Márcia Sousa, natural de Rabo de Peixe, que fez os seus estudos na Universidade dos Açores e emigrou para os EUA, onde foi Vice-Cônsul de Portugal em Providence, segue as pisadas do seu conterrâneo fundador das Festas, Heitor Sousa
Márcia Sousa (açoriana de Rabo de Peixe) vai, uma vez mais, fazer história, ao ser a primeira mulher a assumir a presidência das Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra, que têm por palco a cidade de Fall River, mas rodeada de elementos com larga experiência e dispostos uma vez mais a manter a sua já habitual colaboração para o êxito das festividades, dado que este projeto é muito trabalhoso e só numa forte união de esforços se consegue realizar.
E no meio de grandes desafios, Márcia Sousa vai seguir as pisadas do fundador e coordenador geral das Grandes Festas, o saudoso Heitor Sousa e do recente falecido o não menos saudoso Joseph Silva, ao que se junta uma curiosidade, quer Heitor Sousa, quer Joseph Silva e agora Márcia Sousa, são todos naturais da Vila de Rabo de Peixe, São Miguel.
Márcia Sousa foi descoberta para as Grandes Festas e incentivada a tomar parte dos corpos administrativos pelo então presidente Joseph Silva, que viu na conterrânea os valores que a vinham caracterizando de grande líder baseada numa vida profissional de êxitos sucessivos e experiência pessoal capaz do desempenho das mais altas funções junto das Grandes Festas.
Foi vice-presidente na primeira administração de Joseph Silva, que teve de resignar dada a nomeação de vice-cônsul de Portugal em Providence.
Mas sem nunca deixar de apoiar em tudo que lhe era solicitado.
Assume a vice-presidência nos dois últimos para a presidência de Herberto Silva. E agora, tal como acima se refere, assume a presidência no meio de grandes desafios, capaz de ultrapassar, dada a sua forma de encarar causas difíceis que conseguiu vencer.
Damos o exemplo da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 2018, a Rhode Island e o mais curioso em período demissionáro das funções de vice-cônsul.
Levou o projeto ao fim, conseguindo que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa transportasse a tocha com que acendeu a chama da portugalidade no centro de Providence, em lugar de excelência, no âmbito das celebrações do Dia de Portugal/ RI/2018.
Um projeto de altos custos financeiros que Márcia Sousa conseguiu ultrapassar. E que deu às celebrações, caso único no mundo português fora de Portugal.
Sendo as Grandes Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra, também caso único no mundo português, fora de Portugal, como o têm referido bispos, ministros, secretários de Estado ao Portuguese Times. Márcia Sousa, habituada a grandes desafios e consequentes concretizações, tem mais um para juntar aos êxitos já conseguidos.
Vai ser o fulcro das atenções de uma comunidade que vê nela a determinação de uma presidência na continuidade do que têm sido as Grandes Festas, movimentando milhares de pessoas, dos estados de grande percentagem de portugueses e mesmo de outros de presenças menos signiticativas, mas que não resistem à tentação de vir a Fall River manifestar a sua fé ao Divino Espírito Santo.
Vêm de toda a Nova Inglaterra, Canadá, Bermuda e mesmo dos Açores.
E aqui temos a componente religiosa assente no terço rezado entre o Império e a Coroa, na solene eucaristia, que na última edição teve por palco a centenária igreja do Senhor Santo Cristo e procissão de coroação. Com a presença das mais altas individualidades eclesiásticas (na última edição foi o Bispo dos Açores D. Amândio Esteves Domingues) locais e convidadas, ao que se juntam as civis num cortejo de grandeza única. (Na última edição Vânia Ferreira, presidente da Câmara da Praia da Vitória, Paulo Estêvão, secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades do Governo dos Açores. Daniel da Ponte, convidado em nome da Comunidade.
Com a presença das coroas, rainhas, mordomos, imperadores, diretores das irmandades que se dignam contribuir para o contínuo êxito das Grandes Festas.
E tudo abrilhantado por um desfile de bandas filarmónicas, entre as quais algumas centenárias.
Por sua vez a componente popular assenta em arraiais, concertos de bandas filarmónicas, exposição de artesanato, festivais de folclore, malassadas, massa sovada, culminando no cortejo etnográfico do bodo de leite, com milhares de figurantes, presenciados por milhares de pessoas que se estendem entre o parque das Portas da Cidade e o Kennedy Park, dando uma visibilidade sem precedentes à intitulada capital dos portugueses que se chega a dizer, ter a ponte maior do mundo (Ponte de Braga) que liga os EUA a Portugal (dada a alta percentagem de portugueses em Fall River), apoiados por restaurantes, grandes supermercados e uma imensidade de mini-mercados, escritórios de advogados, consultórios médicos, padarias, por toda a cidade.
Vai de encher carros, com produtos portugueses. Queijo de São Jorge e queijo da Serra da Estrela, vinhos, presuntos, até mesmo as queijadas de Vila Franca do Campo, da Portugalia Marketplace, que indiscutivelmente pesa forte na balança financeira da cidade de Fall River.
E tudo isto ascende no dístico VIVA FALL RIVER com uma visibilidade de milhares de pessoas diariamente, que utilizam a estrada 195 no regresso do Cape Cod, estância de férias por excelência, e que não resistem à tentação da saída para Fall River e a consequente aquisição de produtos portugueses.
E aqui temos autoria do jovem Michael Benevides, presidente e grande impulsionador do FABRICS Art Festival, com tutela da Casa dos Açores da Nova Inglaterra. Michael Benevides visionou e concretizou a forma da comunidade portuguesa, projetar Fall River além da sua área geográfica. E em mais um contributo à balança financeira da cidade.
Tomada de posse de Márcia Sousa
“As Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra foram criadas em 1986 por Heitor Sousa conjuntamente com um grupo de amigos. Tinham como principal objetivo promover anualmente na cidade de Fall River as Grandes Festas do Espírito Santo, idênticas às realizadas pelas freguesias dos Açores. O objetivo principal das festas sempre foi de promover cada vez mais a devoção ao Divino e reunir anualmente a comunidade portuguesa, convidando todas as irmandades, associações e bandas de música”, começou por dizer Márcia Sousa, após ter tomado posse no passado Domingo em Fall River como presidente das Grandes Festas.
Márcia Sousa conta com toda
a colaboração da comunidade
“E é para dar continuidade a este objetivo a esta devoção que aceitei desempenhar o cargo de presidente das Grandes Festas do Divino Espírito Santo. Faço-o com um elevado sentimento de responsabilidade, mas também de humildade.
Essencialmente por 3 motivos: Fé e devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, responsabilidade de contribuir para manter ativa a nossa cultura religiosa, popular e tradições portuguesas, honrar o compromisso que assumi com o nosso falecido e saudoso coordenador geral, Joseph Silva, que nos deixou de uma forma inesperada e muito sentida e que me apresentou e guiou nos primeiros passos junto desta organização”, referiu Márcia, e não obstante o seu poder de atividade e iniciativa reconhece e salienta que só um conjunto de esforços consegue o êxito.
“Sei que não estou só neste projeto, porque sozinha nada faço. Quero em primeiro lugar agradecer ao meu marido, aos meus filhos António e Sofia e restantes membros da minha família e amigos, por estarem ao meu lado e me incentivarem nesta missão para a qual eu me sinto vocacionada, pondo ao serviço da comunidade as minhas competências e dizendo sim à transmissão dos valores religiosos e culturais que são o meu alicerce”, sublinha Márcia Sousa, que espera o apoio da comissão e irmandades.
“Sei que conto com a colaboração ativa e a participação da comissão, dos coordenadores, do conselho consultivo, mas essencialmente de todas as irmandades, grupos e associações, bandas filarmónicas, benfeitores, patrocinadores e voluntários que contribuem nas mais variadas formas para a continuidade das Grandes Festas em honra do Divino Espírito Santo. Todos juntos somos e seremos sempre mais fortes”, sublinha a nova presidente das Grandes Festas, para adiantar: “Como todos nós sabemos as Grandes Festas do Divino Espírito Santo é uma celebração de todos e para todos os que querem continuar a perpetuar as nossas origens cristãs.
O Espírito Santo é sinónimo de luz, força, poder de Deus e é consolador nas nossas vidas, que nos guia a proteger”.
Mas tudo tem o seu princípio e o Espírito Santo, não foge à regra.
Devoção ao Espírito Santo
“A devoção ao Espírito Santo em Portugal remonta à Idade Média, onde a rainha Santa Isabel, por interceção ao Divino Espírito Santo para acabar com o conflito entre o marido e o filho, por razões de sucessão da coroa portuguesa, promete então a devoção e a divulgação do culto.
Por volta de 1320 os franciscanos encarregaram-se de promover este culto e com a descoberta das ilhas no século XIV a devoção enraizou-se, sobretudo devido ao isolamento das ilhas e à fragilidade dos povos em relação à sua natureza”.
E para finalizar, um alerta que tem de ser encarado sem alarmismos, mas cientes da sua responsabilidade e possível resolução.
“Desde o ano passado passamos a ter que assumir o custo com os serviços do Departamento da Polícia de Fall River.
Este facto associado às características específicas da nossa festa leva-nos a ter de encontrar alternativas para solucionar os desafios que enfrentamos.
Mas todos juntos temos de encontrar soluções para ultrapassar estas dificuldades”, concluiu Márcia Sousa da Ponte.
Quem é Márcia Sousa
Márcia Sousa é licenciada em Gestão de Empresas pela Universidade dos Açores, que concluiu em 2000.
Foi Economista e Técnica Oficial de Contas, na empresa Lucromais Lda sob a gerência do Economista, Mário Fortuna de 1999 a 2007. Técnica de Contabilidade na Fábrica de Cervejas Melo Abreu, de João Moniz, nos anos 2000 e 2001. Formadora nas Escolas Profissionais da Ribeira Grande e Eprosec em Ponta Delgada, 1999 a 2004. Economista em parceria na realização de estudos económicos e estratégicos e preparação de candidaturas ao Sistema de Incentivos de empresas regionais e de Câmaras Municipais de 2001 a 2007. Diretora Administrativa e Financeira da Fundação para o Desenvolvimento Sócio Profissional e Cultural da Ribeira Grande de 2004 a 2007. Assistente Técnica do Vice Consulado de Portugal em Providence, início de funções em Setembro de 2010. Desempenhou as funções de Vice-Cônsul de Portugal em Providence.
No desempenho desta função, assumiu as tarefas administrativas, com incidência em atos de registo civil e notariado, emissão de documentos de identificação e viagem, contas de gerência, representação em atividades culturais, entre outras.
Desempenhou o cargo de diretora de Operações e Importação, na empresa Henry Gonsalves de 2 de Abril de 2018 a 13 de Maio de 2019.
Em Agosto de 2021 inicia a sua atividade de consultora da Portugal Solutions, Professional Services, localizada em East Providence, RI. Conselheira da Diáspora Açoriana.
Podemos acrescentar quando finalizava as funções junto do consulado de Portugal em Providence, culminou com a angariação de fundos para o histórico Waterfire que recebeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, integrado nas celebrações do Dia de Portugal/RI/2018.
Não obstante todo este leque de formação, sempre se identificou com a comunidade, chegando a ser os padrinhos com o seu marido, o senador Daniel da Ponte, das marchas populares da banda do Clube Juventude Lusitana em Cumberland.
Augusto Pessoa, nos EUA*