Chama-se João Luís Vieira, tem 45 anos de idade, é natural de Rabo de Peixe e poderá ser o primeiro deportado açoriano nesta nova era Trump.
O “Diário dos Açores” e o “Portuguese Times” sabem que este cidadão foi preso há poucos meses na sua residência, na cidade de West Warwick, por membros da “U.S. Marshals Fugitive Task Force”, porque possuía vários mandados de prisão pendentes .
Declarou-se culpado na passada segunda-feira, num tribunal federal, por uma acusação de entrada ilegal e foi condenado a cumprir pena (seis meses), anunciou a procuradora-geral interina dos EUA, Sara Miron Bloom.
No momento da sua prisão, soube-se que mandados de prisão ativos estavam pendentes para João Luís Vieira, no Condado de Bristol, estado de Massachusetts, por tráfico de cocaína, por condução imprudente, por fugir da polícia em East Providence e por não comparecer ao Tribunal do Condado de Kent, em Rhode Island.
Segundo os agentes de Imigração e Alfândega da Homeland Security Investigations, Vieira tinha ordem para ser deportado dos Estados Unidos para Portugal em Dezembro de 2013.
Um juiz de imigração ordenou a sua deportação um mês antes, mas voltou a entrar ilegalmente.
O juiz magistrado norte-americano Lincoln D. Almond condenou Vieira a uma pena de prisão (seis meses), que já foi cumpriu.
Agora, corre o risco de ser deportado em definitivo pelos crimes cometidos e por se ter declarado culpado.
O caso foi processado pelo procurador assistente dos Estados Unidos, Peter I. Roklan.
Quase 10% da população em Rhode Island tem origem portuguesa, sendo o português um dos idiomas mais falados nesse estado norte-americano.
Os Estados Unidos repatriaram 69 portugueses em 2024, mais nove do que no ano anterior, segundo o relatório anual do ICE.
De acordo com o relatório, em 2019 foram repatriados para Portugal 101 cidadãos, 47 em 2020, 28 em 2021, 33 em 2022 e 60 em 2023.
Neste momento, os Estados Unidos têm em marcha um plano para executar “a maior deportação em massa da história”, prometida pelo atual Presidente, Donald Trump, durante a sua campanha eleitoral.
Estima-se em 11 milhões o número de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos.
Desconhecem-se quantos
emigrantes indocumentados
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, explicou há poucos dias à revista Sábado que o Governo não tem certeza sobre o número exato de cidadãos portugueses indocumentados a morar nos Estados Unidos.
“Sabemos da existência de alguns pelos dados que nos são transmitidos pelos conselheiros que estão nos EUA e que há uma concentração de migrantes não documentados na área de Nova Inglaterra, mas é impossível termos a certeza sobre os números”, explica o governante, desmentindo os dados apresentados pelo deputado do PS e antigo secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro que afirmou que a medida anunciada por Trump pode afetar 3.600 portugueses.
Cesário assegura que o número de portugueses em situação ilegal em território norte-americano é muito inferior ao registado nas comunidades da América Central e da América Latina.
José Cesário apelou a quem se encontra em situação irregular para que se registe junto das autoridades consulares, sublinhando que este passo é essencial para assegurar o apoio necessário.
Cesário explica que o Governo ainda não recebeu nenhum pedido de ajuda de nenhum migrante indocumentado desde que Donald Trump voltou à Casa Branca, mas destaca que está montado um sistema para ajudar todos os que necessitarem, caso sejam detectados pelos serviços de imigração dos Estados Unidos.
“Tenho-me encontrado com os conselheiros e temos tido uma articulação magnífica, tendo os conselheiros transmitido uma mensagem de tranquilidade por parte da comunidade em geral. Claro que há um caso ou outro de comunidades com mais preocupações, como é o caso de Nova Jérsia onde nos foram transmitidas algumas preocupações por parte de pessoas da comunidade”, explica o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, esclarecendo que as queixas foram feitas por empresários que empregavam migrantes sem documentos, mas que não eram portugueses.
Governo nega falta de plano
Sobre as acusações de falta de planos por parte do Governo para a iminência do regresso de vários migrantes, José Cesário nega.
“Não o anunciamos, mas ele está preparado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros está articulado com os outros ministérios e as instituições e, para o caso de ser necessário, tem um plano pronto a ativar”, garante, explicando que não o anunciou, como fez o Governo Regional dos Açores, por sentir que não existe essa necessidade.
“Em algumas ilhas dos Açores a chegada de 10, 20 ou 30 pessoas tem um impacto grande na população, por isso é natural que o Governo Regional tente tranquilizar a população”, ressalva.
José Cesário lembra ainda que todos os anos chegam cerca de 300 portugueses deportados de países como Inglaterra, França e Estados Unidos, não prevendo que haja uma grande flutuação neste valor em 2025, lembrando até que o presidente norte-americano que deportou mais migrantes foi Barack Obama e que não preveem que haja “uma deportação maciça” com Trump.
“E mesmo que haja mais deportações, vamos garantir que nos casos que nos requerem apoio, as pessoas são ajudadas”, conclui o governante.