O comprovado nível de criminalidade violenta, tanto na Europa como nos EUA, levou-me a fazer uma análise baseada em 2 actos isolados recentes (o assassinato bárbaro de 2 jovens, de uma jovem ucraniana com 23 anos e de um jovem americano com 31 anos), que ilustram bem o que estamos a assistir, no mundo ocidental. Faço-o também como agradecimento ao jovem de 18 anos que me alertou para o gravíssimo atentado à Democracia, ocorrido no dia 10.09.2025.
O tema: A Violência Urbana nos Estados Unidos da América (EUA) e como o caso do assassinato de Iryna Zarutska é o exemplo de um Problema Sistémico
A morte trágica de Iryna Zarutska, uma refugiada ucraniana de 23 anos, ocorrida em 22 de Agosto de 2025, nos transportes públicos de Charlotte (Carolina do Norte), exemplifica o nível da violência urbana nos EUA. Zarutska foi esfaqueada, de forma totalmente inesperada, por Decarlos Dejuan Brown Jr., de 34 anos, à frente dos outros passageiros, no “Lynx Blue Line”, na estação East/West Boulevard. Este crime mostra bem a vulnerabilidade dos espaços públicos, e reflecte as falhas no sistema judicial, uma vez que Brown tinha extensos antecedentes de 14 prisões anteriores, incluindo acusações de assalto à mão armada, e fora libertado sem fiança em Janeiro de 2025, apesar de ter pendente uma avaliação de saúde mental.
O assassinato de Iryna, numa carruagem, sem intervenção dos presentes, ilustra o impacto psicológico da violência urbana, que promove um sentimento de insegurança colectiva e exacerba o “efeito espectador”, onde os indivíduos hesitam em agir, por medo ou descrença.
A violência urbana nos EUA é uma enorme preocupação: os homicídios representam uma parte substancial dos incidentes violentos nas áreas metropolitanas. De acordo com dados do FBI e do CDC, o número anual de homicídios nos EUA, em 2024, foi de aproximadamente 17.000 a 22.000 casos, uma taxa de cerca de 5,17 por 100.000 habitantes! Isto equivale a uma média semanal de aproximadamente 327 a 423 vítimas mortais, a nível nacional. Isto levou o presidente Donald Trump a encarar o problema de forma séria. No primeiro semestre de 2025, já com Donald Trump como Presidente, os homicídios diminuíram 17%, em relação ao mesmo período de 2024.
Em Charlotte, onde Iryna foi assassinada, as estatísticas revelam um padrão semelhante de violência urbana. Em 2024 a cidade registou 111 homicídios, o que corresponde a uma média semanal de 2 vítimas mortais. No primeiro semestre de 2025, foram registados 42 homicídios, uma redução de 29% em relação aos 59 casos do mesmo período em 2024.
Estes números, e casos como o de Iryna, contribuem para a insegurança nos transportes públicos, locais onde a proximidade com estranhos aumenta os riscos, e reforça a necessidade de medidas de segurança aprimoradas, como a vigilância reforçada e o treino em intervenções comunitárias.
Estatísticas nacionais indicam que uma proporção significativa de homicídios é cometida por indivíduos com antecedentes criminais. De acordo com o “Bureau of Justice Statistics”, 67% dos assassinos condenados tinham sido presos anteriormente; 56% tinha condenações prévias por crimes violentos. Casos como o de Brown ilustram falhas sistémicas, onde a libertação de reincidentes sem supervisão adequada leva a mortes inocentes evitáveis.
Todo este contexto enquadra a violência urbana nos EUA como um problema de Saúde Pública, segundo o “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC). A violência é vista como uma situação prevenível, semelhante às doenças infecciosas, que afecta a saúde física e mental das comunidades, com impactos desiguais em populações vulneráveis, como os refugiados e os utilizadores de transportes públicos. O CDC adopta uma abordagem de saúde pública, que inclui definir o problema, identificar factores de risco (como antecedentes criminais), desenvolver estratégias de prevenção e implementar intervenções à escala populacional. Esta visão mostra que a violência não é apenas um assunto criminal, mas um determinante social da saúde, que exige investimentos na educação, suporte mental e reformas judiciais, para mitigar os riscos e promover ambientes seguros.
A homenagem: Charlie Kirk
Charlie Kirk, fundador da “Turning Point USA”, e uma das vozes mais destacadas do conservadorismo contemporâneo nos EUA, deixa um legado indelével na defesa dos princípios fundamentais da Democracia. Nascido em 1993, Charlie Kirk foi um activista incansável, dedicando a sua carreira a promover valores conservadores nos jovens, particularmente em “campi universitários”, onde debatia com a oposição ideológica. A sua partida prematura, às mãos de um assassino bárbaro, em 10 de Setembro de 2025, durante um evento na “Utah Valley University”, representa uma perda irreparável para aqueles que valorizam o debate aberto e a pluralidade de ideias.
Charlie Kirk destacou-se pela defesa intransigente da liberdade de expressão, um pilar essencial da sociedade livre. Acreditava que as universidades, como centros de aprendizagem e inovação, deveriam ser espaços onde todas as perspectivas pudessem ser debatidas, sem censura ou intimidação. Através de debates públicos, palestras e campanhas nacionais, Charlie Kirk desafiou as narrativas dominantes, e incentivou estudantes a questionarem o status quo e a expressarem opiniões conservadoras, sem medo de represálias. A sua organização, “Turning Point USA”, mobilizou milhares de jovens para combater uma erosão da liberdade de expressão em ambientes académicos, promovendo eventos que fomentavam o diálogo civilizado e o confronto de ideias opostas. Esta dedicação reforçou o compromisso com os direitos constitucionais, inspirando uma geração a valorizar a tolerância intelectual.
Quanto às políticas de saúde e à Saúde Pública, Charlie Kirk expressou que cerca de 90% dos problemas de saúde nos EUA são preveníveis, e resultam da alimentação inadequada, da falta de atividade física e de deficiências nutricionais, como de vitamina D, ao invés de falhas no sistema de saúde em si. Charlie Kirk opunha-se a um sistema de saúde universal pois inevitavelmente este falhará, porque o problema principal está nos governos, que encarecem o acesso à saúde, para justificar um cada vez maior controlo estatal. Em relação à saúde infantil e familiar, Charlie Kirk defendia que a saúde da mãe influencia directamente o bem-estar da família: as mães podem promover estilos de vida saudáveis, e assim serem modelo para as crianças. Ele era veementemente contrário a tratamentos de mudança de género em crianças (menores), saudando o fecho destes programas em hospitais que ofereciam bloqueadores da puberdade, hormonas e cirurgias, os quais descrevia como “actos de mutilação médica”.
No âmbito da saúde mental, salientava amiúde os dados que indicam que os conservadores apresentam níveis mais altos de “saúde mental excelente”, comparando com os liberais, atribuindo tal às diferenças ideológicas.
Resumindo, as suas visões priorizavam a responsabilidade individual, a limitação do papel do governo e a protecção contra os excessos ideológicos nas políticas públicas de saúde.
Para além do seu activismo, Charlie Kirk foi um autor influente e comentador político, contribuindo para o debate nacional sobre temas como a educação, a economia e a governança. A sua visão optimista e a sua capacidade de arrastar audiências tornaram-no um modelo de resiliência e integridade. Embora a sua vida tenha sido tragicamente interrompida aos 31 anos, o legado deste pai de 2 bebés (de 3 anos e 1 ano) perdurará, lembrando-nos a importância de proteger a liberdade de expressão, como alicerce de uma sociedade justa e evoluída. Que a sua memória continue a guiar aqueles que lutam por um mundo onde todas as vozes possam ser ouvidas.
Mário Freitas*
- Médico de Saúde Pública e de Medicina do Trabalho