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Maio, e o combate contra a “economia que mata”

Portugal, 51 anos depois de Abril, continua incompreensivelmente marcado por um profundo e injusto fosso entre ricos e pobres, consentido e mesmo proporcionado pelas sucessivas alterações introduzidas ao longo dos anos à legislação laboral, as quais constituem as alterações mais graves que foram sofrendo a Liberdade e os direitos conquistados em 1974, afetando negativamente a qualidade e condições de vida da esmagadora maioria do povo português, incluindo das nossas nove ilhas.
E como é possível que, malgrado Abril e a sua Constituição o contrariarem não só de forma expressa como mesmo de facto (impedindo situações ainda mais negativas), isto tenha vindo e continue a acontecer, mudem ou não as cores partidárias pelas quais os eleitores optam, tanta vez pensando de boa fé contrariar com a mudança do seu voto esta evolução tão negativa?
Com toda a frontalidade, é preciso dizer e assumir que isso se deve à rendição pura e simples à vontade do poder económico (nomeadamente após a adesão à então CEE, depois União Europeia), de qualquer dos partidos que têm estado no poder desde a instauração da Democracia, sejam eles mais à direita, como o PSD e o CDS, ou mais à esquerda, como o PS.
Assim temos hoje um país onde dois grandes grupos económicos (EDP e GALP) acumulam por dia 5,1 milhões de euros. Os 5 maiores bancos nele instalados registam um lucro diário de 13,9 milhões de euros. Outros 3 grandes grupos (Navigator, Semapa e Corticeira Amorim) metem ao bolso, totalmente líquidos, 1,8 milhões de euros por dia. Isto em simultâneo com a transferência para grupos privados de mais de 50% do orçamento do Estado para a Saúde, transformando progressivamente esta num gigantesco negócio cada vez mais obstando a que a Constituição se cumpra no seu preceito fundamental de que não se pergunta a nenhum doente se tem ou não dinheiro para poder ser devidamente tratado. As condições para exercer o direito e o efetivo acesso à Educação têm vindo a sofrer progressivas de lapidações.
Somam-se em paralelo as situações de pobreza e mesmo de pobreza extrema, e reaparece até mesmo a fome; o regresso aos bairros degradados e o número de famílias a viver em condições indignas de habitação. Malgrado o progresso tecnológico e o crescimento económico, são cada vez mais os trabalhadores que empobrecem apesar de trabalharem (mesmo com um salário e trabalhando a tempo inteiro), e a míngua generalizada dos salários e pensões, face aos aumentos dos preços dos bens essenciais, ou da precariedade laboral.
Quando no exercício do poder político, à direita (PSD, CDS, IL ou Chega) domina natural e ideologicamente o respeito prioritário pelo poder económico, como acontece com toda a evidência, atualmente, tanto no país como na região. À esquerda, após a rendição (e mesmo assunção de princípio) às políticas capitalistas neoliberais das elites da União Europeia, por parte de partidos como o PS ou o Livre, estes tornaram-se reféns do poder económico, tanto nacional como transnacional, restando-lhes proclamarem-se de esquerda mas exibindo, exceto em casos pontuais, uma total incapacidade para dar a volta às injustiças sociais, ao enriquecimento desmesurado de poucos, aos índices de pobreza, ou ao gérmen da corrupção (as relações promíscuas com os grupos económicos), e ao seu contínuo agravamento.
Não basta estar à esquerda, é preciso romper como respeito político preferencial pelo poder económico, que é por natureza antidemocrático, e regressar ao respeito preferencial pelos direitos e interesses das pessoas que Abril e Maio consagram. Tanto pela luta geral dos trabalhadores, como pelo voto!

Mário Abrantes

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