Na crónica anterior, abordei conteúdos sobre a improdutividade e o atraso da economia nacional. Vamos explorar mais um pouco.
Em qualquer parte do planeta, o tema da improdutividade é sempre um tema complexo. Não será diferente em Portugal, ainda por cima influenciado por diversos fatores estruturais e culturais, que não só não foram devidamente interpretados por governantes, mas também por empresários e população em geral.
Vamos ao que importa então. Na cúpula das responsabilidades, sem citar qualquer estudo científico, está a baixa qualificação humana, emocional e técnica de empresários e trabalhadores, o que dificulta claramente um ambiente propício à mudança e à inovação.
Infraestruturas obsoletas e falta de modernização de setores-chave fazem atrasar o progresso e a eficiência, um outro eixo, e, em razão, pensamos logo na excessiva burocracia que é visível através de um sistema fiscal e administrativo que retira competitividade ao universo empresarial, mas que também subtrai recursos que seriam necessários para o investimento em novos setores de atividade.
Temos portanto uma cultura de baixa exigência e uma mentalidade que não valoriza a excelência e a melhoria contínua, e isso traduz-se na falta de inovação e investimento em investigação, sobretudo ao nível académico e empresarial, limitando o desenvolvimento de novas ideias, produtos e serviços.
Ao contrário de outras economias, digamos que mais abertas, há todo um ambiente favorável ao surgimento de robustas micro, pequenas e médias empresas, e isso faz-se sobretudo nas oportunidades de acesso responsável ao crédito. A fatia de leão da dívida bancária em Portugal não é para investimento em novos serviços e produtos. Pelo contrário, deve-se ao consumo privado de particulares e empresas.
Dir-me-ão que todos têm de ter uma casa. E um carro. Ou dois. E outros bens. Sim, claro. Mas teria de ser na exata medida e proporção da nossa dimensão produtiva, económica e financeira.
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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