“Quando se promete tudo de graça a todos, acabamos todos sem nada pagando tudo”
Em cada ciclo eleitoral, e aparentemente o das autárquicas já se iniciou, assistimos ao desfile de promessas feitas pelos mais variados partidos e candidatos, muitas vezes repletas de um único denominador comum: é grátis. Mas o que se apresenta como um presente generoso para o eleitorado esconde um preço alto que todos, sem exceção, acabam por pagar.
Quando um político promete gratuitidade – seja em serviços, apoios, ou infraestruturas – é importante lembrar que o dinheiro para financiar tais medidas não nasce de uma árvore. Ele é retirado dos impostos pagos pela população, das empresas e da economia como um todo. E quanto mais prometem dar, mais pesado se torna o sistema. As verdadeiras vítimas de tais promessas acabam por ser aqueles que produzem, trabalham e empreendem, sufocados por uma carga fiscal exorbitante. Resumindo, o que é “dado de graça” pelo político são apenas algemas com embrulho.
Para agravar a situação, muitas vezes estas promessas exageram na intenção de agradar a todos, mas ignoram a sustentabilidade económica e a complexidade das soluções e, por consequência, comprometem o futuro, colocando um peso nos ombros das futuras gerações que não tiveram sequer a oportunidade de decidir ou tão pouco de se manifestar sobre o tema.
As promessas fáceis têm outra faceta perversa: estimulam a dependência em relação ao Estado. Quando tudo parece estar ao alcance com uma assinatura ou um subsídio, inibe-se o espírito empreendedor e a capacidade de criação de riqueza. Quem paga o preço dessa cultura do “grátis” é a sociedade como um todo, condenada a um crescimento estagnado e à ausência de inovação.
Quando é que rompemos com este ciclo perverso? Políticas que estimulam a liberdade económica, reduzem a burocracia e promovem a responsabilidade individual podem trazer muito mais prosperidade do que qualquer promessa de “oferta gratuita”. A verdadeira riqueza nasce quando as pessoas são livres para investir, construir e crescer sem serem sobrecarregadas pela intervenção excessiva do Estado.
Cabe ao eleitor olhar além das palavras e exigir propostas concretas, sustentáveis e alinhadas com os princípios de uma economia que privilegia o esforço e a criação de valor. Não é fácil resistir ao encanto das promessas gratuitas, mas apenas assumindo esta postura é que se poderá construir uma sociedade realmente livre, onde o progresso não dependa da boa vontade do poder público, mas da iniciativa de cada cidadão.
Grátis? Que fiquem só as promessas, porque os resultados dependem de trabalho, dedicação e liberdade para criar. É fácil, eficaz e Liberal.
Hugo Almeida *
- Gestor Operacional e Coordenador Iniciativa Liberal Açores