O número de teleconsultas no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, mais do que triplicou, devido à situação causada pelo incêndio.
Com efeito, segundo dados revelados ontem pelo SREA, o número de teleconsultas no HDES era de 1.492 no primeiro trimestre (2,6%), passando para 3.804 neste segundo trimestre (7,6%), um aumento de 5%, sem paralelo no restante serviço regional de saúde.
As consequências do incêndio são visíveis no número de consultas no HDES, que passaram de 57.094 no primeiro trimestre para 49.858 no segundo trimestre.
Ala nascente do HDES
abre segunda-feira
A ala nascente do hospital de Ponta Delgada vai abrir com “total segurança” no dia 15 e permitirá desativar o Posto Médico Avançado que funciona no pavilhão gimnodesportivo da Escola Mãe de Deus
A secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, disse no parlamento regional, na cidade da Horta, que o Posto Médico Avançado, uma solução de emergência aplicada no Estado de Calamidade, será desativado com a reabertura da ala nascente do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, que foi atingido por um incêndio no início de maio.
“Já tive oportunidade de dizer. Era expectável que, se estivessem reunidas as condições de segurança, a ala nascente tivesse aberto no dia 1 de julho”, afirmou Mónica Seidi.
A titular da pasta da saúde esclareceu que isso não aconteceu porque as condições de segurança não estavam reunidas e devido ao relatório da Ordem dos Engenheiros que apontou algumas debilidades.
Assim, referiu que o executivo regional está a “preparar a ala nascente [do HDES] para desativar o Posto Médico Avançado e essa ala nascente abrir com total segurança no próximo dia 15 de julho”.
“É esse o nosso papel. Enquanto não houver segurança… eu não abdico desta mesma qualidade para devolver também segurança aos profissionais de saúde e aos utentes que lá estarão, porque até agora nós tivemos áreas de circulação a funcionar no hospital em que os doentes não pernoitavam”, explicou.
Segundo Mónica Seidi, com a abertura da ala nascente do HDES, “com a implementação de cerca de 200 camas de internamento”, estará “uma quantidade significativa de doentes naquele espaço”.
“Portanto, os nossos critérios terão de ser ainda mais apertados e mais rigorosos”, acrescentou.
“Já reunimos com o Serviço Regional de Proteção Civil, já trouxemos cá [a São Miguel], por duas vezes, o diretor de serviços do Hospital de Santa Maria, e temos um plano definido para aquela estrutura, porque, efetivamente, as condições de segurança preocupam este Governo e não abdicaremos das mesmas”, garantiu.
PSD pede que não se
faça alarmismo com HDES
A bancada do PSD no parlamento dos Açores pediu que não sejam criados alarmismos na população em matéria de saúde devido ao incêndio no hospital de Ponta Delgada, considerando que estão a ser dadas respostas.
“Temos dado as respostas. Está tudo preparado para acudir a quem necessita”, disse a deputada social-democrata Délia Melo.
O deputado do BE, António Lima, defendeu que “é preciso reabrir em pleno o HDES para garantir o acesso à saúde”, dado que, neste momento, “está fortemente condicionado”.
Já José Pacheco (Chega) admitiu que a saúde nos Açores “é caótica, é um caos”: “Não se resolve, não melhora, adia-se, remenda-se, mas, simplesmente, não se encontram soluções”.
Por sua vez, Nuno Barata (IL), disse temer que aquilo que aconteceu “tenha sido o corolário de um conjunto de medidas de prevenção, de manutenção de equipamentos, que não foi feito ao longo dos tempos”.
Pedro Neves (PAN) alertou que o partido não iria estar a esmiuçar relatórios sobre o incêndio e considerou que é preciso fazer uma “política de construção”.
Já a deputada Catarina Cabeceiras (CDS-PP) disse que após o incêndio no HDES, o foco do Governo Regional tem sido “dar a resposta que é necessária” a curto prazo e estabelecer “alguma normalidade” nos cuidados de saúde prestados aos açorianos.
João Mendonça (PPM) destacou a transparência com que a secretária regional da Saúde geriu a situação: “Desde o início foram fornecidas informações, claras e regulares à população sobre o progresso das investigações e as medidas tomadas”.
A fechar o debate, a socialista Andreia Cardoso afirmou que o partido defende “a prestação de cuidados de saúde em segurança, com dignidade e em tempo útil”, e que sejam “alocados todos os recursos humanos, técnicos e financeiros” para a total recuperação do HDES.