O consumo privado nos Açores manteve a trajectória de crescimento em maio de 2025, com um aumento homólogo de 4,7%, de acordo com o mais recente Indicador do Consumo Privado (ICP-Açores) publicado pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA).
Ainda que representando um ligeiro abrandamento face ao mês anterior (menos 0,2 pontos percentuais), este valor confirma a tendência positiva verificada ao longo do último ano, consolidando a recuperação da procura interna iniciada em 2023.
Os principais contributos para o aumento do ICP-Açores vieram dos bens alimentares vendidos no comércio a retalho e dos medicamentos sujeitos a receita médica, duas componentes que evidenciam a resiliência do consumo essencial das famílias açorianas.
Em contrapartida, verificaram-se variações negativas relevantes nas séries dos transportes terrestres de passageiros e nos serviços Multibanco (pagamentos de serviços em caixas automáticos), sugerindo uma desaceleração pontual em sectores de mobilidade e serviços não essenciais.
Este indicador, calculado com base numa média móvel ponderada de sete meses, resulta da conjugação de 13 séries explicativas do consumo privado em volume. Entre elas incluem-se o consumo de gasolina, eletricidade doméstica, vendas de automóveis novos, crédito ao consumo, transportes de passageiros (aéreo, marítimo e terrestre), medicamentos e bens alimentares, entre outros.
Já o Indicador de Atividade Económica (IAE-Açores), também relativo ao mês de maio, e diponibilizado simultâneamente pelo SREA, aponta para um crescimento mais modesto, de 1,8% face ao mesmo mês do ano anterior. Trata-se de um ligeiro aumento em relação a abril (1,6%) e o segundo valor mais elevado do ano, mantendo-se, no entanto, abaixo dos níveis registados entre 2022 e 2023, quando as variações homólogas ultrapassavam os 12% durante vários meses consecutivos.
O IAE-Açores, ao contrário do ICP, é um indicador compósito que visa refletir o estado geral da economia regional no curto prazo, e não apenas o consumo privado. A sua construção baseia-se em 13 séries de referência, entre as quais se incluem: leite entregue nas fábricas, gado abatido, pesca descarregada, produção de energia e produtos lácteos, consumo de energia na indústria, venda de cimento, número de empregados na construção civil, passageiros desembarcados por via aérea, dormidas em alojamentos turísticos, empréstimos bancários, e operações com TPA e caixas automáticos.
A ligeira subida de maio poderá estar associada à manutenção do dinamismo nos sectores do turismo e da construção, ainda que num ritmo mais moderado. A leitura conjunta dos dois indicadores revela um cenário de moderação económica, com o consumo privado a sustentar-se em patamares elevados, mas com o restante tecido económico a mostrar sinais de abrandamento na velocidade de recuperação.
Ambos os indicadores são ajustados de sazonalidade e calibrados pela variação do Produto Interno Bruto (PIB), permitindo uma leitura mais estável e representativa da realidade económica açoriana. O SREA alerta, no entanto, para eventuais revisões futuras, decorrentes da atualização de séries de base e efeitos de calendário.