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Eleições legislativas – algumas notas

Quando os partidos e os eleitores deviam estar de olhos postos nas eleições autárquicas, eis que surgem as legislativas antecipadas graças ao Primeiro-Ministro e à falta de esclarecimentos prestados, preferindo atirar o país para eleições – sabia que o PS não aprovaria moções de confiança, tal como não aprovou as de censura – como acabou por admitir, mais tarde, num programa televisivo guiado por um apoiante seu.
Montenegro não foi transparente e isso é mais grave quando falamos do PM, cargo que ganhou mais intolerância a qualquer suspeição, desde que António Costa se demitiu porque, segundo ele, “o cargo de primeiro-ministro não é compatível com suspeições”. Sabendo que errou, mas sem o admitir, usou detacitismo leviano, useiro e vezeiro na política, levando os portugueses novamente às urnas, não sem antes ter colocado inúmeros ministros do seu governo a tentarem defender o que não tem qualquer defesa nem explicação.
Perante tudo isto, em situação normal, dir-se-ia que estavam reunidas todas as condições para o Partido Socialista vencer as próximas eleições. Tal não é impossível, mas, de acordo com as sondagens, que sabemos mostrarem muitas vezes os resultados desejados por quem as encomenda, a preferência da maioria dos portugueses parece recair ainda sobre Luís Montenegro, o que é preocupante, pois revela a falta de lideranças partidárias fortes, íntegras, confiáveis e carismáticas. A grande percentagem de indecisos parece pensar que terá de escolher o menor de entre dois males. E é para eles que os partidos terão que falar mais eficazmente na campanha que se avizinha.
No meio de inúmeros acontecimentos que vão denotando uma certa ausência de ética e humanismo na política, há, pelo menos, quatro questões que devem merecer reflexão por parte do Partido Socialista, incluindo o Partido Socialista dos Açores.

  1. A lei da paridade tem sido respeitada no PS. Porém, nas próximas eleições, dos vinte e dois círculos eleitorais, apenas cinco, não têm nos dois primeiros lugares homem e mulher ou mulher e homem, respetivamente, sendo o círculo da Guarda uma interessante exceção, já que apresenta duas mulheres nos dois primeiros lugares elegíveis. Aparentemente, isto, é um não assunto, na medida em que a paridade não está em causa por existirem dois homens seguidos, ou até duas mulheres. A lei contempla isso. Mas, o círculo da Região Autónoma dos Açores evidencia-se como um dos que não contempla nenhuma mulher nos dois lugares cimeiros. Se noutros tempos o terceiro deputado era uma realidade clara, hoje não o será.
  2. Francisco César é o presidente do PS/A, logo, não devia integrar esta lista, muito menos, encabeçá-la. A sua prioridade devia ser o combate político nos Açores, garantindo que o PS teria outra pessoa a defender os interesses da região na Assembleia da República. Os eleitores costumam apreciar a exclusividade dos políticos e quem não age desse modo transmite a mensagem de não se comprometer visceralmente com nada, porque está dividido entre várias coisas.
    Francisco César arrisca-se a ser um líder de transição à semelhança do que acontecerá com Pedro Nuno Santos se o PS não vencer as legislativas. Ora, para o PS, para os socialistas açorianos e para aqueles que sabem que é necessária uma esquerda forte e unida, que combata a pobreza, os problemas na saúde, na educação e que lute por melhores salários, o facto de o líder do PS/A liderar os socialistas açorianos à Assembleia da República poderá constituir o princípio do fim da sua liderança, fazendo com que nunca venha a ser Presidente do Governo dos Açores.
  3. Sérgio Ávila integra novamente as listas porquê? Não está em causa a sua qualidade parlamentar, mas é necessária uma real renovação e os Açores têm homens e mulheres muito competentes, capazes de estar em lugar elegível sem terem que ser naturais de São Miguel ou da Terceira – não, isto não é bairrismo! Por mais que se diga que a região está representada na lista, o que é verdade, é tempo de renovação. Já o disse quando Vasco Cordeiro perdeu as últimas eleições e digo-o novamente.
    De forma geral, a constituição das listas esteve rodeada de polémicas em vários círculos eleitorais, sendo que o epicentro parece ter sido em Lisboa com a autoexclusão de Sérgio Sousa Pinto, histórico parlamentar socialista. Um dos melhores políticos que o PS tem e que decide bater com a porta por não se sentir confortável com a composição da lista que integrava. Teve a atitude natural de alguém inteligente e com independência de pensamento, coisa que os partidos parecem continuar a não tolerar. É evidente que a cúpula do PS terá de fazer uma leitura desta saída e tirar as devidas ilações, mas, quando alguém com a preponderância de Sérgio Sousa Pinto toma uma resolução destas, dizendo, inclusive, que se sentia mais tolerado do que desejado, algo vai mal no seio do partido.
    Para a lista que Sérgio Sousa Pinto integrava, foi escolhida também a rapper Eva Cruzeiro, que está em lugar elegível. Não a conheço, mas a polémica não tardou em surgir, já que, em contexto de improvisação, segundo a mesma, terá tido declarações infelizes sobre a guerra na Ucrânia. Todavia, não é por isto que a nomeio. Gostava, sim, de compreender os motivos do Partido Socialista para a sua escolha? Tem que ver com as lutas que enceta? É por ser uma jovem mulher? Com esses e outros “requisitos”, julgo que existem outros nomes com provas dadas, cuja escolha não daria a entender que isto pode ter a ver com o facto de Eva Cruzeiro ter um milhão e meio de seguidores no Instagram. Parece uma tentativa desesperada de o PS chegar ao eleitorado mais jovem. Mas não creio que seja a solução mais acertada.
    Veremos.
  4. Adriano Batista
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