O tema da semana: nova medicação para perder peso
O novo medicamento para perder peso da “Novo Nordisk” ajudou os pacientes a perder ainda mais peso, em média, do que os já existentes. O medicamento da empresa, conhecido como “amycretin”, ajudou os pacientes a perder mais de 24% do seu peso, superior à melhor média actual de cerca de 17%.
O novo tratamento foi administrado como uma injecção (semanal) e um comprimido (diário), com resultados, mostrando que os efeitos colaterais estavam alinhados com outros medicamentos para a obesidade. Os pacientes que tomaram a injeção de “amycretin” perderam uma média de 24,3% do seu peso, ao longo de 36 semanas de tratamento, enquanto que os que tomaram o comprimido perderam até 13,1% em 12 semanas. Os dados foram publicados no Lancet.
A Novo Nordisk anunciou entretanto que os resultados completos de um estudo com uma vacina contra a obesidade, de última geração, CagriSema, mostraram que o seu perfil de segurança é comparável ao de medicamentos já no mercado. A empresa afirmou que um baixo número de pacientes abandonou o estudo devido a efeitos adversos, principalmente gastrointestinais, transitórios e de gravidade leve a moderada.
São, indubitavelmente, boas notícias para quem pretende emagrecer. Quaisquer custos com esta medicação são muito menores do que os custos para os Sistemas de Saúde, com as consequências da Obesidade.
A homenagem da semana: a Israel
Todos nos recordamos do sucesso de Israel, quando se tornou o líder mundial na vacinação anti-COVID, por um lado por ser um exemplo de um sistema de saúde digitalizado com “reputação de eficiência e colheita de dados confiáveis”, por outro graças a um governo centralizado, hábil em desenvolver uma campanha tão difícil quanto aquela.
O sistema de saúde de Israel é reconhecido mundialmente pela sua eficiência, cobertura universal e alto nível tecnológico.
Israel possui um “sistema público universal”, em que cada cidadão ou residente permanente tem direito a cobertura de saúde, garantida por Lei desde 1995. O sistema é financiado por “impostos gerais”, um imposto específico para a saúde e contribuições dos próprios segurados. O governo também destina verbas anuais para investigação médica.
Existem quatro principais “convenções na saúde” (Kupot Cholim): Clalit, Maccabi, Meuhedet e Leumit. Cada cidadão deve-se inscrever numa delas, que oferece um plano básico obrigatório, cobrindo cuidados primários, hospitalares, especializados, saúde mental, maternidade e medicamentos essenciais.
As convenções funcionam como uma “parceria público-privada”: são financiadas e reguladas pelo governo, mas possuem autonomia de gestão.
Na prática os cidadãos têm liberdade para escolher entre as quatro seguradoras, podendo mudar anualmente. Além do plano básico, é possível contratar “seguros de saúde privados”, que cobrem serviços não incluídos, como medicina dentária e terapêuticas paralelas. Os Hospitais privados oferecem menos tempo de espera e, geralmente, maior conforto.
Certos grupos (soldados, estrangeiros, turistas) têm regras específicas: os militares são cobertos directamente pelo exército; os turistas e residentes temporários têm de contratar seguros privados.
Israel destaca-se mundialmente pelos avanços médicos, tecnologia hospitalar de ponta e profissionais altamente qualificados. Os hospitais israelitas têm certificações internacionais de qualidade. O sistema garante cobertura universal mesmo em situações desafiantes, como pandemias.
O sistema, apesar de muito eficiente, enfrenta os desafios típicos dos sistemas universais, como listas de espera para procedimentos especializados e pressão orçamental em tempos de crise. Porém, Israel demonstra como é possível combinar cobertura universal com tecnologia de ponta, e boa gestão pública e privada. E, isto merece indubitavelmente destaque, quando lidamos com realidades onde tal não sucede.
Mário Freitas*
- Médico, Coordenador Regional da Saúde Pública dos Açores