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Saúde (do) Pública(o) (22) – MonkeyPox, o EuroPride e os comportamentos de risco

O tema da semana: O EuroPride, maior celebração LGBTI+ da Europa (que este ano decorre em Lisboa, entre 14 e 22 de Junho). Esta semana, o “Diário de Notícias” noticiou que, tirando a PrO “Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças” (ECDC), o “Gabinete Regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde” (OMS/Europa) e a “Direção-Geral da Saúde” (DGS) emitiram recomendações de saúde para os participantes no EuroPride deste ano, em Lisboa. O evento atraiu 200 mil pessoas, com mais de 60% a viajar do estrangeiro. As As recomendações visam ajudar as pessoas a desfrutar das festas em segurança, e a consciencializar sobre recomendações de saúde. Aspectos a destacar, nas mesmas: 1. Antes de participar no evento – Vacinação: quem vai participar no EuroPride deve consultar o seu médico sobre a necessidade de ser vacinado. Dependendo de vários factores (idade, estado de saúde, estilo de vida sexual, vacinação anterior), pode precisar de vacinas contra infecções sexualmente transmissíveis (mpox, vírus da hepatite A e hepatite B) e outras doenças, como o sarampo, papeira, tétano, difteria e poliomielite. – A MonkeyPox (Mpox) continua a circular na Europa, em grande parte entre gays e bissexuais. Quem tem risco de contrair Mpox, incluindo quem tem vários parceiros sexuais, deve falar com o seu médico sobre a vacinação contra Mpox. – Há um surto contínuo de hepatite A na Europa. As hepatites A e B podem ser sexualmente transmissíveis, mas também são evitáveis através da vacinação. – O sarampo circula na Europa. Qualquer pessoa está em risco de infecção de sarampo, se não tiver sido vacinada, ou não tiver tido sarampo no passado. 2. Outras questões de saúde a serem consideradas Saúde sexual: Consulte o seu médico de família para discutir outras precauções, com base na sua avaliação de risco: pode ser recomendada a profilaxia pré-exposição (PrEP) para o HIV. Atenção: a PrEP não protege contra as outras infecções transmitidas sexualmente (ISTs). Doenças crónicas: Caso tenha uma doença crónica (diabetes, doenças cardiovasculares ou pulmonares), leve a sua medicação habitual e/ou qualquer equipamento médico que use regularmente, bem como relatórios médicos relevantes. Alergias: Se tem alguma alergia a alimentos, medicamentos, látex ou outros, certifique-se de que essas informações são visíveis e fáceis de aceder, em caso de emergência. Saúde mental: Leve o que o ajuda a ficar calmo, incluindo os seus medicamentos habituais, que use para manter a sua saúde mental e bem-estar. Não se esqueça de ter sempre consigo o seu “Cartão Europeu de Seguro de Saúde”, ou outros documentos que possam ajudar o seu acesso aos serviços médicos, sempre que se desloca para fora da sua área de residência. 3. Ao participar no evento – Infecções transmitidas através das relações sexuais (IST) É importante que todos se protejam de IST. As ISTs mais comuns na Europa são a clamídia, a gonorreia e a sífilis. O HIV, as hepatites A e B, mpox e shigella também podem ser transmitidos através de relações sexuais. As ISTs não tratadas e a mpox podem levar a graves problemas de saúde; a infecção HIV requere tratamento ao longo de toda a vida. Os preservativos, quando usados de forma correcta, são eficazes para diminuir o risco de ISTs e transmissão do HIV. Mas, embora o uso do preservativo seja uma medida protectora importante, não impede totalmente o mpox. O Mpox pode ser transmitido através do contacto próximo pele com pele, especialmente se houver feridas ou lesões na pele. Pode-se reduzir o risco de mpox evitando contacto próximo com indivíduos que têm lesões visíveis na pele ou sintomas como febre, ou ao não partilhar objectos pessoais (toalhas, lençois, brinquedos sexuais). Lave as mãos regularmente, especialmente após o contacto físico. Para um EuroPride mais seguro, as Autoridades de Saúde recomendam que se proteja a si mesmo e aos outros: • Utilize o preservativo, trocando-o entre sexo anal e oral, e utilizando-o também em brinquedos sexuais (limpe os brinquedos adequadamente após cada utilização); utilize luvas descartáveis para actos que envolvam as mãos ou os dedos. • Lave as mãos, áreas genitais e anais antes e depois do contacto sexual. • Quem fez sexo desprotegido (sem preservativo) ou sexo com vários parceiros, deve fazer testes de IST, tenha ou não sintomas, para não passar infecções a outras pessoas. Pessoas com IST podem não ter sintomas. Se tiver algum sintoma, evite a atividade sexual e procure uma consulta médica imediatamente. 4. Como aceder a testes e ao tratamento de IST Se suspeitar que possa ter sido infectado com HIV ou outras IST (hepatite B, mpox ou outra), contacte um médico, para fazer profilaxia pós-exposição (PEP), que deve ser iniciada o mais rapidamente possível (dentro de 72 horas para o HIV). Durante o EuroPride 2025, uma unidade de testes móvel estará disponível nos principais locais do evento, oferecendo acesso a ferramentas de prevenção, testes rápidos e aconselhamento de saúde sexual. 5. Doenças respiratórias Participar num evento destes aumenta as hipóteses de ser exposto a doenças respiratórias. A vacinação protege-o, a si e aos outros. Consulte o seu médico para perceber se é elegível para vacinas contra o COVID-19 e/ou outras doenças respiratórias. Além da vacinação, existem outras medidas de protecção que se podem tomar para reduzir o risco de infecção, incluindo as seguintes: • Evitar o contacto próximo com pessoas doentes ou que apresentem sintomas como espirros ou tosse, • Lavar as mãos com frequência, • Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca. Se estiver com sintomas semelhantes aos da gripe, como tosse, febre ou dor de garganta, pode evitar infectar outras pessoas, especialmente aqueles que são mais vulneráveis, fazendo o seguinte: • Fique em casa ou no hotel e limite o contacto com outras pessoas, • Tussa ou espirre no cotovelo, • Lave ou limpe as mãos frequentemente com sabão ou um produto à base de álcool, • Limpe superfícies e objectos tocados com frequência, • Aumente a ventilação se estiver dentro de casa (por exemplo, abrindo as janelas), • Use uma máscara facial em ambientes lotados onde o distanciamento físico não é possível (por exemplo, transportes público, locais e eventos EuroPride). A homenagem da semana: à estrutura da Direcção-Regional de Saúde Faz parte da nossa natureza, como portugueses, falar mal, sobretudo daquilo que nos está mais próximo. Porém, é quando passamos por momentos difíceis que percebemos bem a importância daquilo que tanto “desprezamos”. Foi assim na COVID, por exemplo, com o HDES (quando perante vagas sucessivas de novas variantes em 2021 e 2022, se conseguiu combater de forma única em todo o país as listas de espera, ao mesmo tempo que se dava o caso raro de não existirem surtos intra-hospital). E foi assim agora: a Região Autónoma dos Açores recebeu um cidadão que nos visitou, como centenas de milhares o fazem. Este cidadão estava infectado com MPox. Muito provavelmente não o sabia. Recorreu aos serviços públicos de Saúde dos Açores. Foi atendido, diagnosticado, tratado. Curou-se. A esta hora já está na sua residência. As pessoas com quem esteve foram contactadas, disponibilizada vacinação, estão a ser acompanhadas. Dezenas de profissionais de saúde envolvidos, nisto que parece simples. Mas, não é. Cada um faz o seu trabalho. Quando se tem apoio e condições, obviamente é feito sem alaridos. Em prol da população. Na defesa da saúde de todos.

Mário Freitas*

* Médico, Coordenador Regional da Saúde Pública dos Açores

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