Há mais jovens a pedirem empréstimos nos Açores para habitação, à semelhança do que acontece a nível nacional, segundo dizem fontes bancárias ao nosso jornal.
Não há registos na nossa Região sobre o número de jovens que têm recorrido ao crédito para habitação, mas de acordo com as mesmas fontes, deverá seguir a tendência nacional.
É assim que se justifica o aumento do valor de empréstimos para habitação nos Açores, ocorrido no ano passado, que atingiu os 2.335,9 milhões de euros, mais 28 milhões do que no ano anterior.
A “corrida” dos jovens aos empréstimos deve-se às novas condições, que beneficiam a faixa etária da juventude.
Com efeito, o valor da poupança em Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto do Selo (IS) atribuída a pessoas até aos 35 anos na compra da primeira casa totalizou até agora 77 milhões de euros, revelou ao Jornal Económico fonte oficial do Ministério da Juventude e Modernização.
A poupança fiscal chegou a quase 20 mil jovens desde que a medida entrou em vigor em Agosto do ano passado.
Aquele valor corresponde ao benefício atribuído desde 1 de agosto (data em que o IMT Jovem entrou em vigor) até19 de janeiro, tendo chegado a um total de 19.745 jovens que beneficiaram de isenção de IMT, Imposto do Selo e emolumentos na compra de 13.892 casas, com o valor médio de 187 mil euros.
Um número de contratos de crédito que impulsionou o crédito à habitação dispara em 2024 à boleia dos jovens.
Segundo o ministério liderado por Margarida Balseiro Lopes, os 77 milhões de euros de benefício fiscal na compra da primeira casa pelos jovens resultam de 56,7 milhões de euros de isenção atribuídos por via do IMT e de 19,9 milhões de euros por via do Imposto do Selo desde eu medida entrou em vigor a 1 de Agosto.
A poupança para os jovens disparou nos primeiros 19 dias de Janeiro em mais 15 milhões de euros face à poupança total de 62 milhões registada entre o início de agosto e 31 de Dezembro do ano passado.
Jovens com mais dívidas
Por outro lado, um estudo desenvolvido pela gestora de crédito Intrum, em 2024, revela que cerca de 59% dos portugueses têm dívidas de curto prazo e 9% admite não fazer qualquer pagamento para as saldar.
Segundo o European Consumer Payment Report 2024 (ECPR 2024), a Geração Z (18-24 anos) é aquela que apresenta maior incumprimento, com cerca de 12% destes jovens a não pagarem as suas dívidas.
Já entre os ‘Millennials’ (25-39 anos), 26% afirma só conseguir pagar entre 1% e 10% das suas dívidas de curto prazo, por outro lado, 9% dos portugueses pertencentes à Geração X (40-54 anos) diz que não faz qualquer tipo de pagamento mensal para saldar as suas dívidas e 24% paga apenas entre 1% e 10% das suas responsabilidades financeiras.
Os “Boomers” (55-64 anos) são a geração que demonstra maior capacidade de liquidação das suas dívidas, com 7% a pagar mais de 75% das suas responsabilidades, para além de ser a geração que apresenta maior percentagem de indivíduos sem dívidas de curto prazo (52%).
“Este cenário evidencia a necessidade de uma maior aposta na literacia financeira, de modo a que seja integrada como um pilar essencial na educação, desde cedo, para ajudar a prevenir situações de endividamento excessivo” afirmou o diretor-geral da Intrum, Luís Salvaterra.
A Intrum publica anualmente desde 2013, o European Consumer Payment Report, “para adquirir conhecimento da vida quotidiana dos consumidores europeus, os seus hábitos de consumo e a forma com gerem os seus orçamentos domésticos”, referem. O relatório anual baseia-se num inquérito externo realizado simultaneamente em 20 países na Europa, incluindo Portugal, com um total de 20.000 consumidores a participarem nesta edição de 2024 – 1.000 em Portugal, disse fonte da empresa à Lusa -, tendo o inquérito sido realizado entre Julho e Setembro passados.