O sector vitivinícola dos Açores continua a afirmar-se como um dos pilares mais expressivos da identidade agrícola e cultural do arquipélago, registando em 2025 uma dinâmica crescente em várias ilhas. Segundo dados actualizados da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores (CVRAçores), que brevemente será extinta e integrada no recentemente criado Instituto da Vinha e do Vinho dos Açores, estão actualmente devidamente inscritos (à data de 28 de Abril de 2025) mais de 33 agentes económicos, entre adegas cooperativas, produtores independentes e empresas vitivinícolas, autorizados a produzir, envelhecer ou comercializar vinhos com Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP).
O sistema de certificação adoptado pela CVRAçores abrange quatro designações protegidas: DOP Pico, DOP Graciosa, DOP Biscoitos (na ilha Terceira) e IGP Açores. Cada uma destas denominações obedece a exigentes requisitos técnicos, desde a origem exclusiva das uvas em vinhas legalmente cadastradas até à realização de análises laboratoriais físico-químicas e sensoriais, passando por processos rigorosos de controlo e fiscalização. O objectivo é assegurar a autenticidade e qualidade dos vinhos açorianos, protegendo simultaneamente o nome das regiões produtoras.
A ilha do Pico destaca-se largamente como a principal produtora de vinhos certificados da região, contando com 75 vinhos registados com DOP Pico. Estes vinhos evidenciam a riqueza das castas autóctones como o Arinto dos Açores, Verdelho e Terrantez do Pico. A diversidade de marcas e estilos confirma o dinamismo do sector na ilha, cuja paisagem de currais foi reconhecida pela UNESCO como Património Mundial.
Na ilha Graciosa, estão registados pelo menos seis vinhos com DOP Graciosa, destacando-se os produzidos pela Adega e Cooperativa Agrícola da Ilha Graciosa, com castas como Verdelho, Arinto dos Açores e Boal. Já a Terceira, através da DOP Biscoitos, conta com 3 vinhos DOP.
Já no que se refere aos vinhos com Indicação Geográfica Protegida, têm expressão em várias ilhas, incluindo São Miguel.
O processo de certificação dos vinhos açorianos é regido por um esquema técnico aprovado pela CVRAçores e futuramente pelo IVVA, integrando etapas como a inscrição de agentes económicos e vinhas, a declaração de colheita e produção, a recolha de amostras, a análise laboratorial e sensorial, a rotulagem e a emissão de selos de certificação. Este procedimento está alinhado com os regulamentos europeus, nomeadamente o Regulamento (UE) n.º 1308/2013, e com as portarias nacionais aplicáveis ao sector.
A listagem oficial de produtos certificados, no caso dos DOP 84 marcas e no caso dos IGP 78 marcas (dados da CVRAçores à data de 15 de maio de 2025).
Estes dados demonstram que os vinhos açorianos se têm vindo a afirmar-se pela sua qualidade e tipicidade, refletindo o carácter vulcânico dos solos, a influência marítima e a resiliência dos viticultores que trabalham em condições únicas no panorama vitivinícola europeu. A certificação confere aos consumidores garantias de origem e autenticidade e constitui, para os produtores, uma valorização comercial e identitária do vinho açoriano no mercado nacional e internacional.