Fevereiro 15, 2025
Durante toda a minha vida tenho tido poucos contactos com advogados. Nunca movi ações contra ninguém e apenas fui chamado por duas vezes a comparecer numa sala de tribunal: Numa sessão preliminar, quando fui testemunha de um acidente de viação e noutra, quando fui selecionado para ser membro de um júri, num caso de porte ilegal de armas de fogo. Felizmente os advogados de defesa e de acusação decidiram que eu não lhes inspirava confiança e não me escolheram.
Nessas duas experiências eu reparei em comportamentos de alguns advogados que não me deixaram tranquilo: tentativas de me fazer concordar com o lado deles, de manobrar as minhas ideias. Não quero dizer, contudo, que todos os advogados são desonestos ou incompetentes, longe disso; mas, como em tudo na vida, há bons e há… menos bons.
Por vezes o sistema jurídico americano funciona como se estivéssemos num país do terceiro mundo. E, nesta última semana alguns casos são prova cabal disso. Impera a lei do mais forte, embora também se notem movimentos em alguns círculos onde, com demandas feitas por diversos grupos, juízes federais vão impondo restrições às manobras subversivas da administração, quiçá com resultados que não nos dão muitas esperanças, já que o criminoso-presidente, o seu vice-rei e outros envolvidos, não ligam nem obedecem às ordens dos tribunais.
O que é mais grave é o que se vai passando com o caso do Mayor da maior cidade da Améria, New York. Eleito pelo partido Democrata, Eric Adams foi acusado de abuso de poder e de solicitar apoio financeiro de um país estrangeiro. Para se livrar das acusações, Adams anda a beijar o traseiro do presidente que, em claro quid pro quo, quer que o mayor lhe forneça informações sobre imigrantes indocumentados na cidade, em troca de um perdão judicial. Nesse sentido, Trump ordenou à nova chefe do Departamento da Justiça que fizesse desaparecer qualquer acusação contra o sr. Adam. O mais interessante é que a Procuradora, uma senhora Republicana (!) que investigava o caso, se recusou a cumprir a ordem e demitiu-se, alegando questões de ética profissional e não querer pactuar com ilegalidades. E, atrás dela, outros seis Procuradores fizeram a mesma coisa. Por fim arranjaram um que se sujou até aos tornozelos e assinou a ordem. Mais uma vez Trump perdoou outro convicto parceiro.
Contudo, a história não se fica por esses poucos dirigentes do novo Departamento da Justiça. Um dos arquitetos desta manobra é o agora número três do Departamento, o advogado Emil Bove, que, juntamente com o número dois, Todd Blanch, foram os advogados (do Diabo?) de Trump em muitos dos casos dos últimos anos. Uma coisa é certa, seja por proteção de Todos os Santos ou do Diabo, este maléfico presidente nunca vai ver o Sol aos quadradinho.
João Bendito