“A capacidade de aprender da I.A. torna-a capaz de assimilar todo a evolução da Humanidade centrando em si mesma o conhecimento que nenhum ser humano alcançaria. Digamos que, tal como Hegel a entende, o progresso depende dos grandes homens, mas estes não estão conscientes de que são usados através das suas paixões.”
“A ave de Minerva levanta voo ao anoitecer” George Friedrich Hegel (1770-1831) Nesta afirmação o filósofo, Hegel (1770-1831), considera que a filosofia só surge no final de uma etapa do espirito como foi a sua. Trata-se do espírito enquanto conceito que se concebe a si mesmo. Cada homem só existe na História. Ninguém ultrapassa o seu próprio tempo.
A Razão move a História de modo dialéctico com uma astúcia que faz dos grandes homens um meio para surgir uma nova etapa da libertação do Espírito.
A filosofia é o último conhecimento humano
Se Hegel admirou Napoleão ao chegar as Iena em 1807. Vi o Espírito do mundo a cavalo. Naquele momento representava uma etapa da liberdade. Ao atraiçoar o direito não podia continuar e o espírito deixou de estar do seu lado. Desapareceu da História, Os grandes homens não passam de uma etapa da caminhada do Espírito para a liberdade.
Hegel, nos nossos dias, olharia para os grandes avanços da ciência e da I. A. como uma nova etapa do Espírito. A Ideia Absoluta actualiza-se na História e esta é, tal como a Natureza, a forma das manifestações do Absoluto.
Entre os grandes homens da História, em função da sua acção no espaço e no tempo, será Elon Musk, (1971-) o homem mais rico do mundo, o mais ambicioso em termos universais, quem se apresenta como o que mais progresso parece dar à História. Para além da “figura” que está do lado do direito, realiza-se nova etapa do Espírito que a todos abandona depois que se efectiva. O Espírito revela-se na multiplicidade das possibilidades no mundo de hoje. O conhecimento e a ambição de Musk descobrem uma ambição de “dominar o mundo” numa nova etapa do Espírito. É uma das suas aspirações que o homem atinja o planeta Marte, que tenha boas energias renováveis e uma I.A. que domine todo o planeta. Atento a velocidade da mudança Musk mostra o desabamento deste mundo antigo com uma revelação de um progresso do Espírito. O meio que usa é a economia, mas o espírito manifesta-se nas suas realizações subjectivas que se objectivam de modo universal. Algo muito grande e desconhecido está em marcha. Nunca tivemos uma era de descobertas e horizontes tão vastos como esta. Não se trata de uma revolução europeia nem americana, mas abarcando o universal. Sob esta noção está o Espírito da liberdade da Razão. Agora não se trata da Razão num ser humano, mas uma nova etapa de um espírito universal que pode ser incorporado na I.A. com todos os seus riscos e contradições de ser um conhecimento sem consciência. A isto muito temia Rabelais ao referir-se à Ciência sem consciência é apenas ruína da alma” e como acontece em Yuval Noah Harari (2023 Nexus – o conhecimento da Idade da Pedra até à IA.) que reconhece não haver consciência na IA.
A capacidade de aprender da I.A. torna-a capaz de assimilar todo a evolução da Humanidade centrando em si mesma o conhecimento que nenhum ser humano alcançaria. Digamos que, tal como Hegel a entende, o progresso depende dos grandes homens, mas estes não estão conscientes de que são usados através das suas paixões. Depois de ultrapassar uma etapa o espirito abandona à sua subjectividade uma forma de não ser que se integra na nova etapa da caminhada do Espírito. É a síntese que prepara nova tese.
A primeira etapa do Espírito coloca todos os homens sob a vontade de um só. Há aí um desconhecimento do processo da liberdade. A segunda etapa é da unidade do espírito em que só alguns homens são livres. A terceira etapa daria a liberdade num novo mundo de ideias. O espírito de um povo manifesta-se nos seus governantes pois cada povo “tem o governo que merece” porque corresponde a uma etapa da subjectividade do Espírito que se liberta. Cada povo é um espírito particular. A. I.A. surge como uma ordem nova. Traz o conhecimento a um nível objectivo sem consciência de si. Não podemos pensar no futuro porque a Ideia na etapa superior não se manifestou. O devir nunca foi tão veloz como se manifesta agora. Mas não podemos ultrapassar o Espírito do nosso próprio tempo. Hegel vê nas guerras o progresso da Ideia. Assim os tempos felizes são as páginas em branco da história” e o progresso dá-se pela luta entre um passado que se desfaz e um futuro que quer surgir. No palco da História os homens tornam-se meras figuras, nenhum atinge senão uma etapa que o progresso pelo devir constante, ultrapassará. Agora a realidade atinge um novo conhecimento no homem por intermédio da IA e caminha para a universalidade.
A possibilidade do homem atingir um conhecimento consciente ou inconsciente depende da forma como compreender a I.A como um risco, medo, ou uma aposta. Os dados estão lançados.
Lúcia Simas