Henrique José de Aguiar Fonte Leandro dos Santos Levy nasceu em Lisboa, a 6 de junho de 1960. É professor, poeta, romancista e editor. Licenciou-se em Língua e Cultura Portuguesas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e tornou-se Mestre em Estudos Portugueses com uma tese sobre Florbela Espanca, na Universidade Aberta (1999). Iniciou a sua atividade profissional no Oriente, em Macau, como professor de Português língua não materna. Prosseguiu a sua carreira docente na FLUL; em Turim, na Itália, como Leitor de Português; na Universidade Autónoma de Lisboa – Luís de Camões (1992-2012). Depois de ter vivido em vários países da África Austral, da Ásia e da Europa, assentou raízes nos Açores,
É autor de nove obras poéticas e de nove romances, de entre as quais assinalamos Bento de Goes – uma longa caminhada na Ásia Central; Segredo da Visita Régia aos Açores; Vinte e Sete Cartas de Artemísia, Prémio Literário Natália Correia 2022; Os Pássaros de Dódóia, Prémio Carlos de Oliveira 2025. É editor da N9na Poesia, a única editora açoriana dedicada exclusivamente à poesia.
Prioridades e calendário de execução — Quais são as duas prioridades absolutas do seu mandato para Ponta Delgada e o que fará nos primeiros 100 dias para as pôr em marcha? Para cada prioridade, indique medidas concretas.
Eis as prioridades absolutas que guiarão a acção dos cem primeiros dias.
Por termo à soberba e à insensibilidade que marcaram a actuação do actual executivo camarário e se traduziram numa preocupante ausência de respostas face aos desafios sociais mais urgentes do Concelho. Durante quatro anos, nada foi feito para enfrentar a exclusão social ou para travar a pobreza crescente. O resultado é um Concelho que, em vez de promover dignidade e inclusão, gerou um número descontrolado de pessoas empurradas para a marginalização, abandonadas à sua sorte e sem respostas para as necessidades mais básicas do quotidiano. Na presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada, trabalharei para inverter este cenário, colocando a acção social, a dignidade humana e a justiça no centro da governação. Com políticas de proximidade, reforço dos serviços públicos municipais e uma voz firme junto do Governo Regional, comprometo-me a abrir caminho a um Concelho mais justo, onde ninguém será deixado para trás.
Em articulação com as Juntas de Freguesia, irei incrementar um Programa Municipal de Reabilitação que colocará no mercado social casas já existentes, em vez de ceder ao negócio da especulação.
Criação do Balcão da Habitação, um espaço de resposta imediata, onde qualquer munícipe pode expor os seus problemas e encontrar soluções claras e céleres. Criação imediata de uma rede de transporte que ligue o aeroporto a todos os concelhos da ilha. Fortalecer acções que restituam a sensação de segurança e protecção a todo o Concelho.
Demitirei, imediatamente, a actual equipa responsável pela estratégia de Acção Cultural da CMPDL.
Habitação e ordenamento — Como pretende travar a escalada dos preços da habitação e aumentar a oferta a custos acessíveis sem bloquear investimento? Detalhe as soluções que preconiza referindo se acha que a regulação do Alojamento Local/restrição fazem parte da equação.
Revisitar o PDM com participação cidadã, garantindo equilíbrio entre habitação, serviços, espaços verdes e transportes. Privilegiar a construção pública de habitação e impulsionar a criação de cooperativas de habitação com apoio da Câmara. Estabeleceremos um Observatório Municipal da Habitação, para acompanhar a evolução dos preços e avaliar políticas em tempo real. A CMPDL dinamizará programas municipais de reabilitação urbana, com incentivos fiscais e técnicos, disponibilizando imóveis para arrendamento a preços regulados. O problema do centro de Ponta Delgada não está só no número de Alojamentos Locais. Tem vindo a agudizar-se com a edificação de unidades hoteleiras, em vez da construção de casas para quem delas necessita, bem como a construção do Azores Retail Park, uma área comercial de 42, 8 mil metros quadrados na zona da Grotinha.
A CDU não abandonará os pequenos comerciantes à sua sorte. Propomo-nos apoiar financeiramente o comércio local, recuperar habitação acessível, devolvendo vida às ruas do centro da cidade. Incentivarei o AL nas freguesias rurais. Esta regulação é essencial, mas tem de ser orientada com ponderação, ouvindo as Juntas de Freguesia e os moradores.
Mobilidade — Que rede integrada propõe para transporte colectivo de passageiros? Como fazer a gestão de estacionamento no centro de Ponta Delgada e nas freguesias? Indique se defende a construção de uma Central de Camionagem e em que local?
A CDU defende uma rede integrada de transportes colectivos gratuitos, que ligue o centro de Ponta Delgada às freguesias, e aos outros concelhos, com horários regulares. A gratuitidade dos transportes será assegurada pela taxa turística. Preconizo que a Central de Camionagem fique instalada no parque subterrâneo contíguo ao Parque de Estacionamento da Marginal. Localizar a futura Central de Camionagem dentro da cidade, visa canalizar pessoas para a zona histórica, animando e dando vida à urbe e, por consequência, apoiar o comércio tradicional. Privilegiar o transporte colectivo para e dentro da cidade, bem como a criação de parques periféricos, gratuitos, e urbanas com ligações a toda a cidade.
Economia local, turismo e emprego — Qual é a sua estratégia para dinamizar o comércio de proximidade e diversificar a economia para lá do turismo? Indique medidas para reduzir sazonalidade, apoiar micro e pequenas empresas, promover cultura e eventos âncora.
A CDU propõe uma estratégia de equilíbrio que fortaleça o comércio de proximidade, em todas as 24 freguesias, apoiando os pequenos empresários, financiando-os com a Derrama Municipal, (imposto camarário pago pelas empresas) e crie emprego digno, estável e diversificado.
Reduzir o impacto do turismo significa distribuir de forma equilibrada a presença de visitantes e evitar a concentração apenas nas zonas de maior interesse turístico ou nas épocas de intenso fluxo. Como presidente da Câmara apostarei em eventos de carácter cultural, desportivo e científico que dinamizem todas as freguesias, especialmente as rurais, criando um turismo mais sustentável e inclusivo. Por exemplo, a realização de festivais de música e artes distribuído por todas as freguesias. Torneios desportivos locais. workshops científicos ligados à biodiversidade, ao património natural e ao mar. Isto reduz a pressão sobre outras zonas do Concelho, espalha o benefício económico, fortalece o comércio local e valoriza as comunidades rurais, preservando o território e aumentando a qualidade da experiência turística.
É com coragem, com a força da verdade e com o poder da solidariedade que vamos cuidar para humanizar, trabalhar para transformar.