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Empresários da Terceira alertam para os perigos de um “monociclo económico do turismo”

Face aos recentes dados conhecidos sobre a atividade económica regional, a Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) reafirmou ontem, em comunicado, que, “apesar do turismo estar a alavancar a economia açoriana, o que é positivo, devemos evitar entrar num novo monociclo económico, que acabará por gerador de desequilíbrios sociais”.
“Congratulamo-nos que o PIB regional, relativo a 2023, tenha crescido 3,4%, valor acima da média nacional. Porém, temos a noção de que este crescimento se deve exclusivamente à atividade turística”, afirma o organismo presidido por Marcos Couto.
A CCIAH entende que estes indicadores “devem servir de reflexão e levar o Governo Regional a adotar políticas que visem a diversificação e abertura ao exterior da economia. Em relação ao turismo, é essencial apostar na qualificação e na valorização do destino, colocando-o num patamar altamente diferenciador e acima de destinos cujas sociedades tendem a ser mais pobres”.
E alerta: “Não podemos esquecer que o turismo se associa a territórios onde os índices de pobreza são elevados. Esta não é uma realidade exclusiva dos Açores, que têm mais de 25% dos açorianos a viver em situação de pobreza. É transversal a regiões turísticas europeias como o Algarve, a Madeira, as Canárias ou a Sicília”.
Nesse sentido, “inverter essa tendência passa, também, por criar condições para que tenhamos mão-de-obra mais qualificada e capacitada, e, por conseguinte, com melhores salários”.
Para a CCIAH “o turismo não pode assentar em baixos salários, pelo que a elevação da qualidade do destino é fundamental. Os Açores não podem ser um destino low-cost”.
“Conforme já defendemos anteriormente, a qualificação do nosso destino deveria ter sido impulsionada pela implementação de uma taxa de sustentabilidade regional, que permitiria que a receita obtida fosse canalizada para a melhoria das infraestruturas e espaços turísticos, assim como para a preservação ambiental. A verdade é que o turismo cresceu, mas as infraestruturas mantiveram-se as mesmas, resultando na diminuição da qualidade. A oportunidade foi perdida e a CCIAH foi lamentavelmente ignorada”, acrescenta.
Por outro lado, segundo os empresários terceirenses, “embora tenhamos já tenhamos sido distinguidos múltiplas vezes com prémios que assinalam os Açores como destino sustentável e de natureza, do ponto de vista prático, continuamos a marcar passo, e sem saber como, internacionalmente, capitalizar essas distinções de forma a gerar valor acrescentado para o setor e para a economia açoriana”.
Para a CCIAH “é claro que entrar num novo monociclo económico, desta vez alicerçado no turismo, não tem qualquer vantagem, e lança desafios que merecem grande reflexão e soluções. Sem diabolizar o turismo, teremos sempre de pensar para além do que esta atividade pode oferecer e promover uma autêntica diversificação da economia que deverá considerar outras três áreas estratégicas para o nosso desenvolvimento: a economia digital, cujo potencial permanece por explorar; a agropecuária e agroindústria; e a economia do mar. Precisamos de tirar partido destes setores para que o nosso PIB cresça de forma sustentável e sem dependências de uma única atividade”.

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