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Abraço ao Senhor Santo Cristo!

Estamos na maior e secular manifestação de Fé dos micaelenses, onde quer que se encontrem, para celebrarmos a festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, sempre na 5ª Dominga da Páscoa.
Um marco que continua a assinalar uma etapa de vida nas nossas famílias, porquanto ao caminharmos para a segunda metade deste ano-2025, há que reflectir face aos projectos que acalentamos com vista a novas metas no trabalho, no dia-a-dia, como foi sempre o caso dos estudantes, com o fim o ano à vista e decisões a tomar quanto ao futuro…
No meu tempo, os namorados procuravam acertar o noivado, pois era-lhes permitido andar sós nas voltas e voltas no Campo de S. Francisco, ir às barraquinhas, oferecer o melhor petisco; e, com o tempo Pascal, em pleno, marcar o casamento de anos de namoro …
É ainda a Semana do Senhor, mais um tempo de reflexão íntima ao que aconteceu de melhor e de menos bom nas nossas vidas e se reflecte quase interminável fila das opas e na «multidão» das promessas!
Cada um, a seu modo, ocupa o lugar que pensa competir-lhe, até no empenhamento como decora ruas e janelas, tudo em louvor do Senhor que passa no seu andor a abençoar a cidade.
Este ano dois acontecimentos coincidiram com as festividades: a eleição do novo Papa Leão XIV para perenidade da Igreja Universal…
…e a eleição duma nova Assembleia da República que possibilite este País (desarrumado) entrar num novo ciclo político de paz!
Outro facto que também ocorreu foi a celebração dos 260 anos da publicação dos primeiros estatutos da Irmandade do Senhor Santo Cristo, onde se estabeleceram normas para a promoção e divulgação do culto público, subscritos por 182 irmãos, sendo 64 mulheres.
O seu objectivo foi organizar a festa anual, sobretudo a procissão, pois por falta de recursos não era possível com regularidade realizá-la!
Quando era um cidadão/adulto, por volta de 1953, pude observar que havia a Mesa da Irmandade com o objectivo de coordenar competências logo iniciadas no momento da mudança da Imagem, na tarde de sábado, onde o Provedor recebe o andor e passa a ser responsável por tudo o que se vai passar fora do Santuário até que a mesma seja reposta, no domingo, após o giro pela cidade, no coro baixo do Convento.
As festas externas integravam a organização do bazar, a cedência de terra do para as barraquinhas na Avenida Roberto Ivens, as arrematações no adro do Convento, na tarde de 2ª feira – que era feriado municipal – e o arraial decorria no Campo, quando a cidade «descansava» do bulício da multidão…
A partir de Maio de 1910 abria-se uma subscrição pública no jornal «Diário dos Açores» que se alargava a todos os estabelecimentos comerciais e industriais da cidade e arredores, cujos primeiros subscritores eram a Mesa e D. Maria da Conceição Almeida, logo seguidos do Convento da Esperança, concluindo-se – ontem como hoje – que o Santuário dá a sua colaboração aos festejos externos, mas a festa religiosa é da sua inteira responsabilidade.
Como registo histórico anoto que, desde Maio de 1887, as festas externas tiveram continuidade até aos nossos dias, quando o rico comerciante e autonomista Luís Soares de Sousa, foi eleito Provedor. Passou a haver fogo preso, no arraial de sábado, junto ao castelo de S. Brás.
Também em 1926, sendo Provedor o Conde de Albuquerque, com o apoio do Bispo de Angra, D. António Augusto de Castro Meireles, o Convento readquiriu os bens que lhe tinham «transferido» do seu património para o Ministério das Finanças, por via da proclamação da República, passando a desenvolver uma acção social e educativa, abrigando velhinhos e facultando uma escola de formação de artes e ofícios para raparigas cujas famílias tinham fracos rendimentos, quiçá um projecto que está a ser desenvolvido na mesma linha social e caritativa quase um século depois!
Assim, o actual Provedor da Irmandade, Carlos Faria e Maia, que já era «vice» no mandato de António Costa Santos, tem continuado a manter a linha de rumo inscrita no espírito dos estatutos -que por sua iniciativa foram revistos e aprovados – no sentido de os integrar aos novos tempos, seguindo as orientações da Doutrina Social da Igreja, apoiando famílias, distribuindo refeições aos sem abrigo, organizando cabazes com bens essenciais nos momentos «fortes» do Culto ao Senhor Santo Cristo e do Santuário, com a ajuda dos irmãos mais disponíveis.
A formação dos irmãos também tem constituído uma preocupação da Mesa e os resultados são muito positivos, pois ser-se irmão, não é só conduzir o andor e as insígnias, mas no amor de uns para com os outros, na entreajuda, na prática da caridade.
Olhando o meu longo passado, como irmão, louvo a «nova» evangelização que está a ser empreendida e registo a cerimónia que juntou os «conjurados» com mais de oitenta anos de idade e cinquenta de Irmandade: «Vede como eles se amam»!
Uma saudade para os que partiram…
Que o Santo Cristo a todos abrace neste «DOMINGO DO SENHOR -2025».

Boas Festas!

Rubens Pavão

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