Edit Template

A pressão de 2025

A construção civil vai estar sob fogo neste ano de 2025.
O ciclo eleitoral cumpre-se este ano com as autárquicas, com muitas obras para arrancar e outras para concluir, com a corrida dos jovens ao crédito à habitação, beneficiando das novas vantagens para construírem e, não menos prioritário, a concentração de esforços para concluir até ao final do ano as obras do PRR.
É um ciclo infernal que, obviamente, não vai dar para tudo.
Os bons sinais da economia estão a levar empresas e particulares a recorrerem mais ao crédito para investirem, sendo que, por exemplo, o saldo dos empréstimos concedidos a particulares dos Açores situou-se em 3.295,3 milhões de euros no final do trimestre de 2024, mais 47,6 milhões que o observado no trimestre homólogo, um crescimento bem significativo.
Vamos ter, portanto, um ciclo de investimentos arrebatador este ano… mas há um problema.
E o problema, gravíssimo, é que não temos recursos suficientes para responder a todos, especialmente quanto à mão de obra.
Há muitos projectos que vão ficar para trás, que não apenas os barcos eléctricos.
Aliás, a pressa é tanta que, como foi justificado pelo governo, as irregularidades cometidas pelo Director Regional da Habitação na recuperação de moradias, com ajustes directos, foi “para não perder tempo”!
Está dado o mote para este ano: não perder tempo!.
O problema é que, nesta pressão para cumprir metas, vão todos esbarrar com a falta de mão de obra para tantos projectos.
No resto do país temos o mesmo problema, o que agrava ainda mais a condição dos Açores, porque a procura por mão de obra é mais bem paga na metrópole, condicionando a procura nos Açores.
Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, manifestou há poucos dias estas preocupações, porque o problema não está nas candidaturas ao PRR, mas sim na execução física no terreno onde esses desafios são muito maiores, referindo-se à falta de mão de obra e à burocracia relacionada com os concursos de obras públicas.
“Se nós não conseguirmos atrair mais imigrantes para […] a construção, não vamos ter capacidade para conseguir executar toda a obra que já está lançada e em construção, e aquela que durante o ano de 2025 vai ser posta a concurso”, alertou o responsável.
E explicou: “Vamos ter milhares de casas que vão ser postas a concurso, assim como várias dezenas de centros de saúde, várias escolas de grande dimensão. Isso significa uma grande exigência do ponto de vista de obra pública, a que se junta também o Portugal 2030, que tem de cumprir 15% de execução até ao final deste ano”.
A outra preocupação com a falta de mão de obra são as eleições autárquicas e a mudança de executivos, que se vai arrastar por meses, atrasando alguns investimentos.
Perante este enorme desafio, o Governo Regional deverá estar mais atento às programações deste ano, pelo que deveria reunir com os municípios e com o sector da construção, com a finalidade de elaborarem um calendário de prioridades e de execuções sem burocracias.
Seria muito penalizador para todos nós se tivéssemos que devolver fundos a Bruxelas por incapacidade nossa.
Mas corremos este risco.

                                     ****

MUITO ALARMISMO – Temos muitas razões para nos preocuparmos com Trump, mas acho que tem havido muito alarmismo nos Açores e em Lisboa com a história das deportações.
Há por aí muito comentário de gente que nem conhece as nossas comunidades e que, quando vai à América, é apenas para as compras nas ‘outlets’.
Os disparates de alguns comentadores foram tantos que até parece que os açorianos que vivem nos EUA são todos criminosos e que vão ser deportados em massa.
A comunidade açoriana é das mais respeitadas no mundo laboral e em todas as actividades americanas, com um contributo extraordinário nos mais variados sectores que enriquecem os EUA.
Vai haver deportados? Claro que sim, sempre houve, não é de agora.
Mas serão deportados apenas aqueles que cometerem crimes ou apanhados sem documentos de permanência.
Em qualquer país é assim, também em Portugal.
Fazer disso uma generalização, até com “planos de contingência” do governo e declarações inflamadas da oposição, é um autêntico absurdo para quem conhece bem a nossa comunidade naquelas paragens.
Os políticos de Lisboa e dos Açores que gastem as suas energias em estabelecer pontes com a nova administração americana, nem que seja para exigirmos o que temos direito pela cedência da Base das Lajes.
O resto é alarmismo bacoco.

Osvaldo Cabral
[email protected]

Edit Template
Notícias Recentes
Doentes do HDES transferidos hoje da CUF para o Hospital Modular
Taxa de mortalidade por tumores malignos nos Açores é a terceira mais alta do país
Hospital Modular foi avaliado inicialmente em 12 milhões de euros e poderá ser alocado a outra ilha
BE quer dados sobre HDES
PS pede justificações ao governo sobre HDES
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores