A vinda de Benfica, Sporting ou Porto é sempre motivo de grande entusiasmo junto dos adeptos e simpatizantes.
Para mais num contexto em que o CD Santa Clara se encontra a realizar um excelente campeonato, muito bem orientado e onde o coletivo e a humildade se sobressaem às individualidades.
Por tudo isso a expetativa para o jogo com o Benfica era grande e quem foi ver o jogo certamente não saiu defraudado. Aceita-se o resultado porque o Benfica marcou, mas qualquer outro resultado poderia ter acontecido sendo o empate a nosso ver o resultado mais justo.
A procura por bilhetes foi muita e superou a oferta disponível.
Cedo, porém, e ainda nem as bilheteiras tinham aberto e já os sensacionalistas e cartilheiros do costume apregoavam que a lotação estava esgotada sem o estar.
Houve adeptos que até tiveram que recorrer a sócios do Benfica para adquirir bilhetes a estes destinados, e que também esgotaram.
Com tanta procura e anúncios de lotação esgotada esperava-se que o estádio estivesse completamente lotado para gáudio dos amantes do futebol independentemente do clubismo ou do resultado.
O espetáculo merecia.
Infelizmente, chegados ao estádio, a desolação do costume.
Para além de algumas cadeiras vazias, a bancada Açores junto aos balneários tinha mais de metade das cadeiras por preencher e as três bancadas a ladear destinada ao Benfica enquanto clube visitante completamente vazias.
Dos 13.277 lugares do estádio, apenas 9.933 espetadores. Mais de 3.300 lugares por preencher!
Por causa disso é mentira dizer-se que o estádio esgotou.
Por causa disso muitos foram os que queriam assistir ao jogo e não conseguiram por não terem bilhete.
Por causa disso, perdeu-se uma oportunidade de divulgação do futebol, perdeu o espetáculo e perderam os cofres do Santa Clara, necessitados como qualquer clube de receita para fazer face às muitíssimas despesas de tesouraria.
As despesas com salários dos atletas, equipas técnicas, pessoal e logística representam muitos milhares de euros todos os meses.
Se o Santa Clara, como qualquer clube, não realizar receita nos jogos com os chamados grandes, (na prática cada vez mais esbatida) infelizmente não é com os outros clubes que a vai fazer.
Coartar-se a possibilidade de ter um estádio cheio é mau para todos.
E não se diga que estes sectores não podem ser preenchidos porque não têm cadeiras ou não existem casas de banho suficientes.
Quanto às cadeiras relembra-se que se por um lado não são as cadeiras que fazem um estádio, por outro os lugares não têm que ter cadeiras. Basta que as pessoas se possam sentar. Somos do tempo em que o estádio não as tinha e não foi por isso que deixou de encher por completo nalguns jogos, como por exemplo o Sporting/Benfica da sua inauguração, com a seleção de São Miguel/Boavista ou com os jogos da Seleção.
E na altura não só não tinha cadeiras como os sanitários eram os mesmo que tem agora.
É verdade que o estádio precisa de obras e urgentes, mas os espetadores não podem ser privados de, havendo espaço disponível, assistir a um jogo.
E nem se diga também que as cadeiras são uma questão de segurança porque não são. Podem ser de conforto, mas de segurança não porque podem ser arrancadas e até serem objeto de agressão como, infelizmente, já aconteceu, nalguns estádios.
E se bem nos lembramos os sectores agora sem cadeiras até as tinham e arrancaram-nas.
O que nunca vimos, porém, são estádios com sectores por preencher, podendo sê-lo.
Se 13.000 pessoas alegadamente podem ser um problema, (e não há qualquer registo de incidentes no Estádio de São Miguel), o que dizer com estádios que habitualmente têm assistências acima dos 50.000 espetadores?
O Santa Clara, a região, o espetáculo e o futebol mereciam mais.
Mereciam um estádio cheio e acima de tudo mereciam a verdade, e não ver anúncios sensacionalistas que a lotação estava esgotada quando infelizmente não estava.
Longe disso, ¼ vazio!
Parem de brincar ao futebol. Não se percam oportunidade que são únicas e fundamentalmente que não se voltem a repetir.
Ainda temos a vinda do Sporting…
Eduardo Medeiros*
*Advogado