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Este país não é de direita

Não sei se é quebranto, magia negra, ou qualquer outra maldição lançada por um guru dessas artes, mas há uma coisa que sei: o PSD nacional tem, desde há muito, um problema com as lideranças.
Depois de Aníbal Cavaco Silva, que na década de 80 e 90 do século XX manteve uma longa liderança, o PSD não foi capaz de ter um líder que se perpetuasse por mais de meia dúzia de anos à frente do partido.
Recordemos José Durão Barroso, que, por desafio profissional ou ambição pessoal, deixou os destinos do governo português para rumar a Bruxelas, tendo entrado para o seu lugar Pedro Santana Lopes, que de igual forma não chegou a aquecer o lugar de líder do partido e de primeiro-ministro.
Anos mais tarde, na ressaca de José Sócrates, quando não parecia difícil para a direita produzir um líder com carisma e impacto junto dos eleitores, surgiu Pedro Passos Coelho, cujo perfil tecnocrata superou o lado humano, tão caro à social-democracia, hipotecando o futuro ao levar ao extremo a austeridade excessiva da troika, trazida, recorde-se, pelo socialista Sócrates.
Seguiram-se os anos dourados de António Costa, que aproveitou para gerir o legado deixado por Pedro Passos. Durante esses anos surgiram casos muito graves do ponto de vista da gestão da coisa pública e interesses privados, o que culminou com a saída de Costa e a realização (novamente) de eleições antecipadas. Surge depois um novo líder da direita moderada. Luís Montenegro parecia vir para ficar: um líder de espectro largo e promissor, desligado do passado, reformista como o país precisava, seriamente comprometido com as políticas de que o país necessitava. Tornou-se vítima – ou não? – do seu próprio descuido, e não tanto da desonestidade.
Escrevi há uma semana que Luís Montenegro tem governado o país dentro dos limites da decência. Mantenho todas as palavras. Mas não posso deixar de dizer que deveria ter tomado outra decisão relativamente à empresa familiar de que tanto se fala. Resta-lhe escrutinar tudo até à última consequência e, mesmo assim, recandidatar-se ao cargo que tem ocupado com parcimónia e equilíbrio como há muito se não via: dialogante, moderado e competente, e com ideias de futuro para o desenvolvimento do país.
Se for para eleições, espero que o país tenha o bom senso de o reeleger.

Luís Soares Almeida*

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