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A Praia está às moscas?

Há quem jure, com aquele ar de especialista em tragédias, que a Praia da Vitória está às moscas. Repetem a frase com tanta convicção que quase dá para acreditar. Quase. Porque basta levantar os olhos do telemóvel e olhar realmente para a cidade para perceber que o problema não é falta de vida. É falta de atenção mesmo da séria.
Nas últimas semanas, a baía esteve tudo menos quieta. Recebeu etapas mundiais de Formula Kite e de Formula Wing, com mais de uma centena de atletas vindos dos quatro cantos do planeta. Cor, vento, pranchas e bandeiras deram à cidade um ar de postal internacional. E enquanto estas etapas decorriam sobre a água, em terra aconteceu a primeira edição da Victory City Race de ciclismo, só para garantir que ninguém se esquecesse de que movimento é coisa que não falta. Logo depois chegaram os jovens do Formula Kite Youth Worlds, a confirmar que a Praia está firmemente no mapa do desporto náutico mundial. Quem fala em moscas devia tentar contar quantos kites havia no ar e quantas bicicletas passaram a toda a velocidade. Força nisso.
E a energia não ficou a boiar no mar nem a pedalar pelas ruas. O Fontinhas Trail pôs mais de 250 pessoas a correr por trilhos e caminhos, com um misto de festa, suor e aquela lama honesta que prova que o esforço foi real. Quem insiste em dizer que aqui não se passa nada talvez devesse ver as fotografias da meta. Ou participar uma vez para ver se continua a achar o mesmo.
Enquanto uns correm e outros voam sobre a água, a cultura também não fica para trás. O Outono Vivo voltou a encher salas, a trazer escritores, debates e espetáculos como quem cumpre um ritual de qualidade. Já os Concertos Únicos nem deram hipótese a distraídos. Os bilhetes evaporaram em poucas horas. Há cidades maiores que pagavam para ter uma adesão assim. E todas as semanas há novidades no Auditório do Ramo Grande com música, teatro, comédia e artistas que conseguem arrancar gargalhadas bem mais sinceras do que aquelas que se soltam quando alguém tenta convencer que não acontece nada na Praia.
E como a cidade não gosta de ficar quieta, o movimento continua. A época natalícia já está a ser preparada com dois cortejos de Natal, barraquinhas na Praça Francisco Ornelas da Câmara, concertos e a participação das freguesias. A meta é repetir o sucesso do ano passado e criar mais momentos de encontro e orgulho local. Mas claro há sempre quem prefira dizer que não acontece nada. Dá menos trabalho.
Talvez esteja na altura de atualizar o discurso. A Praia mexe e mexe bem. O que não mexe é a velha mania de olhar apenas para o que falta. Há quem viva para encontrar defeitos mas o que se tem visto é trabalho, planeamento e resultados.
Este novo mandato da Câmara começa a mostrar obra feita. Há dinamismo, vontade de fazer diferente e uma intenção clara de ajustar o rumo. Mudar o paradigma não é conversa solta é um processo. E já começou.
A verdade é simples. A cidade não está parada. Está viva, em movimento, a reinventar-se a cada evento e a cada iniciativa. Quem quiser ver moscas verá moscas. Há sempre imaginação para isso. Mas quem quiser ver vida vai encontrá-la por todo o lado nas praias, nas provas, nos palcos e nas praças.
E se ainda houver dúvidas o melhor é mesmo sair de casa e ir ver. Pode ser que afinal descubram que a Praia da Vitória está tudo menos às moscas. Está acordada e pronta para levantar voo.
Carlos Pinheiro

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