A Literacia Mediática, tal como expresso na Diretiva (UE) 2018/1808 do Parlamento Europeu e do Conselho, refere-se às competências, aos conhecimentos e à compreensão que permitem aos cidadãos aceder e utilizar os meios de comunicação social de forma crítica, eficaz e segura. Conforme refere a Diretiva, a Literacia Mediática não deverá confinar-se a uma aprendizagem centrada em ferramentas e tecnologias, deverá também procurar dotar os cidadãos das competências de pensamento crítico necessárias para emitir juízos, analisar realidades complexas e reconhecer a diferença entre factos e opiniões.(ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social)
A sobrevivência do jornalismo, está subjacente à sua capacidade de se adaptar permanentemente às novas normas e conceitos. Estar sempre atento à preocupação de atuar nos meandros da modernidade constante e nas dinâmicas que constantemente surgem por todo o lado.
Sendo os humanos animais essencialmente sociáveis, a informação é a sua incandescência espiritual, a intrínseca e natural capacidade de opinar, noticiar, confraternizar, emitir sinais de progresso em todas as áreas capacitadas pela razão humana.
Torna-se assim indispensável que, no mundodigital que atravessamos, os Mídias, cuja missão continua a de ligação indispensável às massas, se aproximem mais dessas massas e aumentem a intercomunicabilidade entre todos. Tenho dado especial importância aos congressos, palestras e tantas outras reuniões onde a oportunidade de debater estas causas está no centro de todas as preocupações. Transcrevo, com o devido respeito, alguns destes resultados, fruto da minha afincada atenção a esta importante faixa social:
«…A maior parte dos jornalistas, em 2016, continuava muito focado em processos de produção do século XX, em lógicas de disseminação XX, muito afastados do público, de lógicas de interação (…) – e isto, o mais problemático, é que isto não era só dos que já eram jornalistas do século XX, mesmo os novos reproduziam esta lógica – e, portanto, há uma, digamos, uma grande falta de noção de que o jornalismo como se fazia no século XX morreu, que as coisas, hoje, são diferentes – não quer dizer que sejam piores ou melhores, mas são diferentes. (J-C, 2019, UnivLusíade).
… Além dos jornalistas, as empresas de comunicação estão a absorver e compreender o potencial e as novas linguagens trazidas pela era digital mas, muitas delas continuam com o mesmo modelo de negócio do passado, em que a principal fonte de receita era a publicidade e que, hoje, já não traz tanta rentabilidade. Com menos recursos, diminui a capacidade de investimento das empresas para oferecer estrutura e condições de trabalho aos jornalistas…
… reconfiguração da profissão para que a importância social do jornalista seja revigorada e preservada. Para isso, é preciso que o jornalismo passe a “agregar valores alternativos (…) expor contradições entre antigas e novas representações, difundir e estimular o debate público e até mesmo gerar envolvimento com causas e paixões políticas” (Fernandes, 2017, p. 102). Em suma, para Kamila Fernandes, o jornalismo deve buscar um pluralismo de representações que “possa ampliar os espaços para a reflexividade e potencializar transformações sociais” (Fernandes, 2017, p. 102- SindJornalistas).
… A pesquisa realizada pelo Centro de Investigação e Estudos em Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) em parceria com o Sindicato dos Jornalistas, com o objetivo de se conhecer o perfil sociodemográfico dos jornalistas portugueses, assim como a trajetória e carreira profissional, as práticas jornalísticas e as condições laborais. O relatório final da investigação foi produzido pela Obercom – Observatório da Comunicação e está disponível em https://jornalistas.eu/wp content/uploads/2019/03/1444784272_2017_OBERCOM_Profissao_Jornalista.pdf
O jornalismo tornou-se elitista e afastou-se das massas. Dirige-se às massas ou fala das massas do alto do seu pedestal. Sem que tenha de despender meios financeiros inexistentes, precisa ser criativo, inovador e usar as ferramentas de que dispõe de forma mais diversificada, interagindo com todos e a todos promovendo participação mais abrangente. Um exemplo são as participações de comentadores dos dois géneros, que perpetuam opiniões ou perspetivas repetitivas durante meses ou até anos. Refrescar de forma variável com membros da sociedade geral. Alternância constante, provoca o interesse de forma mais assídua de todos.
Os responsáveis preferem o comodismo, ao desafio de novas perspetivas, conhecimentos, ideias e pensamentos, que trazem frescura à programação visual, tornando-a mais apelativa.
José Soares*