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“O peregrino busca a esperança e a salvação,que se manifesta na vida de fé”

O campo de São Francisco recebe, durante a madrugada de Domingo, centenas de peregrinos que caminham pelas estradas ao encontro do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Este é o caso do grupo de peregrinos da Paróquia de N.ª Sra. da Apresentação da Vila das Capelas, que cumpre novamente, este ano, uma tradição iniciada em 2014.

Mais um ano a tradição cumpre-se.
Hoje, o Senhor Santo Cristo dos Milagres sai do Santuário da Esperança e bendiz todos os açorianos com a sua presença. A espera dos fiéis para um novo reencontro com o Senhor está envolto manto de antecipação.
Ao amanhecer, o campo de São Francisco enche-se de fiéis que cumprem as suas promessas. Alguns percorrem o campo de joelhos com sírios nas mãos, outros apenas caminham descalços, mas todos juntos num único propósito agradecer ao Senhor Santo Cristo as dádivas concedidas, nos momentos de maior aflição.
O campo de São Francisco recebe também ao longo da madrugada de Sábado para Domingo, inúmeros grupos de peregrinos que percorrem as ruas do concelho, orando, cantado e bendizendo o Senhor. Caminham com o desígnio de encontrar o Ecce Homo, que pernoita na Igreja de São José.
Centenas de pessoas honram a imagem do Senhor Santo Cristo e entre cânticos e louvores aproveitam a oportunidade de estar mais perto Dele, o Senhor de todos.
Nestes grupos, encontra-se o da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação da Vila de Capelas, que desde 2014, cumpre um ritual, considerado sagrado, para muitos dos fiéis que nesta participam.
O Diário dos Açores esteve à conversa com o Pároco Hélio Soares, para saber um pouco mais sobre este peregrinação e perceber como a mesma é vivenciada em grupo.

A Paróquia de Nª Sra. da Apresentação da Vila das Capelas irá organizar uma peregrinação ao Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres. O que motivou a Paróquia a começar a organizar estas peregrinações?
Primeiro importa dizer que a peregrinação é algo comum no cristianismo. É uma herança do judaísmo.
Segundo, a peregrinação tem o ponto de partida na decisão de a fazer. A etimologia da palavra deriva do latim per ager, que significa “através dos campos”, ou seja, há a vontade de empreender uma viagem.
Terceiro, com a nossa consciência da importância do peregrinar e de proporcionar um momento de espiritualidade comunitária diferente, em 2014, a Ouvidoria das Capelas decidiu promover uma peregrinação de Ouvidoria, ou seja, as oito paróquias.
Reunimos mais de 300 pessoas, no entanto constatamos diversas dificuldades logísticas na estrada.
Por isso, decidimos que cada paróquia promovia a sua peregrinação. São estes os motivos para a realização da nossa peregrinação paroquial.

Como tem sido a adesão por parte da comunidade? Tem constatado um aumento gradual ao longo dos anos de participação de peregrinos?
O grupo constitui-se de forma espontânea. Não há inscrições. Há um anúncio de que irá ocorrer, com as informações básicas.
Ao longo dos anos tem existido diferentes situações, que influência a adesão à peregrinação. Uma das variáveis é a meteorologia.
Em 2024 o grupo ultrapassou os 60 peregrinos. Desconheço qual será a adesão este ano.
Existem alguma história que o tenha o marcado de forma especial nestas peregrinações?
O que me chama a atenção é o espírito de entreajuda que o grupo assume.
Há peregrinos com uma boa preparação física e outros não; peregrinos com diferentes idades. Estas duas situações influenciam a marcha do grupo, mas há respeito e consideração pela situação de cada um.
Procuro estar atento às diferentes reacções, de modo a controlar o andamento e fazermos algumas pausas curtas.

A seu ver que significado tem esta caminhada para os fiéis devotos do Senhor Santo Cristo dos Milagres?
A peregrinação é simples: uma celebração de bênção dos peregrinos na Igreja de Nossa Senhora da Conceição das Capelas, depois seguimos em caminhada a recitar o terço, a cantar, em silêncio e algumas pausas para descanso.
Quanto ao significado, é difícil dar uma resposta directa. Nem sempre conheço as histórias de vida e as motivações.
Porém há três atitudes clássicas: a petição, o louvor e o agradecimento.

Para os peregrinos o momento de chegada à igreja de São José, na madrugada de Domingo, é sempre de enorme júbilo. Na sua óptica, de onde advém esta necessidade de reforçar a fé e devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres?
Estamos a celebrar o ano jubilar da esperança.
A esperança cristã nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz, porque, como diz São Paulo «uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida» (Rm 5, 10).
O peregrino busca a esperança e a salvação, que se manifesta na vida de fé, que começa com o Baptismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela acção do Espírito Santo.

Que mensagem gostaria de deixar a todos os açorianos que vivenciam por estes dias estas festividades.
A vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que permite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus.
Façamos acontecer sinais de esperança, que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia das guerras; segundo um sinal de esperança aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital. Que os seus sofrimentos encontrem alívio na proximidade de pessoas que os visitam e no carinho que recebem.
Boas Festas.

*[email protected]

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