Ao longo dos anos, no espaço europeu, têm-se acumulado incidentes contra pessoas e bens sem aparente conexão entre si. Este ano, em vésperas de Natal, uma das icónicas festividades do mundo ocidental, o inusitado voltou a acontecer. Dizem as fontes que um médico de origem saudita, residente na Alemanha desde 2006, conduziu uma viatura ligeira de passageiros em alta velocidade contra uma multidão que se encontrava em pleno mercado de Natal em Magdeburgo, matando meia dúzia de cidadãos inocentes que pacificamente desfrutavam de um passeio na feira. Ato contínuo, as agências noticiosas difundiram a informação de que, mesmo sendo de origem saudita, o alegado autor seria um islamofóbico, seguidor de Elon Musk e um ativista que defendia o fim do Islão na Europa. Como se algum desses factos fizesse o menor sentido! E pergunta-se por que razão Elon Musk é sempre chamado à colação quando se trata de algum acontecimento que meta o Islão? O que retiramos daqui, por outra via, é muito mais grave do que este incidente aparentemente pretende demonstrar. O jornal Expresso recorda-nos que nos últimos dez anos esses acontecimentos têm-se multiplicado por toda a Europa, tendo sempre como autores homens de meia-idade que, em histeria, balbuciando dizeres árabes: Nantes (2014), Berlim (2016), Nice (2016) – uma verdadeira chacina -, Londres (2017, três incidentes), Estocolmo (2017), Barcelona (2017), Londres (2017), Tréveris (2000), Magdeburgo (2024). Valeu os três anos de pandemia, o número teria sido maior. Por que a grande questão agora é afinal estamos à espera do quê para reagir na proporção exata da gravidade destes acontecimentos? E por que razão a esquerda desvaloriza esses atos quando vem defender mais e melhor integração? Mais ainda? E com que plano, dinheiro ou pedagogia?
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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