Edit Template

Uma nova SATA?

A Azores Airlines é um caso perdido.
As contas do terceiro trimestre é o acumular de um desastre mais do que anunciado.
Não vale a pena continuarmos a pôr paninhos quentes, a iludir os açorianos e a alimentar uma esperança ilusória, porque a única porta é a venda da companhia ou o seu encerramento.
Custa muito, mas é o resultado de tantos anos desastrosos, devido à ambição da política e dos políticos, que levaram à ruína da SATA.
Nada disto é novo.
O que é novo, sinceramente, é a vontade e a reconhecida motivação da actual administração da empresa – provavelmente com alguma ingenuidade à mistura – em querer recuperar a Azores Airlines e a empresa no seu todo.
Foi surpreendente a atitude da equipa de Rui Coutinho em pôr as cartas na mesa, esta semana, reunindo a comunicação social e abrindo o jogo para que não hajam dúvidas e especulações sobre como a empresa se encontra e está a ser gerida.
Não me recordo de alguma administração ter sido tão aberta e tão sincera sobre os seus propósitos.
As anteriores, recentes, fechavam-se nos seus gabinetes e não prestavam contas abertas, a não ser os comunicados arrancados a ferros e com informação muito seleccionada.
A equipa de Rui Coutinho age de modo diferente, por uma razão simples que sempre defendemos há longo tempo: quem é de cá, quem sente na pele o valor que atribuímos à SATA, é que sabe o que custa ver como a empresa se encontra e o destino que vamos ter que dar a ela.
Finalmente houve a coragem de cortar com rotas deficitárias, mesmo aquelas que alguns políticos as tinham imposto, vão-se acabar com algumas mordomias internas e desta vez há sinais de avançar mesmo com a reestruturação.
É um compromisso sem retorno, até porque sabemos que esta administração, quando tomou posse em Julho, foi confrontada com um problema de tesouraria, correndo o risco de não pagar salários no mês seguinte.
Foi preciso um périplo urgente pelos bancos, até encontrar um que acreditasse no Plano de Sustentabilidade e no compromisso dos seus administradores em levar a reestruturação da empresa para a frente.
Não é por acaso que um dos administradores já foi Secretário de Estado do Tesouro e Finanças e um outro, da casa, é perito em Gestão de Receita.
Rui Coutinho e a sua equipa têm sido uma boa surpresa, como ainda esta semana salientou o Sindicato dos Pilotos.
Ainda é muito cedo para tirar conclusões da actual gestão, mas acabar com rotas sem sentido, cortar nos ACMI’s, reforçar as rotas que servem os Açores e os açorianos, adquirir um novo Dash para operar no Verão, acabar com muitas facilidades abusivas internas e outras medidas de poupança, já é um começo.
Haverá, ainda, muito mais a fazer, que não será possível, porque o tempo é curto até ao prazo final da privatização, mas, pelo menos, há uma estratégia, há vontade e uma orientação diferente no relacionamento com a população, no que toca a prestar contas.
Fossem todas as empresas públicas assim, mesmo aquelas que dizem “dar lucro”, que se fecham em copas, nos confortáveis gabinetes, escusando-se à transparência das contas.
Vamos perder a Azores Airlines, seremos chamados a pagar centenas de milhões de euros pelas asneiras dos políticos ao longo destes anos, mas ao menos que se mantenha a nossa fundadora Air Açores, que não seja mais contaminada pela ganância dos políticos e que perdure nos céus das nossas ilhas por tempos infindáveis.
Acima de tudo, com a dignidade açoriana, como nos tempos dos seus fundadores.
Coisa que os políticos que afundaram a empresa não sabem o que é, mas que ficarão na memória de quem não esquece.
O povo não é tonto.

Costa Neves

Costa Neves foi a mais bonita surpresa política do início deste novo ano.
Homem íntegro, profundamente humanista e açoriano de quatro costados, que já se julgava na reforma por inteiro, eis que é chamado para um cargo de enorme responsabilidade para o Governo da República.
A sua credibilidade e o seu currículo político não foram esquecidos, a que se juntou a forte ligação a Leitão Amaro, pelo que, agora, só se espera que os Açores saibam aproveitá-lo como ponta de lança em S. Bento, onde pairam alguns dossiers encalhados, desde a governação anterior.
Costa Neves vai ter à sua conta toda a reforma da administração central, o que não é pouco.
Saibamos segui-lo, porque a necessidade também é enorme na reforma da administração regional.

Osvaldo Cabral
[email protected]

Edit Template
Notícias Recentes
Câmara Municipal de Ponta Delgada arranca com repavimentação da Avenida 6 de Janeiro na freguesia da Covoada
Escola Secundária da Ribeira Grande distingue melhores alunos
Mais de uma centena de cursos previstos para 2025 no campo da formação agrícola
Parlamento aprova anteproposta para isenção do pagamento de direitos de partituras
Este ano vamos ter 200 escalas de navios cruzeiros
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores