Há alguns anos, li por aí que a democracia não se simula. Pelo contrário, pratica-se e vive-se. E lembrei-me desta mesma ideia a propósito das sondagens que chovem por esses dias, numa espécie de festim pré-eleitoral.
As sondagens, instrumentos que anunciam escalpelizar o pulso político da nação, ou seja, as tendências políticas, projetam sempre um cenário de ambiguidade: mistura de ciência estatística, atividade intelectual especulativa, a partir de onde se discute, durante horas sem fim, em horário nobre, interpretações subjetivas e pouco concisas. Em suma, as sondagens têm pouco de substantivo e conciso que apenas alimentam conjeturas e indagações, e em que a interpretação individual contribui para um mosaico fragmentado do destino coletivo.
Os números das sondagens encantam e desencantam uns e outros, e, refletindo sobre margens de erro, amostragens enviesadas, variações circunstanciais, não conseguem prever com rigor o desfecho final do escrutínio eleitoral, livre, secreto e universal. Há inúmeros exemplos por essa história fora, por esse mundo fora.
Ao contrário, a síntese da democracia é a luta virtuosa e objetiva pelas políticas reformistas que qualificam a sociedade e melhoram os rendimentos dos cidadãos. E, neste sentido, votar livremente e em consciência não é uma consequência da tendência das sondagens. É um ato reflexo e consequente das políticas responsáveis e progressistas que estão implementadas no terreno. E já que se fala de responsabilidade, faça-se jus a que o ainda 1º Ministro de Portugal teve menos de um ano para mostrar o que vale. E por essa mesma via, merecerá um reforçado voto de confiança.
Os líderes da alargada oposição de esquerda enfiaram, por via das circunstâncias, a cabeça na areia e rezaram à santa das sondagens que lhes desse suporte ao discurso. Saiu-lhes pela culatra. Ao contrário, a direita moderna, moderada, cresceu. Deixem-na trabalhar!
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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