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Eleições absurdas

Tudo o que Portugal precisava, com eleições autárquicas em setembro/outubro, presidenciais em janeiro 2026 e uma situação internacional explosiva e imprevisível, era de eleições legislativas em maio próximo. Sobretudo com a queda de um governo com um ano de existência.
Os deuses devem, mesmo, estar loucos.
Numa inusitada e bizarra sessão da Assembleia da República, os políticos vieram, mais uma vez, pôr em causa a sua credibilidade perante o cidadão comum, dando um salto para o desconhecido. Pondo em saldo uma putativa comissão de inquérito e demostrando uma lamentável falta de respeito institucional.
De em lado um governo e um partido que queriam/não-queriam eleições antecipadas apresentando um voto de confiança inexplicável (e de alto risco) e de outro um partido que, depois de viabilizar em diversas ocasiões o governo transformou uma intenção de voto passada num dogma intransponível. Como se a abstenção de apoio se tratasse e não, simplesmente, de (mais) uma viabilização.
Quando, o senso comum, ditaria que nem o governo propusesse uma intempestiva moção de confiança nem o maior partido da oposição contra ela votasse, mantendo este intacta a sua decisão de promover a comissão parlamentar de inquérito nos devido termos regimentais e mantendo-se aquele em funções, suportado na mantra de que quem não deve não teme.
Tendo o governo usufruído da derrota de duas moções de censura, poderia ter optado por não apresentar uma moção de confiança, mas insistiu em fazê-lo, teimando levá-la a votos para depois se enredar numa negociação atabalhoada e condenada ao fracasso e demostrando medo pelo escrutínio.
O maior partido da oposição preferiu agarrar-se a um dogma, deixando da mão um verdadeiro xeque-mate ao governo que, indubitavelmente seria uma abstenção que o mantivesse em funções, mas com uma nuvem negra pairando sobre a cabeça do primeiro-ministro: a comissão parlamentar de inquérito.
Faltou, claramente, um adulto na sala.
E agora, como afirmou um conhecido jornalista da nossa praça, teremos “um caminho penoso de lavagem de roupa suja sobre quem é mais sério na política nacional”. Porque tendo em conta que apenas um ano passou sobre a tomada de posse deste governo poucas inovações programáticas e doutrinais haverá, restando, no essencial, julgamentos de caracter e seriedade.
Uma crise política de grande instabilidade, com um desfecho que ninguém consegue prever, numa altura em que deveríamos esta a participar, de forma bem activa, na vida desta Europa que enfrenta os maiores desafios desde a segunda guerra mundial. Mas, ao invés, entretermo-nos a deitar pedras no caminho das importantes eleições autárquicas e, mesmo, das presidenciais.
Por último, e não menos importante, iremos promover mais uma campanha eleitoral que, com grande probabilidade, se vai cifrar num aumento da abstenção e da descrença dos eleitores nos políticos e na política.

Antonio Simas Santos

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