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Ilhas de Valor fechou 2024 com prejuízo de 6,46 milhões após vender hotéis

A Ilhas de Valor, S.A. encerrou 2024 com um resultado líquido negativo de 6,46 milhões de euros, fortemente penalizado pelas menos-valias reconhecidas na venda dos hotéis das Flores e da Graciosa, operação que encolheu o ativo, reduziu a autonomia financeira e elevou o rácio de endividamento. A empresa, em relação à exploração dos campos de golfe da Batalha, Furnas e Terceira, optou pela concessão dos espaços de restauração e eventos e concentrou-se na manutenção e na atividade desportiva.
No desempenho económico, o volume de negócios recuou 9,8% para 1,175 milhões de euros, com a margem bruta a cair para 22,6% (menos 7,7 p.p. face a 2023).
Os fornecimentos e serviços externos subiram para 499,1 mil euros durante o ano de 2024, motivado essencialmente pelos serviços legais contratados no âmbito do processo de venda dos hotéis da Graciosa e das Flores, e os gastos com pessoal desceram 1,8% para 1,52 milhões, refletindo a saída da restauração directa dos perímetros concessionados.
O EBITDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) foi negativo em 5,32 milhões e o EBIT (Lucro Antes de Juros e Impostos) fixou-se em -5,90 milhões; os encargos financeiros somaram 579,5 mil euros.
A principal explicação do prejuízo está em “outros gastos e perdas” de 7,08 milhões, decorrentes da alienação dos hotéis: o das Flores foi vendido por 1,30 milhões e o da Graciosa por 1,835 milhões, por valores substancialmente inferiores aos montantes registados em balanço, gerando menos-valias agregadas de 6,83 milhões de euros. Apesar do impacto contabilístico negativo, a operação reforçou a posição de caixa ao trazer 3,135 milhões de euros de entradas.
No balanço, o ativo total encolheu de 30,52 milhões para 21,37 milhões de euros, enquanto o capital próprio desceu para 10,22 milhões (autonomia financeira de 47,81%, face a 54,92% em 2023).
A liquidez geral melhorou para 115,86% e o rácio de endividamento agravou-se para 52,19%. As disponibilidades fecharam o ano em 2,036 milhões de euros, acima dos 106 mil registados no início do exercício, espelhando o efeito de tesouraria da venda dos imóveis apesar dos fluxos negativos de financiamento.
Em matéria de financiamento público, a Ilhas de Valor recebeu 2,2 milhões de euros ao abrigo do Contrato-Programa em 2024 (menos do que os 3,5 milhões de 2023, dado o encaixe extraordinário das alienações). No âmbito da gestão da linha do Programa de Valorização do Emprego, a empresa recuperou 534,6 mil euros de reembolsos e anunciou para 2025 o reforço de mecanismos de execução fiscal para cobrança de devedores.
A empresa não apresenta dívidas em mora à Autoridade Tributária nem à Segurança Social.

Gestão de “linhas de apoio”
com dívida residual

A Ilhas de Valor mantém a gestão das linhas de apoio criadas ao longo da última década para aliviar tesourarias e reestruturar passivos das empresas açorianas. Todas as linhas estão formalmente encerradas, mas subsistem bonificações e reembolsos a acompanhar: em 2024, só no Programa de Valorização do Emprego (PVE) a gestora pública recuperou 534,6 mil euros e prepara o reforço de execuções fiscais para atacar incumprimentos persistentes.
No bloco das linhas de reestruturação e crédito, a Reestruturação I (fechada a 30/09/2010) apresenta hoje dívida residual de 115,29 euros; a Açores Investe II (encerrada a 31/12/2013) mantém sete operações com bonificação ativa e 124,9 mil euros por liquidar; a Reestruturação II (13/09/2011) continua a bonificar 14 operações e tem 151,1 mil euros em dívida. A “Reestruturação + Apoio à Liquidez” (30/09/2013) soma 35 operações com bonificação (24 ainda activas após aditamento de 2014) e, no total do programa, aprovou 344 candidaturas, envolvendo 79,5 milhões de euros e 4.376 trabalhadores, com maior peso em São Miguel.
Nas medidas de emprego, o Programa de Estabilização do Emprego (PEE), lançado em Agosto de 2013 e encerrado a 14/12/2017, alcançou 60 candidaturas e 478 trabalhadores apoiados; hoje restam 9,7 mil euros por cobrar. Já o PVE, com 171 empréstimos num total de 9,6 milhões, concentra a fatia de risco: a rubrica de crédito a receber do PVE ascendia a 1,67 milhões de euros no fecho de 2024, apesar do esforço de cobrança e dos acordos de pagamento em curso.
A Ilhas de Valor gere um legado de linhas encerradas, com saldos residuais e tarefas de bonificação/recuperação, concentrando agora a pressão de cobrança no Programa de Valorização do Emprego. Do lado das contas, o choque das vendas imobiliárias pesou no resultado, mas a tesouraria saiu reforçada e os rácios mantêm-se em terreno prudente para uma empresa pública com missão de coesão e apoio empresarial.

Golfe: concessão
da restauração

A Ilhas de Valor detém os três campos de golfe regionais (Batalha e Furnas, em São Miguel, e Terceira). Em São Miguel, explora directamente a atividade desde 2010 — e desde 2019 é proprietária dos campos na sequência da insolvência da antiga concessionária — assegurando prática, torneios, aulas e proshop, enquanto os serviços de bar/restauração e eventos foram entregues a privados: o “Bar Social” e a sala de eventos da Batalha e duas salas na Terceira foram concessionados a partir do 3.º trimestre de 2023; em 2024 avançou a concessão do Restaurante das Furnas e, por ajuste direto, do “Bar do Golfista” na Batalha.
Na Terceira, a exploração do campo está cedida ao Clube de Golfe da Ilha Terceira, sendo a Ilhas de Valor proprietária plena desde Dezembro de 2022. A estratégia anunciada passa por manter o conceito “Azores Golf Islands”, com plano integrado para os três percursos e continuidade dos investimentos de manutenção (buggies, equipamentos e viaturas).
Em recursos humanos, a empresa fechou 2024 com 68 trabalhadores, maioritariamente afectos aos campos (Batalha, Furnas e Terceira) e à incubadora INCUBA+ em Santa Maria, um quadro de pessoal que já reflete a saída da restauração directa do perímetro da empresa, passando a unidades concessionadas.
As contas da Ilhas de valor em 2024 ficam marcadas por um choque contabilístico de menos-valias na alienação de activos hoteleiros, mas também por um reposicionamento operacional nos campos de golfe com concessões na restauração e foco na manutenção dos campos, na melhoria da liquidez e reforço de medidas de recuperação de crédito.

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