O Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja já completou a inventariação do património relativo a 18 paróquias da Diocese, o que corresponde a cerca de 12 mil fichas de objectos inventariados ,adiantou ao Sítio Igreja Açores, Rute Gregório, diretora do Serviço.
“Nós temos tentado ser pedagógicos a esse nível: sempre que uma paróquia entenda que precisa de fazer uma intervenção aconselhamos a que consulte técnicos acreditados e depois envie o projecto para a Cúria para conhecimento do senhor Bispo, que por sua vez nos pedirá conselho a nós. Esta é a forma mais correta de proceder”, refere Rute Gregório que lembra que o trabalho conjunto e o conhecimento de que existem pessoas que “conhecem o património e sabem como intervir nele corretamente” é a chave para a sua “preservação responsável”.
“Temos que ser verdadeiros e dizer que muitas vezes estes procedimentos não são seguidos” lamenta a investigadora que salienta, por exemplo, uma prática de introdução de vitrais “que não são autorizados no nosso património e outras intervenções” que têm sido feitas.
“Não digo isto para censurar mas para alertar que devemos trabalhar em conjunto e quando intervimos no nosso património qualquer intervenção tem de ser responsável e, por outro lado, é preciso que todos saibamos que há gente disponível para aconselhar e orientar nessa salvaguarda. Temos que ter cuidado, seguir procedimentos corretos e ouvir conselho de quem sabe e conhece como intervir” reforça ainda.
“Estamos, por um lado, a fazer este inventário: é um processo lento e temos poucos recursos mas desde 2019 que temos vindo a trabalhar o que faz com em São Miguel, na Terceira e no Faial já tenhamos muitos dados incluídos na nossa plataforma”.
A inventariação que tem estado a decorrer, sobretudo depois de 2019, tem-se socorrido especialmente de trabalhos e projectos científicos.
“Tivemos o Index Prima, com dois jovens e agora o Dio 500 , têm sido projectos que nos têm permitido trabalhar no terreno. Precisamos de recorrer a contratos de aquisição de serviços para este trabalho no terreno e temos de ter sempre financiamento” reconhece Rute Gregório lembrando que há constrangimentos que não viabilizam um ritmo mais acelerado neste processo de inventariação.
Outro dos desafios da Diocese, sobretudo num contexto de crescimento do Turismo nos Açores, é encontrar a melhor forma de colocar o património ao serviço da Evangelização.
“Já temos algumas coleções visitáveis na Sé de Angra, em São José, em Ponta delgada, ou em Santa Cruz, na lagoa, mas não basta termos folhetos e informação disponível é preciso haver mediação”, refere.
“A proximidade, a criação de uma narrativa que traduza o significado do que está ao culto ou que está exposto, a descodificação da simbologia, são fundamentais para criar uma dinâmica que potencie de facto a evangelização. mas para isso são precisos recursos, sobretudo humanos”, adianta Rute Gregório.
Os principais desafios relacionados com o património cultural da Igreja foram ser aprofundados, sexta-feira, no Museu de Leiria, nas primeiras jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja, com a presença da Diocese açoriana, conclui o Igreja Açores.