhantes e humildes a quem a Universidade dos Açores e os Açores estão devedores, para sempre. A complementaridade e a cumplicidade entre ambos era – e é – evidente à luz do meu Espírito. O Professor Doutor Gustavo de Fraga foi meu Professor em Teoria da Histórica e Problemática do Conhecimento Histórico, Antropologia Filosófica e de Filosofia do Conhecimento. O Professor Doutor José Enes foi meu Professor de Ontologia e meu Orientador Científico, com incidência Pedagógica. Com a sua Orientação elaborei um Trabalho Científico, que se mantém inédito, Expectativas em Filosofia. Elementos para um Sentido, que foi altamente apreciado e valorado pelo Professor Doutor José Enes. Logo no 3º ano do Curso, que era uma Licenciatura de 5 anos, ambos manifestaram interesse em que fosse Monitor/Assistente deles. Entre si falaram e com a minha anuência, explicadas as razões, fiquei como Monitor/Assistente do Professor Doutor Gustavo de Fraga. Com a sua Orientação lecionava aulas práticas (teórico-práticas) aos alunos do 3º ano do Curso, frequentava o 4º ano, e assistia aos Seminários Científicos sobre Fenomenologia, com os alunos do 5º ano.
Além disso, no quinto ano do Curso acompanhava os trabalhos e iniciativas científicas do Centro de Relações Internacionais e Estratégia (CERIE), coordenado pelo Professor Doutor José Enes.
Se invoco esses dois geniais Professores, entre outras razões, é porque foram nucleares na Formação, original e inédita, em Filosofia e Cultura e, antes de mais, e acima de tudo, eram de uma Humildade tocante, de um humanismo que olha e sente a Pessoa no concreto da sua existência, do seu viver.
A Identidade de cada um, e a complementaridade, natural, entre ambos levou-me a proferir uma Conferência Inaugural intitulada “SICUT AURORA SCIENTIA LUCET, Uma leitura metafórica e hermenêutica do lema da Universidade dos Açores, à luz da Ontologia e da Fenomenologia: interpelações educacionais ao Pensamento de José Enes e de Gustavo de Fraga.”, a 25 de fevereiro de 2014, como está documentado no Jornal “Diário dos Açores”, do dia 27 de fevereiro de 2014. A Conferência Inaugural teve lugar no antigo Anfiteatro C. Tocado pela Ideia, o meu objetivo foi lançar uma iniciativa, à maneira de lance de sementeiras, sem a pretensão de colher frutos. Assim é a vida de um Professor, em especial se é um Professor por Vocação e Missão, como é o meu caso e, acima de tudo, de um Professor que recebeu, como tanto outros, o Legado daqueles dois Grandes Vultos da Universidade dos Açores e dos Açores, em sentido de compromisso insular mas num sentido de abertura universal.
Como eu disse na altura “A Ideia está lançada”, à maneira de Hegel, independentemente de quem viesse a tomar outras iniciativas, ou não. Sentia o meu Dever cumprido, porque é da natureza das boas sementes darem bons frutos. É o caso das Figuras, do Pensamento e Obra do Professor Doutor José Enes e do Professor Doutor Gustavo de Fraga. Eu sentia, por dentro, que estava escrito no Destino que os Professores que tanto fizeram e formaram gerações iriam Tomar a Palavra, para Ser, Conhecer e Agir. Eu sentia que os Magnos Fundadores queriam falar, e no Tempo Futuro, que é passado, presente, futuro, tinham muito para dizer, através de várias vozes, – de vários Professores e Personalidades – para falarem da Universidade, e, naturalmente, como Professores Universitários, das suas vastas obras. Aqueles dois Professores são Referências Maiores, deixaram muitas sementes, muitas raízes, muita Obra, da qual promana muita luz, daí sempre a relação que faço entre Ontologia e Fenomenologia, do Ser e do Conhecer a Luz do Fenómeno. Ambas as palavras têm Logos, têm Sentido, têm Razão, têm Luz. Daí: SICUT AURORA SCIENTIA LUCET, retirado do livro bíblico do Eclesiastes.
É preciso fazer uma Pedagogia Pública e dar a conhecer o Professor Doutor José Enes e o Professor Doutor Gustavo de Fraga a todas as Gerações, Instituições e Sociedade Açoriana. Este é um Dever de todos nós. Se temos uma Universidade, hoje, devemos a eles e a outras destacadas Figuras, como tão bem evocou a Professora Doutora Fernanda Enes no Colóquio, numa Comunicação fundamental para perceber a Génese da Universidade dos Açores. Aliás, deve-se à Professora Doutora Fernanda Enes a publicação, póstuma, do Livro de José Enes, intitulado Universidade dos Açores. Ideia Fundadora e Implementação (2016). Uma Obra Nuclear. Os textos do Professor Doutor José Enes são luz que promana e se irradia em conhecimento vivo e atuante. É nossa Responsabilidade “Cientificar”, termo de José Enes. O Professor José Enes sempre insistiu que era – é –, está escrito, fundamental a “Cientificação” dos procedimentos universitários e da Sociedade.
Todos lhes somos devedores. A Universidade dos Açores é de todos e não é de ninguém. Só nas Origens, na Nascente, as Instituições reencontram a sua força, a sua Luz, a sua essência, a sua Identidade originante. É assim que as pessoas e as instituições se inspiram em diferentes tempos cronológicos. Mas há que distinguir, e relacionar, o Tempo do Logos e o Tempo do Cronos. Ora, o Colóquio José Enes – Centenário do Nascimento, foi – e é, e será – um Tempo uno e diverso de ligação entre o Tempo do Logos e o Tempo do Cronos.
A Comunicação da Professora Doutora Fernanda Enes, intitulada “A Experiência Açorina de José Enes e a “Missão da Universidade”, deu a ver, com profundidade e claridade, num discurso científico-pedagógico, de onde vêm as longínquas origens da Ideia de uma Universidade nos e dos Açores, que antecedeu, em muito, o momento histórico da sua Fundação, em que a Figura de José Enes foi central. A Universidade dos Açores, antes de ter uma História tem uma Longa Historicidade.
No referido Colóquio, apresentei uma Comunicação intitulada: “José Enes: Pensamento, Ser e Conhecer, em Verdade e Universidade: Educação, Linguagem, Pessoa-Humanidade e Relações Internacionais.”
A anteceder o Colóquio apresentei um Resumo, que estará na base de outros artigos que penso escrever sobre “José Enes – Centenário do Nascimento”, tempo evocativo para sua a Obra, sempre a revisitar. Há tanto impensado na Obra de José Enes e nas de outros Filósofos e Autores. Sobre “o impensado”, afirma José Enes “se pensar se toma no sentido do conhecer acategorial, o impensado é precisamente aquilo que nunca poderá ser expresso numa formulação predicativa, senão somente sugerido pelo conteúdo, processos e modos de tal formulação. Este impensado jaz no fundamento de todo o pensar categorial como matriz originante donde brota e a que regressa quanto ganha formulação predicativa” (Enes, José (1969). À Porta do Ser, p. 15, Lisboa.)
O Colóquio “José Enes. Centenário do Nascimento” foi, e projeta-se, como um Tempo de Júbilo, de imensa Alegria, para alimentar, no Futuro, Razões Maiores. Esse foi o Espírito que esteve presente no Colóquio, um Passado cheio de Luz, que se projeta no Futuro.
Foi um jubileu no sentido de “Aniversário Solene” e de Celebração da Vida. Um menino Nasceu e trazia um Signo. Assim diz o Poema/Canção, “Montanha do Meu Destino”, Majestosa na Ilha do Pico, na qual vivi durante um ano e dois meses. Mas quis o Destino que se cumprisse a Vontade dos meus Maiores Professores e, na realidade, depois de ter sido, por minha vontade, Professor Efetivo do quadro de Nomeação Definitiva na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, ingressei, também através de concurso público na Carreira Universitária, na Universidade dos Açores.
O Poema tem uma Força Ontológica: “Montanha do meu segredo/ Montanha do meu destino/ Tocaste-me com um dedo/ Imprimindo em mim um signo/Quando me viste nascer.” (…) (José Enes).
Nascer e Morrer, dois verbos intransitivos, entre os quais se cumpre a vida “Intramundana”. Mas cada um de nós está chamado à transcendência de si mesmo, no sentido da Transcendência do Absoluto, de Deus.

Emanuel Oliveira Medeiros*

Professor Universitário Universidade dos Açores

*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia da Educação
Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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