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Paulo do Nascimento Cabral salienta a importância da Inteligência Artificial na produção agrícola

O Eurodeputado Paulo do Nascimento Cabral participou como orador principal e único representante do Parlamento Europeu no encontro anual do Fórum Europeu dos Criadores de Animais de Produção (EFFAB), que decorreu em Bruxelas, onde abordou os desafios e oportunidades do sector pecuário na União Europeia. Na sua intervenção, o Eurodeputado realizou uma intervenção com o tema “Digitalização e Inteligência Artificial na criação de animais de produção”, tendo centrado o seu discurso em cinco mensagens-chave sobre o futuro da pecuária europeia, e começou por destacar “o papel crucial do melhoramento genético e da digitalização como motores de modernização, sustentabilidade, e atractividade para novas gerações de agricultores”.
“Ao longo das últimas duas décadas, a agricultura europeia sofreu profundas transformações, e o melhoramento animal não é excepção”, começou por afirmar o Eurodeputado do PSD, sublinhando a relevância da temática em debate.
“Na bovinicultura de leite, por exemplo, o progresso genético traduziu-se em aumentos substanciais na produção por animal, ao mesmo tempo que se melhoraram as taxas de fertilidade, longevidade, eficiência alimentar e a resistência a doenças”, tendo destacado o exemplo dos Açores “em que a produção média de leite por vaca em 305 dias passou de 6.000 kg, no ano 2000, para cerca de 9.000 kg actualmente. Este progresso é também estrutural na União Europeia: entre 2000 e 2023, o efectivo bovino da UE diminuiu em cerca de 7 milhões de cabeças, mas a produção de leite manteve-se estável, com ligeiro aumento, graças a uma maior produtividade. Em alguns países, a produção de leite por vaca aumentou até mais de 20% só na última década”, enalteceu Paulo do Nascimento Cabral.
Quanto à redução de custos através de uma maior eficiência, o Eurodeputado afirmou que “vacas geneticamente apuradas requerem menos alimentação por litro de leite, apresentam maior resistência a doenças e vivem mais tempo. Ao seleccionar animais com características desejáveis, os agricultores conseguem constituir efectivos mais resilientes, com menos inputs por unidade de produção – algo particularmente relevante num contexto de elevada volatilidade nos preços da alimentação, dos fertilizantes e da energia, que estão com preços cada vez mais altos”.
Para Paulo do Nascimento Cabral, o melhoramento genético contribuiu para uma pecuária mais sustentável. “O melhoramento genético é uma ferramenta indispensável para uma agricultura inteligente do ponto de vista climático e reduz a redução da pegada ambiental por litro de leite ou quilo de carne. A UE representa apenas cerca de 6% das emissões antropogénicas de metano a nível global, números que estão a diminuir, apesar de ter um dos maiores sectores pecuários do mundo. Estes dados demonstram que a pecuária europeia está a modernizar-se e a reduzir a sua pegada ambiental, graças a abordagens científicas como a selecção genética”.
O Eurodeputado alertou, contudo, para os desafios relacionados com o envelhecimento da população agrícola europeia. “Apenas 11% dos produtores agrícolas na UE têm menos de 40 anos. Na UE, a média de idades de agricultor é de 57 anos. Em Portugal é de 64. A digitalização, nomeadamente através da monitorização animal em tempo real e da análise de dados com recurso à inteligência artificial, torna a actividade agrícola não só mais eficiente, como também mais atractiva para as gerações mais jovens e tecnologicamente habilitadas”, observou.
Paulo do Nascimento Cabral afirmou ainda que a melhoria genética e a digitalização permite “aumentar a produtividade, diminuir os custos de produção, melhorar a viabilidade económica e o bem-estar animal, e reduzir as emissões e o impacto ambiental. A inteligência artificial é uma ferramenta fundamental para o sector agrícola, pois temos de continuar este processo de melhoria e a IA possibilita a gestão e monitorização em directo, desde logo com os sensores e verificação dos sinais vitais, comportamentos, padrões de alimentação e condições ambientais através dos dispositivos ligados à Internet (IoT). Mas também os algoritmos da Inteligência Artificial também podem detectar anomias, prever doenças e recomendar intervenções. Ou ainda o movimento dos animais e os indicadores de saúde”
O Eurodeputado alertou ainda para algumas questões importantes, nomeadamente “as questões relacionadas com a privacidade e posse dos dados, os custos para os agricultores de pequena escala ou em regiões em desenvolvimento, questões éticas em relação à monitorização, automação e modificação genética, entre outros. Tudo isto deve ser devidamente ponderado para que a IA seja efectivamente utilizada de forma benéfica para todas as partes”.
A concluir, Paulo do Nascimento Cabral apelou ao compromisso contínuo que deve ser assumido pelas instituições da União Europeia. “A União Europeia tem de continuar a investir em investigação, infra-estruturas e competências digitais, mas também em internet 5G, plataformas cloud, modelos virtuais de explorações, plataforma de inteligência artificial, entre outros. No entanto, alerto para o facto de apenas 47,5% das pessoas que vivem nas áreas rurais apresentarem competências digitais básicas, pelo que temos de aumentar a literacia digital e de desenvolver, por isso, acções coordenadas entre os programas Horizonte Europa, os Planos Estratégicos da PAC e os fundos de coesão, de forma a apoiar projectos-piloto e explorações modelo, financiar infra-estruturas digitais nas zonas rurais – em especial nas Regiões Ultraperiféricas – e assegurar serviços de aconselhamento e formação digital para os produtores e agricultores. Para tudo isto, precisamos de um pilar agrícola no Horizonte Europa (principal programa de financiamento da UE para a investigação e inovação) ”.

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