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Condenações voláteis e estranhas distrações

Soprada pelos ventos implacáveis da realidade, face à forte pressão pública mundial, esbateu-se a poeira que muitos dirigentes políticos da Europa, com as honrosas exceções dos espanhóis e dos irlandeses, tentaram tardia e hipocritamente (só depois de mais de 50 000 mortos civis e da condenação à fome, à água suja e à falta de cuidados médicos de cerca de 2 milhões de palestinianos) lançar aos nossos olhos sobre o seu eventual reconhecimento do caráter assassino, carniceiro e genocida do regime sionista de Israel.
Na verdade, as posições destes dirigentes, por mais “ameaçadoras” que parecessem, em nada beliscaram a continuidade impune dos massacres à bala e à bomba e do bloqueio genocida de Israel ao Povo Palestiniano em particular na Faixa de Gaza, mas também nos territórios ocupados da Cisjordânia.
E agora percebe-se bem porquê o estado sionista prossegue sem pestanejar na sua atividade cobarde, terrorista e sanguinária sobre a Palestina ocupada, e sobre todo o Medio Oriente.
Face à retaliação dum estado soberano, o Irão, a uma violenta intervenção armada unilateral da parte de Israel contra ele, violando reconhecidamente todas as normas do direito internacional, o que veio aproximar exponencialmente a já muito elevada tensão bélica na região do Médio Oriente de uma confrontação em larga escala, Trump e a administração norte-americana, previamente informados pelos israelitas da sua ilegítima ação militar, trocaram de imediato as conversações diplomáticas sobre o programa nuclear que mantinham com o Irão, pelo anúncio da sua solidariedade ativa com Netanyahu a diversos níveis, reforçando a presença militar na zona e não excluindo até a possibilidade da intervenção direta no conflito.
E os dirigentes europeus atrás referidos, malgrado tantas críticas à política de Trump, comercial e não só, em lugar de defenderem as soluções mais lógicas e convenientes para os seus países, o que fizeram? Tal como já tinham feito em relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia, rejeitaram mais uma vez a procura da paz, através da mediação e negociação diplomática entre beligerantes, para se submeterem à vontade e aos interesses da administração norte-americana. Macron e Von der Leyen, esquecendo num ápice o seu anterior, ainda que tardio, reconhecimento dos crimes israelitas na Palestina, vieram de imediato garantir a Israel, certamente com o silencioso e servil aceno do nosso apagado António Costa, que estavam do seu lado, enquanto o Reino Unido continuou alegremente a treinar tropas israelitas no seu território…
E por aqui segue esta Europa que dia a dia tanto nos vai desiludindo…
Entretanto, no domingo que passou, em várias cidades portuguesas, saíram à rua milhares de cidadãos reivindicando justamente a intervenção do poder político contra diversas organizações neonazis e neofascistas que, com maior frequência nos últimos tempos, têm vindo a agir de forma ilegítima e criminosa junto das nossas comunidades e no espaço público em geral.
Efetivamente o artigo 46º da Constituição Portuguesa de 1976, nos seus parágrafos 1 e 4, legitima e bem, em nome da democracia e da segurança pública, a intervenção repressiva do Estado contra tal tipo de organizações e ações, pelo que parece estranho que um governo, como o atual, que tanto se afirma preocupado em combater o sentimento de insegurança que, assegura, estar a crescer entre os portugueses, tenha mão tão leve sobre estes casos…
Este e outros governos nacionais parecem assim andar distraídos quanto à ação destes grupos. Será por terem consciência da própria responsabilidade no aparecimento deles, depois de frustrarem tanta garantia anterior por eles anunciada sobre a efetiva resolução dos problemas das pessoas?

Mário Abrantes

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