Osvaldo Cabral tocou, há dias, na ferida: não há dinheiro. E chegará o dia em que nos confrontaremos com esta realidade. As verbas inscritas nos sucessivos orçamentos regionais não fazem face aos compromissos assumidos ou por assumir.
O problema não é novo, sabemos. Mas também não pode ser resolvido com paninhos quentes. O desafio é exigente, quiçá, irresolúvel, mas os políticos açorianos não podem, sob qualquer pretexto, deixar de se esforçarem por arranjar as melhores soluções gestionárias e as melhores práticas financeiras.
Não há dinheiro, ponto final. Muitos projetos e muitos setores de atividade vão ter de cair da burra e assumir a realidade. Viver com menos não é difícil, é até bastante pedagógico. Reduz-se a necessidade, o consumo, a pegada ambiental. Espartanos? Nem pensar. Responsáveis, sim. Em toda a dimensão que a palavra possa atingir.
A carência de valor acrescentado na economia regional, e, por consequência, nas contas públicas regionais, não surgiu ontem, nem há cinco anos. Tem décadas e uma longa história. Desde os remediados orçamentos dos governos de João Bosco Mota Amaral, num período em que não se deixou de edificar portos, aeroportos, escolas, hospitais e outras estruturas em todas as ilhas, até ao endividamento irresponsável dos governos socialistas de Carlos César e Vasco Cordeiro, regressamos aos orçamentos pardos de um presidente José Manuel Bolieiro que mais não pode fazer do que gerir, gerir, e… gerir. Mas gerir sem criatividade é o mundo da soma zero. Soma zero!
Os anos expansionistas das contas públicas têm de dar lugar ao expansionismo e à prosperidade dos setores privados. Isto é facilmente assimilado por qualquer cidadão esclarecido e responsável. Portanto, o futuro não é socialista. Mas dificilmente será social-democrata na sua forma mais pura.
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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