O PS/Açores vai avançar com uma comissão parlamentar de inquérito devido ao “caos” no setor da saúde e às medidas implementadas pelo Governo Regional após o incêndio no Hospital de Ponta Delgada, foi ontem revelado.
Segundo avançou fonte oficial do partido, o PS/Açores pretende “apurar responsabilidades” pela situação da saúde na região, denunciando “falta de respostas” aos utentes, “conflitos” entre as administrações hospitalares e a “incompetência” da secretária da Saúde do executivo açoriano para “resolver a situação”.
Em 22 de janeiro, o jornal Diário Insular avançou que a administração do Hospital Divino Espírito Santo (HDES) de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, enviou uma carta à administração do hospital da ilha Terceira a criticar a instalação do serviço de hemodinâmica na unidade terceirense, defendendo a concentração da valência em São Miguel.
Fonte do PS/Açores realçou que a comissão de inquérito pretende averiguar as medidas implementadas após o incêndio de 4 de maio de 2024 no HDES, na sequência das críticas à construção de uma infraestrutura modular por parte de um antigo administrador daquele hospital.
A mesma fonte detalhou que os socialistas estão a contactar as restantes forças políticas na Assembleia Regional, apesar de o partido poder criar a comissão de inquérito de forma unilateral com recurso ao direito potestativo.
O ex-administrador do HDES António Vasco Viveiros criticou na quarta-feira a opção do Governo dos Açores pela construção de um hospital modular, defendendo, em alternativa, a recuperação daquela unidade de saúde, a maior dos Açores.
“Como era possível recuperar o hospital, e nós tínhamos consciência disso, é evidente que sempre tive dúvidas técnicas relativamente à opção do modular”, explicou durante uma audição parlamentar o ex-administrador, que já foi deputado ao parlamento açoriano pelo PSD e que foi nomeado pelo executivo de coligação para vogal do conselho de administração do HDES dias após o incêndio de 04 de maio de 2024.
Chega quer debate de urgência
O Grupo Parlamentar do Chega Açores marcou um debate de urgência, já na sessão plenária de Fevereiro na Assembleia Legislativa Regional, sobre o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
Os parlamentares entendem que é necessário esclarecer toda a situação envolvendo as decisões tomadas após o incêndio que deflagrou no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), a 4 de Maio de 2024, que levaram à instalação do hospital modular.
Para o líder parlamentar do Chega, José Pacheco, é preciso esclarecer toda a situação, uma vez que a instalação do hospital modular foi criticada, em comissão parlamentar, por um membro do anterior Administração do HDES que afirmou que em Agosto era possível ter o hospital a funcionar tal como antes do incêndio.
“Não podemos andar a brincar com um assunto tão sério. Os açorianos viram as suas consultas, os seus exames, os seus diagnósticos, serem adiados porque, supostamente, o Hospital precisava de obras e não era fácil recuperar os danos. Afinal, parece que era possível reabrir o Hospital em Agosto passado, sem necessidade de se gastar milhões de euros num hospital modular e no seu equipamento. É preciso esclarecer tudo isto”, refere José Pacheco.
Para o parlamentar “também é muito grave que uma decisão de avançar para uma solução modular não tenha sido discutida com o Conselho de Administração e tenha sido, aparentemente, imposta pela Direcção Clínica e pela tutela. E não nos podemos esquecer que a Direcção Clínica era liderada pela actual Presidente do Conselho de Administração. Há muita coisa que precisa de ser bem esclarecida”.