Os quatro maiores bancos a operar em Portugal apresentaram recentemente os resultados acumulados globais dos primeiros nove meses de dois mil e vinte e quatro.
Santander, BCP, BPI e Novo Banco, juntos, tiveram um resultado consolidado global de 2 mil e 500 milhões de euros, um aumento de 11 por cento face ao mesmo período homólogo do ano anterior, e, em dois anos, crescem mais do dobro.
Mas na prática o que é que esses números estratosféricos nos querem dizer?
Basicamente duas coisas: que todos esses milhões, apesar de legitimamente arrecadados aos clientes desses bancos, fazem falta à economia real; E que, por outro lado, há um outro sinal preocupante que se relaciona com o facto de em estrito cumprimento da lei, os bancos poderem pôr e dispor de taxas e comissões aos seus clientes sem que haja recurso à indignação. Passivamente, calamos e pagamos!
Só que esse capital excedente na banca, provavelmente distribuído sob a forma de dividendos, estará em défice em atividades fulcrais da nossa economia, e, ao contrário, nem por maioria de razão as taxas de juro ao investimento são atrativas.
Virá o dia em que pequenas e médias empresas, famílias e instituições não vão poder cumprir os compromissos bancários devido ao cúmulo de empréstimos e juros que têm junto da banca e entrarão em default? Ou até o Estado entrar novamente em default, arrastando-nos para mais uma crise financeira que gostaríamos de não ter de experimentar novamente?
E o apelo que se faz é que haja um pouco menos de pompa e de aparato.
Porque, no fundo, sabemos quem acaba por suportar tudo isso.
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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