O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, defendeu, no Centro Natália Correia, que a criação do Prémio Literário Vitorino Nemésio vem honrar o legado cultural e património linguístico deixados pelo escritor açoriano.
“O ‘Prémio Literário Vitorino Nemésio’ aprovado em Setembro passado pelo parlamento dos Açores faz a justa homenagem ao escritor e pensador açoriano, bem como ao seu pendor universalista, legado pelo escritor à Região e ao País, através do seu pensamento filosófico desassombrado e humanista”, frisou o autarca.
Pedro Nascimento Cabral falava na sessão de apresentação do Prémio Literário Vitorino Nemésio, que foi proposto e instituído pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA).
Para o autarca, o prémio projecta a escrita e a obra de Vitorino Nemésio “a nível nacional, revestindo-se ainda de especial relevância pelo contributo que presta à divulgação da literatura e de um dos seus maiores vultos.
“Além de prestigiar o mérito daquele que foi um grande açoriano, português e universalista, este prémio dá um enorme contributo para a divulgação da literatura e de um dos seus maiores, mas, também, adiciona, a nosso ver, uma importante vertente para o conhecimento da cultura e da história dos Açores, consubstanciada na palavra ‘açorianidade’”, reforçou.
Pedro Nascimento Cabral alicerçou-se justamente na palavra “açorianidade” – termo cunhado por Vitorino Nemésio – para, depois, salientar a importância de se desenvolverem acções que valorizem a a identidade cultural do povo açoriano.
“A instituição deste prémio, ao destacar Vitorino Nemésio e o seu pensamento, enaltece, também, a importância de valorizarmos a nossa idiossincrasia, esta nossa açorianidade que, hoje, faz por envolver toda uma cultura que é matriz identitária de sermos um povo que há quase 600 anos optou por ficar aqui, a meio do Atlântico Norte, e se aventurou por meio de tempestades, vulcões e terramotos, sem hesitar em moldar, bem ao seu jeito, uma forma muito própria ‘de ser e de estar’, seja mergulhada na nossa dimensão arquipelágica, ou no vão pela imensidão da nossa diáspora, que a transporta para qualquer parte do mundo, onde vá e se radique. Insisto, onde existe uma bandeira do Divino Espírito Santo ou um Registo do Senhor Santo Cristo dos Milagres está sempre presente uma alma açoriana”, realçou.
O Presidente do Município defendeu, a esse propósito, que é importante que os decisores políticos e os agentes culturais continuem a homenagear e a enaltecer as suas “referências maiores”, de forma a que “os jovens e menos jovens entendam o que somos e o que nos fez chegar até aqui, e onde, ainda mais, poderemos ir”.
Para projectar “a nossa identidade no país e no mundo”, Pedro Nascimento Cabral lembrou que, no espaço de dois anos, a Câmara Municipal de Ponta Delgada promoveu um ciclo de homenagens que “celebrou Gaspar Frutuoso, Teófilo Braga e Natália Correia”, entre outros protagonistas que enriqueceram a história açoriana.
Além do Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, a sessão de apresentação do Prémio Vitorino Nemésio teve a participação do Presidente da ALRAA, Luís Garcia, do Presidente do Júri, Eduardo Ferraz da Rosa, e da curadora do prémio, Manuela Bulcão.
O Prémio Literário Vitorino Nemésio visa homenagear o legado do prestigiado escritor açoriano e incentivar a produção literária nos Açores, em todo o país, junto das comunidades e, igualmente, nos países de língua oficial portuguesa.
Com periodicidade anual, o prémio garante ao vencedor um valor pecuniário de 2 500,00 euros, bem como a publicação de até 300 exemplares da obra.
Vitorino Nemésio nasceu a 19 de Dezembro de 1901, na ilha Terceira, e faleceu em 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa. Notabilizou-se enquanto escritor, poeta, cronista, ensaísta e professor, sendo também lembrado pelas reflexões e estilo único com que conduziu o programa ‘Se bem me lembro’.